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O Código Civil coloca no rol dos defeitos do negócio jurídico a fraude con­­tra credores, não como vício do consentimento, mas como vício social, u...

O Código Civil coloca no rol dos defeitos do negócio jurídico a fraude con­­tra credores, não como vício do consentimento, mas como vício social, uma vez que não conduz a um descompasso entre o íntimo querer do agente e a sua declaração. A vontade manifestada corresponde exatamente ao seu desejo, mas é exteriorizada com a intenção de prejudicar terceiros, ou seja, os credores. Por essa razão, é considerada vício social. A regulamentação jurídica desse instituto assenta­-se no princípio do direito das obrigações segundo o qual o patrimônio do devedor responde por suas obrigações. É o princípio da responsabilidade patrimonial, previsto no art. 957 do Código, nesses termos: “Não havendo título legal à preferência, terão os credores igual direito sobre os bens do devedor comum”. O patrimônio do devedor constitui a garantia geral dos credores. Se ele o desfalca maliciosa e substancialmente, a ponto de não garantir mais o pagamento de todas as dívidas, tornando-se assim insolvente, com o seu passivo superando o ativo, configura-se a fraude contra credores. Esta só se caracteriza, porém, se o devedor já for insolvente ou tornar-se insolvente em razão do desfalque patrimonial promovido. Se for solvente, isto é, se o seu patrimônio bastar, com sobra, para o pagamento de suas dívidas, ampla é a sua liberdade de dispor de seus bens. Fraude contra credores é, portanto, todo ato suscetível de diminuir ou onerar seu patrimônio, reduzindo ou eliminando a garantia que este representa para pagamento de suas dívidas, praticado por devedor insolvente ou por ele reduzido à insolvência. Tendo em conta que o patrimônio do devedor responde por suas dívidas, pode-se concluir que, desfalcando-o a ponto de ser suplantado por seu passivo, o devedor insolvente, de certo modo, está dispondo de valores que não mais lhe pertencem, pois tais valores se encontram vinculados ao resgate de seus débitos. Daí permitir o Código Civil que os credores possam desfazer os atos fraudulentos praticados pelo devedor, em detrimento de seus interesses. Fonte: GONÇALVES, C. R.; LENZA, P. Direito civil esquematizado®. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2022. E-book. p. 833-835 De acordo com as informações apresentadas na tabela a seguir, faça a associação da Coluna A com a Coluna B. Coluna A Coluna B I. Trata-se de incidente em processo já em andamento, com devedor já citado, reconhecida por simples petição nos próprios autos, que torna o negócio fraudulento ineficaz quanto aos credores. 1. Fraude Contra Credores nas Transmissões Onerosas II. Trata-se de hipótese de vício social cuja anulação demanda a comprovação apenas do eventus damni (que a alienação levou o devedor à insolvência), pois a lei presume o consilium fraudis (má-fé do terceiro adquirente). 2. Ação Pauliana ou Revocatória III. Trata-se de medida cabível para anulação de vício social, de natureza desconstitutiva, anulando-se os negócios fraudulentos e determinando o retorno do bem ao patrimônio do devedor. 3. Fraude Contra Credores nas Alienações Gratuitas IV. Trata-se de hipótese de vício social cuja anulação demanda a comprovação do eventus damni (que a alienação levou o devedor à insolvência) e do consilium fraudis (má-fé do terceiro adquirente). 4. Fraude à Execução Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA. Escolha uma: a. I - 4; II - 3; III - 2; IV - 1. b. I - 1; II - 3; III - 2; IV - 4. c. I - 2; II - 1; III - 4; IV - 3. d. I - 3; II - 4; III - 1; IV - 2. e. I - 4; II - 1; III - 2; IV - 3.

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A alternativa correta é a letra D: I - 3; II - 4; III - 1; IV - 2. I - Trata-se de fraude à execução, que é um incidente em processo já em andamento, com devedor já citado, reconhecida por simples petição nos próprios autos, que torna o negócio fraudulento ineficaz quanto aos credores. II - Trata-se de ação pauliana ou revocatória, que é uma hipótese de vício social cuja anulação demanda a comprovação do eventus damni (que a alienação levou o devedor à insolvência) e do consilium fraudis (má-fé do terceiro adquirente). III - Trata-se de fraude contra credores nas transmissões onerosas, que é uma medida cabível para anulação de vício social, de natureza desconstitutiva, anulando-se os negócios fraudulentos e determinando o retorno do bem ao patrimônio do devedor. IV - Trata-se de fraude contra credores nas alienações gratuitas, que é uma hipótese de vício social cuja anulação demanda a comprovação apenas do eventus damni (que a alienação levou o devedor à insolvência), pois a lei presume o consilium fraudis (má-fé do terceiro adquirente).

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