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acintho Adorno Esperando o ônibus que parece sempre demorar a vida inteira, naquela manhã de chuva assistiram a um episódio no mínimo esquisito. U...

acintho Adorno Esperando o ônibus que parece sempre demorar a vida inteira, naquela manhã de chuva assistiram a um episódio no mínimo esquisito. Um carrão daqueles importados, que pouca gente reconhece o modelo e a marca, passa devagarzinho e, do banco do carona, o ajudante de pizzaiolo, colega de ponto e de ônibus daqueles seis passageiros, põe a cabeça para fora da janela e grita: — E aí, seus trouxas! O busão tá demorando? Bem feito! Quem mandou... — Mano... que deu nesse cara?! Ele é meu camarada, a gente se cruza aqui no ponto quase todo dia e na birosca da Dona Ivete todo sábado depois do trampo. O cara é gente fina às pampa, ajuda em casa, tá pra casar... Que que será que ele disse? Quem mandou o quê? Ser duro? Eu, hein? — Gente fina? Como assim, meu rapaz? Como é que pode... mangar de pessoas mais velhas do que ele. Só me faltava a estas alturas de minha vida, eu, com mais de setenta anos, aguentar fedelhice de um molecote... Quem mandou o quê? Depender de condução a vida toda? Ora essa! Será era só brincadeira? — Alto lá, minha cara, brincadeira seria se todos nós estivéssemos a nos divertir, brincadeira é quando todos os envolvidos acham graça, o que não me parece ser o caso. Alguém está a achar engraçado o que disse esse gajo? – retrucou indignado o Senhor Manoel. — Data venia, Senhor Manoel, acho que ninguém está achando graça. Além disso, é no mínimo uma falta de respeito incomensurável esse rapaz se dirigir a seus conhecidos com tamanha falta de decoro. Acho também que não se trata de alusão a fator de natureza financeira, posto que ele bem conhece meu histórico e, portanto, é sabedor de que sou obrigado a andar de transporte coletivo em virtude de meu estresse pós-traumático. — ISTRESSE o quê, Dotô Aníbal? É grave? Esse trem pega? — Relax, dona Berta, ele só tem é um baita medaço de pilotar carro – esclareceu o colega de birosca do pizzaiolo. — Uai, então por que não falou logo? Esse Dotô adora falá comprido... O advogado já ia partir para a tréplica, quando os seis personagens à espera de um transporte coletivo o veem finalmente dobrando a esquina. — Demorô... – exclamou o colega de birosca. A preocupação com o lugar que teriam — se é que teriam um assento — roubou a cena, e o julgamento do pizzaiolo ficou para a manhã do dia seguinte. Adaptado de CINTRA, A. M. M; PASSARELLI, L. G. Leitura e produção de textos. São Paulo: Blucher, 2011, p. 130-131. Em relação ao sentido estabelecido por determinadas escolhas de palavras, pode-se afirmar que o substantivo “busão” e o verbo “demorô” Escolha uma opção: denotam valor circunstancial de opinião e assinalam informalidade para estabelecer aproximação do jovem que os enuncia com o leitor. são usados para instaurar distanciamento da informalidade. pertencem ao registro formal e conferem clareza ao texto do jovem personagem. são adequadamente empregados em todo tipo de situação por serem altamente expressivos. revelam adequação por estarem de acordo com a faixa etária e o lugar social do falante.

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A partir do trecho apresentado, pode-se afirmar que o substantivo "busão" e o verbo "demorô" denotam valor circunstancial de opinião e assinalam informalidade para estabelecer aproximação do jovem que os enuncia com o leitor.

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