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Leia o texto a seguir: “Em tempos de discussão sobre a iminência do fim de um certo mundo, torna-se necessário refletir também sobre distintas ...

Leia o texto a seguir: “Em tempos de discussão sobre a iminência do fim de um certo mundo, torna-se necessário refletir também sobre distintas concepções de seu começo. Vamos aqui tratar pelas tradições narrativas ameríndias, sobreviventes do colapso de seus mundos originais pelas invasões europeias. Essas tradições autóctones em muito divergem daquelas de origem bíblica, que concebe a criação como efeito de uma figura central, hierárquica; vinculada à imagem paterna, portadora de uma voz autoritária. As matrizes ameríndias orientam-se por outras imagens do início e seus respectivos regimes de linguagem, possivelmente capazes de projetar outras configurações de realidade. De fato, postula-se, nas cenas iniciais ameríndias, algo próximo da dialogicidade, ao invés da voz imperativa e seu respectivo regime de autoridade. É isso que podemos encontrar na leitura e na reflexão sobre algumas traduções de narrativas genericamente chamadas de “cosmogônicas”, marcadas por uma voz múltipla e ativada, capaz de estabelecer vínculos com a mobilização da linguagem ritual dos tempos atuais. Marcadas pela falibilidade e pela incompletude, derivadas de figuras demiúrgicas distintas daquela que caracteriza o momento inicial da gênese cristã (Elohim, a divindade do Gênesis I, 1), as narrativas ameríndias terminam por oferecer um outro registro da palavra, assentado em configurações ontológicas alternativas à agência criadora hierárquica que permeia a narrativa cristã.” Fonte: CESARINO, P. de N. (2015). A voz falível – ensaio sobre as formações ameríndias de mundos. Literatura e sociedade, v. 19, n.19, 76-99. 2014. No texto, o autor aponta para diferenças centrais entre modelos cosmogônicos ameríndios e ocidentais. A partir disso, responde as questões a seguir. a) Quais são essas diferenças entre as cosmogonias? b) Ao falar de “um certo fim de mundo”, a que se refere o autor?

Respostas

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a) No texto, o autor aponta para diferenças centrais entre os modelos cosmogônicos ameríndios e ocidentais. As principais diferenças são: 1. Conceito de criação: Enquanto as tradições ocidentais, como a bíblica, concebem a criação como resultado de uma figura central, hierárquica e autoritária, as tradições ameríndias apresentam imagens do início mais orientadas para a dialogicidade, ou seja, para o diálogo e a interação entre diferentes entidades. 2. Regime de linguagem: Nas tradições ameríndias, as narrativas cosmogônicas são marcadas por uma voz múltipla e ativada, capaz de estabelecer vínculos com a mobilização da linguagem ritual dos tempos atuais. Já nas tradições ocidentais, há uma voz imperativa e um regime de autoridade associados à criação. 3. Agência criadora: Enquanto nas tradições ocidentais a agência criadora é atribuída a uma divindade específica (como Elohim na narrativa cristã), nas tradições ameríndias existem figuras demiúrgicas distintas, que não possuem a mesma caracterização hierárquica e autoritária. b) Ao falar de "um certo fim de mundo", o autor se refere à discussão sobre a iminência do fim de um determinado mundo, que pode ser interpretado como uma reflexão sobre as mudanças e transformações que ocorrem na sociedade contemporânea. O autor sugere que, nesse contexto, é importante refletir sobre diferentes concepções de começo, como as tradições narrativas ameríndias, que sobreviveram ao colapso de seus mundos originais pelas invasões europeias.

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