Buscar

A Associação Americana de Medicina, ou American Medical Association, rejeita a prática da morte medicamente assistida com o argumento de que o pape...

A Associação Americana de Medicina, ou American Medical Association, rejeita a prática da morte medicamente assistida com o argumento de que o papel de agente causador da morte de um paciente é totalmente incompatível com a figura do médico como um curador de pessoas. Do ponto de vista bioético, a segurança dos pacientes deve ser garantida pelos profissionais da saúde. Por isso, alguns conselhos e associações espalhados pelo mundo não admitem a legalização da eutanásia alegando o risco que sofreriam as populações vulneráveis, dentre as quais as de idosos e de incapacitados. Em países como Holanda e Bélgica é permitido que o médico seja um agente da morte do paciente, isto é, o médico tem a permissão para administrar uma aplicação letal em seus pacientes. Nos EUA, poucos são os Estados onde a eutanásia é permitida, ainda que na forma de um suicídio médico-assistido: o médico está autorizado a prescrever mas não a administrar um medicamento letal para um paciente. Neste caso, é o paciente e não o médico que coordena o processo que o levará ao óbito. No Brasil, tanto a eutanásia quanto o suicídio médico-assistido são considerados crimes, a partir de uma correta interpretação do Código Penal brasileiro. No que diz respeito à ortotanásia (caso em que o médico suspende tratamentos e procedimentos que prolongam a vida de doentes terminais sem chance de cura, deixando que a morte lhe venha de forma natural), o Conselho Federal de Medicina, em 2006, aprovou uma resolução que permite a prática. Ocorre que a resolução referida não tem força de lei. Logo, a questão ainda continua gerando muitas controvérsias. Neste desafio você deverá apresentar um argumento ético a favor da legalização da morte medicamente assistida e outro contra tal prática, justificando sua escolha para cada argumento. Lembre-se que o debate ético para o qual você está sendo desafiado à apresentar argumentos, está voltado sobretudo para o papel do médico na tarefa de assistência ao doente terminal. Pode ser que, de acordo com os argumentos escolhidos por você, seja preciso distinguir a eutanásia, da ortotanásia e do suicídio médico-assistido.

💡 2 Respostas

User badge image

Ed Verified user icon

Um argumento ético a favor da legalização da morte medicamente assistida é o direito à autonomia do paciente. O paciente tem o direito de decidir sobre sua própria vida e morte, especialmente em casos de doenças terminais e sofrimento insuportável. A legalização da morte medicamente assistida permitiria que o paciente tivesse mais controle sobre o processo de sua própria morte, evitando assim o prolongamento desnecessário do sofrimento. Por outro lado, um argumento ético contra a legalização da morte medicamente assistida é o risco de abuso e coerção. A legalização poderia levar a situações em que pacientes vulneráveis, como idosos e pessoas com deficiência, fossem pressionados a optar pela morte medicamente assistida por familiares ou profissionais de saúde. Além disso, a legalização poderia levar a uma desvalorização da vida humana e a uma perda da confiança na medicina como uma profissão que busca curar e salvar vidas.

0
Dislike0
User badge image

Mariana Bittencourt

1) Argumentos contrários à legalização da morte medicamente assistida:


A proibição de se tirar diretamente a vida humana tem sido um dogma central de muitas tradições religiosas, sendo igualmente forte na ética secular. "Uma antiga máxima da tradição legal ocidental afirma que mesmo o consentimento da vítima não é uma defesa contra o homicídio. Estes oponentes consideram o envolvimento ‘indireto’ do médico como apenas um prescritor, não um administrador, da intervenção letal como igualmente objetável".


Argumento do paradigma ético da prática clínica que enfatiza o socorro e a manutenção da vida e repudia qualquer forma de se pôr um fim à vida humana, em qualquer um de seus estágios. Trata-se de uma sacralidade da vida, argumento presente até mesmo nos meios não religiosos e que pode se basear no Juramento de Hipócrates, que afirma: “A ninguém administrarei nem sugerirei nenhum medicamento mortal quando for solicitado”.


A boa imagem de vários setores da classe médica que passassem a praticar a eutanásia ou o apoio ao suicídio médico-assistido poderia ser bastante abalada.


Muitos pedidos para uma morte assistida podem surgir em momentos de desespero e negação da própria doença. O alívio da dor e outras intervenções positivas, ou mesmo a ortotanásia, poderiam ser suficientes para apaziguar o paciente e dissuadi-lo da ideia de abreviar a própria vida.


A disponibilidade da morte assistida pode se converter em sútil coerção para que pessoas que sentem que seu estado está comprometido solicitem tal prática. Além disso, há o risco de que surja, no âmbito das políticas hospitalares, uma tolerância de forma gradual de práticas semelhantes, porém mais perigosas. As populações vulneráveis no Brasil (moradores de rua, pacientes albergados em instituições públicas, entre outros) poderiam ser severamente prejudicadas com a autorização deste tipo de prática.


2) Argumentos favoráveis à morte medicamente assistida:


Em muitos casos, pode-se optar pela suspensão do tratamento de pacientes terminais em estado vegetativo, em uma fase na qual não há nenhuma possibilidade de consentimento por parte de tais pacientes. "Permitir que pacientes competentes e conscientes, mas terminais, acelerem sua morte é menos problemático eticamente".


"Indivíduos autônomos que tenham autoridade moral sobre suas vidas e pacientes que estão morrendo deveriam receber os meios para controlar a hora e a maneira de morrer com auxílio de clínicos competentes".


"Não deveria ser exigido de ninguém suportar uma carga desproporcional de dor e sofrimento, e aqueles que os aliviam de tal ônus, a seu pedido, estão agindo eticamente, isto é, por compaixão e respeito à autonomia de tais pacientes".


Os médicos não devem necessariamente prescrever um medicamentos letal. Todavia, deveria ser eticamente permitido que aceitassem ou rejeitassem a solicitação de um paciente terminal.


Muitas vezes, a carga da dor e a incapacidade da qual os indivíduos padecem resultam das intervenções para o prolongamento da vida dos pacientes.


Se no Brasil se permite a prática da ortotanásia, na prática, o país deveria estar aberto às outras formas de abreviação da vida por meio do auxílio médico.

0
Dislike0

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

✏️ Responder

SetasNegritoItálicoSublinhadoTachadoCitaçãoCódigoLista numeradaLista com marcadoresSubscritoSobrescritoDiminuir recuoAumentar recuoCor da fonteCor de fundoAlinhamentoLimparInserir linkImagemFórmula

Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta

User badge image

Outros materiais