Leia os trechos da entrevista abaixo, publicada na integra no Portal UOL de 22.10.2023. Em seguida anote a alternativa correta
Por que ensinar a pescar 'não faz sentido na absurda desigualdade brasileira
Lançado pela Companhia das Letras, o novo livro do sociólogo e economista Marcelo Medeiros "Os ricos e os pobres - O Brasil e a desigualdade" escancara a "absurda" desigualdade social brasileira, como descreve, e os mecanismos que a mantém.
Segundo ele, "desigualdade tem a ver com ricos". Ou seja, um pequeno passo para reduzir a desigualdade seria capaz de tirar uma parcela enorme de brasileiros da fome —um extremo que ele chama de "imoral" e que um país como o Brasil já tem plena condição de acabar.
Em entrevista, o professor visitante na Universidade de Columbia, em Nova York, comenta os conceitos abordados em seu novo livro… (...)
E ser rico, o que significa?
Existe muita discussão sobre se ser rico é estar nos 10% mais ricos da população, ou 1%, ou 0,5%. Argumento que definir isso é um pouco perda de tempo.
O Brasil é um país extremamente desigual, mas há uma característica: a desigualdade brasileira está altamente concentrada no topo. Se o Brasil fosse composto só pelos 90% mais pobres, seria um país extremamente igualitário. Existe uma desigualdade gigantesca entre o 1% mais rico e os 10% mais ricos.
Para desenhar políticas, não é necessário ter uma divisão exata dos ricos, mas sim entender que essa desigualdade está concentrada no topo. Portanto, nossas políticas, em particular a tributária, têm de ser muito progressivas. É preciso tributar mais quem tem mais capacidade de pagar. (...)
Uma sociedade mais igualitária é necessariamente melhor?
O que justifica a desigualdade? Vem de uma situação justa, porque há pessoas se esforçando mais do que as outras? Essa seria a resposta para a desigualdade racial do Brasil? Ou isso vem de uma série de estruturas muito maiores que são injustas?
Toda sociedade tem alguma desigualdade e alguma desigualdade é tolerável e pode ser até funcional.
Para você ter uma enfermeira trabalhando de madrugada no hospital, você tem de pagar a ela mais do que a que trabalha durante o dia. É uma desigualdade funcional, totalmente aceitável (...)
O tratamento favorecido às empresas de pequeno porte (Art. 170, IX, da Constituição federal) se justifica também por fatores que vão além dos destinatários do tratamento desigual- aquelas empresas- mas de toda economia do país, como o incremento dos postos de trabalho, do emprego e de renda, para além do proprietário.
Segundo Aristóteles, não se pode tratar desigualmente aqueles que por sua natureza são iguais, e, portanto, no Brasil não poderia haver tratamento desigual entre pessoas da mesma faixa de renda, mas se aceita que isso se dê entre faixas diferentes.
A chamadas “ações afirmativas” (de regra concretizadas nas “politicas de cotas”) são aceitáveis apenas para as desigualdades naturalmente estabelecidas, como, por exemplo, a maior aptidão de determinada pessoa para o desempenho de uma atividade atlética ou intelectual
As diretrizes constitucionais para a diminuição da desigualdade, como, por exemplo, a proteção ao mercado de trabalho da mulher (art.7º, XX, da Constituição Federal) só são aceitas por períodos determinados de tempo, até que os indicadores demonstrem que tais desigualdades diminuíram
Não é possível a construção de indicadores que demonstrem desigualdades no universo demográfico de uma mesma sociedade, mas sim ou entre indivíduos isoladamente considerados, ou quanto ao total da riqueza (Produto Interno Bruto)
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