Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Resumo Unidade de Ensino: 01 Competência da Unidade de Ensino: Conhecer temas básicos do processo Resumo: A aula versa sobre a relação entre a sociedade e o direito, o surgimento do conflito e sua resolução. Palavras-chave: Direito Processual; conflitos sociais. Título da teleaula: Noções teóricas básicas do processo Teleaula nº: 01 Qual a relação existente entre o direito, o homem e a sociedade? Como surgem os conflitos de interesses sociais? Quais são as modalidades de resolução de conflitos? Qual a diferença entre o direito material e o direito processual? Como se aplica a norma processual no tempo e no espaço? Convite ao estudo As diversas acepções da palavra “direito” O direito como fenômeno social Finalidade do direito: regulamentar a vida social Finalidade do direito: buscar a pacificação social A Teoria Geral do Processo como disciplina introdutória ao direito processual Conhecimentos prévios Gustavo, dedicado aluno do curso de Direito, está em seu primeiro ano de formado. Sempre teve ótimas notas, tendo sido muito valorizado nos estágios pelos quais passou. Agora, aprovado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil, decidiu trilhar seu caminho profissional, abrindo seu próprio escritório. Pensando a aula: situação geradora de aprendizagem Este será o desafio de Gustavo: enfrentar situações- problema da realidade profissional, aplicando na prática os conhecimentos teóricos que apreendeu ao longo de sua trajetória acadêmica. E você ajudará Gustavo nesses desafios. Vamos lá? Pensando a aula: situação geradora de aprendizagem Gustavo, advogado recém-formado, deparou-se com a seguinte situação: Paulo celebrou contrato de compra e venda com Mariana, por meio do qual esta se comprometeu a vender um veículo pelo montante de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Ao receber o veículo, Paulo constatou que suas características eram muito diferentes daquelas descritas no contrato: o veículo apresentava defeitos e tinha um grande desgaste. (...) Situação-Problema 1 Por entender que Mariana não cumpriu a sua parte no contrato, Paulo deixou de fazer o pagamento das parcelas, mas não devolveu o veículo. Considerando que Mariana entende ter cumprido a sua parte. Questiona-se: Será que Paulo poderia, por sua própria iniciativa, simplesmente deixar de pagar o preço a que se comprometeu? A quem cabe afirmar e decidir quem tem razão? Situação-Problema 1 O convívio social e as regras de conduta. Função ordenadora que o direito exerce sobre a sociedade. Convivência pacífica e conflitos de interesses. “(...) Nem sempre os integrantes do grupo social obedecem espontaneamente às regras de conduta por ele impostas” (GONÇALVES, 2014, p. 22) Problematizando a Situação-Problema 1 Pretensão resistida: existe uma pretensão (busca por um direito), a qual resiste a outra parte . Lide: conflito de interesse qualificado por uma pretensão resistida. Há lide no conflito de interesses. Não há lide quando as pessoas envolvidas não apresentam resistência. Problematizando a Situação-Problema 1 Como resolver os conflitos e quais os modos de resolução de conflitos? 1) autotutela: imposição da vontade de uma parte em desfavor da outra; inexistência de um terceiro imparcial para solucionar o conflito. Problematizando a Situação-Problema 1 2) arbitragem: terceiro (árbitro) imparcial que soluciona o conflito; é uma espécie de justiça privada. 3) atividade jurisdicional: a função de pacificar é atribuída ao Estado ou a terceiro autorizado pelo Estado; função típica do Poder Judiciário – exercício da jurisdição. Problematizando a Situação-Problema 1 A autotutela não é, em regra, um modo de resolução de conflito atualmente permitido. Portanto, Paulo não poderia simplesmente deixar de fazer o pagamento das parcelas. Paulo deverá acionar o Poder Judiciário (Estado- juiz) para ter o seu direito reconhecido. Mariana também poderá instaurar a lide (pretensão resistida), a fim de cobrar os valores. O Estado substitui as partes e soluciona a lide por meio da decisão judicial. Resolvendo a Situação-Problema 1 Cássio (comprador-adquirente) celebrou com Marcus (vendedor-alienante) um contrato de compra e venda, cujo objeto era a venda de um imóvel no valor de R$ 300.000,00, dividido em trinta parcelas. As partes resolveram estabelecer cláusula compromissória de arbitragem (para resolver os conflitos em relação ao contrato). Após 12 meses, Cássio observou que os índices de atualização dos valores eram exorbitantes, superiores aos índices legais. Situação-Problema 2 Cássio, então, procura Gustavo, advogado recém- formado, e lhe faz os seguintes questionamentos: Como a sua pretensão seria analisada? Ele pode, por meio de um processo, buscar a prestação jurisdicional do Estado-juiz? Qual é o órgão apto a julgar essa lide? Ele poderia impor a Marcus alguma forma de autocomposição (mediação ou conciliação)? Situação-Problema 2 A atividade pacificadora dos conflitos é função do Estado (mas não é a única). A forma mais usual é instaurar a lide/litígio no Poder Judiciário, por meio da propositura de um processo. Processo é o mecanismo de exercício do poder democrático estatal, e é através dele que são construídos os atos jurisdicionais (CÂMARA, 2015, p.23). É a relação entre as partes e o juiz. Processo procedimento autos Problematizando a Situação-Problema 2 O Estado autoriza outras formas de resolução de conflitos. Meios alternativos de solução de conflitos autorizadas e validadas pelo Estado, conhecidas também como equivalentes jurisdicionais: 01) arbitragem; 02) mediação; 03) conciliação. Problematizando a Situação-Problema 2 01) Arbitragem: • Terceira pessoa tem o poder/dever de solucionar o conflito, escolhida pelas próprias partes; • Lei nº 9.307/1996 – litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis; • Escolhida a arbitragem, o Judiciário, a princípio, estará impedido de solucionar o conflito. Problematizando a Situação-Problema 2 02) Mediação: • É uma forma de autocomposição; Aplica-se nos casos em que houver vínculo de relação continuada anterior entre as partes; O terceiro imparcial (o mediador) apenas estimulará o restabelecimento da comunicação entre as partes, para que elas próprias cheguem a um acordo; Não cabe ao mediador propor soluções. Problematizando a Situação-Problema 2 03) Conciliação: • É uma forma de autocomposição; Aplica-se nos casos em que não há vínculo anterior entre as partes; O terceiro imparcial (o conciliador) propõe alternativas de composição, atuando de forma mais livre; O conciliador propõe soluções, mas não as impõe. Problematizando a Situação-Problema 2 Cássio não poderá, por meio de um processo judicial, buscar a prestação jurisdicional do Estado- juiz, vez que estabeleceu com Marcus, no contrato por eles firmado, uma cláusula compromissória, em que as partes se obrigavam a procurar o juízo arbitral para dirimir qualquer controvérsia advinda do contrato. Não poderia Cássio também impor a Marcus alguma forma de autocomposição (mediação ou conciliação), uma vez que tais formas devem ser adotadas de forma voluntária. Resolvendo a Situação-Problema 2 José recolheu todas as economias que possuía para comprar um táxi e melhorar sua situação financeira. No primeiro dia de trabalho como taxista, José teve seu táxi abalroado pelo veículo de Fábio. Em virtude do acidente, José não conseguia maistrabalhar, uma vez que o veículo ficou parado por 20 dias para conserto, e José também teve danos pessoais, o que igualmente o afastou por, no mínimo, 60 dias do desempenho de suas funções. Situação-Problema 3 Fábio, no entanto, negou qualquer ressarcimento. José, então, procurou um advogado, mas, por não possuir recursos financeiros para remunerar o profissional, não foi possível sua contratação. Foi informado ainda que teria de pagar as custas do processo para poder movimentar o Judiciário. Como José deve proceder? Como garantir o amplo acesso à Justiça se José quer ter seus danos ressarcidos, mas não possui recursos? Situação-Problema 3 Processo e Direito Processual: 1ª - fase sincrética 2ª - fase autonomista 3ª - fase instrumentalista (atual) Acesso à Justiça: CF, artigo 5º, inciso XXXV: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. • Quais os meios/mecanismos para garantir esse direito? Problematizando a Situação-Problema 3 Acesso à Justiça: O Estado deverá prestar assistência jurídica integral e gratuita para quem comprove insuficiência de recursos (CF, art. 5º, LXXIV). Defensoria pública. Gratuidade da Justiça – CPC, art. 98 (custas e despesas processuais). Problematizando a Situação-Problema 3 Constitucionalização do processo: Incorporação de normas processuais nos textos constitucionais . Aplicação da norma processual à luz da Constituição. Ex.: ampla defesa; contraditório. Problematizando a Situação-Problema 3 Princípio cooperativo: Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva (CPC, art. 6º). Cooperação entre todos os sujeitos do processo. A cooperação é dever intersubjetivo relacionando- se tanto a deveres entre as partes como também destas com o órgão jurisdicional. Problematizando a Situação-Problema 3 Gustavo, advogado, deveria orientar José a buscar os serviços prestados pela Defensoria Pública, já que não apresenta condições financeiras de arcar com a remuneração de um advogado particular. Ademais, uma vez proposta a ação, poderia José requerer a concessão dos benefícios da gratuidade da justiça, nos termos do artigo 98 do Código de Processo Civil. Caso contrário, estaremos diante de uma situação grave de violação do princípio do amplo acesso à Justiça. Resolvendo a Situação-Problema 3 Flávio propôs, ainda quando vigente o Código de Processo Civil de 1973, uma ação indenizatória em face de Carlos. Segundo esse Código, o réu é citado para, se quiser, apresentar sua defesa no processo, no prazo de 15 (quinze) dias. Apesar de a ação ter sido proposta ainda na vigência do Código antigo, Carlos somente foi citado na vigência do Novo Código de Processo Civil (em vigor desde 2016), que prevê regramento diferente: o réu é citado para comparecer em uma audiência de conciliação ou mediação. Situação-Problema 4 Carlos, preocupado, procura Gustavo para o orientar. Suas dúvidas são: • Qual lei se aplica ao caso concreto? • Deve Carlos apresentar defesa impugnando os fatos alegados na inicial, ou deverá aguardar nova citação que designará a audiência, conforme prevê a nova legislação? Situação-Problema 4 Normas de direito material: criam, definem e regulam as relações jurídicas e as situações dos bens jurídicos. Exemplo: Direito Civil, Direito Tributário, Direito do Trabalho. Normas de direito processual: a forma de se revolver a lide por meio da atuação do poder jurisdicional. Exemplo: Direito Processual Civil, Direito Processual Penal, Direito Processual do Trabalho. Problematizando a Situação-Problema 4 Aplicação da norma processual no tempo: “A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada” (CPC, art. 14). Princípio da irretroatividade da norma processual. Respeito ao ato jurídico perfeito, à coisa julgada e ao direito adquirido. Problematizando a Situação-Problema 4 Aplicação da norma processual no tempo: Teoria do isolamento dos atos processuais: a norma processual se aplica imediatamente aos processos em curso, respeitando os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da lei velha (norma revogada). O processo é um conjunto de atos processuais, assim a lei processual aplicável a cada ato será a vigente no momento da realização do ato (tempus regit actum). Problematizando a Situação-Problema 4 Aplicação da norma processual no espaço: CPC, artigo 13: “A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte”. O processo que tramita no Brasil observará, como regra geral, a lei processual brasileira. Problematizando a Situação-Problema 4 Interpretação da norma processual: Interpretar a lei consiste em determinar seu significado e fixar seu alcance. Método gramatical. Método sistemático. Método histórico. Problematizando a Situação-Problema 4 Se o mandado de citação de Carlos foi expedido ainda na vigência do Código de Processo Civil de 1973, deve ser respeitada, na íntegra, a sistemática prevista nesse diploma legal para o ato citatório. Não há que se falar, portanto, em aplicação do novo Código de Processo Civil, mesmo tendo sido Carlos efetivamente citado na vigência do Novo Código. Deve, portanto, Carlos apresentar sua defesa regularmente. Resolvendo a Situação-Problema 4 Novo Código de Processo Civil – Lei 13.105, de 16 de março de 2015 (publicado em 17/03/2015). Revogação total do Código de Processo Civil de 1973 - Lei 5.869 de 11 de janeiro de 1973. Quando uma lei nova entra em vigor? Quando há revogação da norma anterior? Provocando novas situações A lei resulta de um processo legislativo e é publicada em Diário Oficial. A Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, em seu artigo 1º, estatui que: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”. Esse período é chamado de vacatio legis. Provocando novas situações Constou no Novo Código de Processo Civil, em seu artigo 1.045 que: “Este Código entra em vigor após decorrido 1 (um) ano da data de sua publicação oficial”. O novo Código entrou em vigor na data de: 18/03/2016 (vacatio legis de 01 ano). A lei permanece em vigência até que outra a modifique ou revogue. (LINDB, art. 2o ). A Revogação é expressa ou tácita, total ou parcial (LINDB, art. 2º,§ 1º). Provocando novas situações VE Caminho de Aprendizagem
Compartilhar