A interpretação de decisões judiciais é uma tarefa essencial no dia a dia do operador do Direito. Para realizar o seu trabalho, é necessário que os diferentes profissionais da área jurídica possam analisar, compreender e responder as decisões judiciais. Assim, é importante saber termos técnicos e jurídicos que comumente são utilizados no dia a dia forense, mas que, muitas vezes, não são usuais no vocabulário ordinário.
Acompanhe a situação a seguir:Você é um advogado pleno
que trabalha em um escritório de
advocacia que atua em diversas áreas
do Direito, como Civil, Empresarial, do
Trabalho, Tributário e de Familia. Você
atua principalmente nas ações de
execução e de cumprimento de
sentença e conta com dois estagiários,
que auxiliam em peças de pouca
complexidade, idas a foruns, cartórios,
entre outras atividades.Você repassa a eles alguns prazos
para que eles possam cumpri-los e
protocolar as pecas necessárias para o
cumprimento desses prazos. Uma das
decisões analisadas é um despacho
proferido pelo juiz da segunda vara
cível da comarca de sua cidade, em
que tramita uma ação de execução de
honorários advocatícios. Nela, o juiz
intima o exequente a solicitar o que
entender de direito, no prazo ce 15 dias,
sob pena de arquivamento do processo,
uma vez que a passou o prazo legal
para o pagamento voluntario do debito.O estagiário que trabalha no escritório há duas semanas recebeu essa
decisão para cumprimento do prazo e fez uma petição diversa, na qual
solicita a realização de pesquisa na plataforma que conecta o Poder
Judiciário às instituições financeiras por meio do Banco Central do Brasil
(Bacen): o Bacen Jud.
Contudo, na peça elaborada por
ele, foi utilizada erroneamente a
expressão penhor, em vez de
penhora. Como se tratava de uma
peça com pouca complexidade, ela
não foi revisada, sendo protocolada
com esse erro de vocabulário. Assim,
o juiz, ao receber essa peça, indeferiu
o pedido de penhor de valores.Diante dessa decisão judicial, você percebe o equívoco do estagiário
e explica a ele a diferença entre esses dois termos jurídicos, pois,
devido a essa confusão, foi perdido tempo. O juiz indeferiu a pedido de
penhora e concedeu mais prazo para que o exequente solicitasse a que
era de seu direita.Considerando esse contexto, responda:
a) Como você explicaria ao estagiário a diferença entre os termos jurídicos “penhor” e “penhora”?
b) Se o pedido tivesse sido feito corretamente, e o juiz indeferisse o pedido de penhora em seu despacho, caberia a interposição de algum recurso?
a) A expressão “penhor” vem do latim pignus; assim, o credor garantido por penhor se denomina “credor pignoratício”, e aquele que prestou a garantia é chamado de “devedor pignoratício”. O penhor é um dos direitos reais de garantia, juntamente com hipoteca, anticrese e alienação fiduciária. É comumente usado para assegurar o cumprimento de uma obrigação. No penhor, em regra, atribui-se ao credor a posse de um bem móvel do devedor, que lhe será devolvido após o adimplemento da prestação a que se obrigou. A expressão penhora significa a apreensão de bens do devedor, por força judicial, a fim de que sejam dele desapossados e então seja pago o débito em execução, satisfazendo, assim, o credor. Dessa forma, os bens penhorados podem ser adjudicados pelo credor, podem ser alienados por iniciativa particular ou podem ser alienados por leiloeiro devidamente habilitado. Uma vez alienados os bens penhorados, o produto da alienação é revertido ao credor, no montante de seu crédito. Caso sobre, o valor excedente é atribuído ao devedor. A penhora de dinheiro pela via eletrônica, mais conhecida como penhora on-line, é ato determinado pelo juiz e consiste na apreensão de dinheiro do devedor que esteja depositado em instituição bancária.
b) Caso o estagiário tivesse utilizado o termo correto e mesmo assim o juiz tivesse negado esse pedido de penhora on-line, primeiramente seria necessária a interposição de embargos de declaração, dando chance para o juiz de primeira instância se retratar sobre tal decisão equivocada. Mas se mesmo assim não houvesse retratação, seria necessária a interposição do recurso de agravo de instrumento à instância superior.
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Hermenêutica e Hermenêutica Jurídica
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