Um argumento ético a favor da legalização da morte medicamente assistida é o direito à autonomia do paciente. O paciente tem o direito de decidir sobre sua própria vida e morte, especialmente em casos de doenças terminais e sofrimento insuportável. A legalização da morte medicamente assistida permitiria que o paciente tivesse mais controle sobre o processo de sua própria morte, evitando assim o prolongamento desnecessário do sofrimento. Por outro lado, um argumento ético contra a legalização da morte medicamente assistida é o risco de abuso e coerção. A legalização poderia levar a situações em que pacientes vulneráveis, como idosos e pessoas com deficiência, fossem pressionados a optar pela morte medicamente assistida por familiares ou profissionais de saúde. Além disso, a legalização poderia levar a uma desvalorização da vida humana e a uma perda da confiança na medicina como uma profissão que busca curar e salvar vidas.
1) Argumentos contrários à legalização da morte medicamente assistida:
A proibição de se tirar diretamente a vida humana tem sido um dogma central de muitas tradições religiosas, sendo igualmente forte na ética secular. "Uma antiga máxima da tradição legal ocidental afirma que mesmo o consentimento da vítima não é uma defesa contra o homicídio. Estes oponentes consideram o envolvimento ‘indireto’ do médico como apenas um prescritor, não um administrador, da intervenção letal como igualmente objetável".
Argumento do paradigma ético da prática clínica que enfatiza o socorro e a manutenção da vida e repudia qualquer forma de se pôr um fim à vida humana, em qualquer um de seus estágios. Trata-se de uma sacralidade da vida, argumento presente até mesmo nos meios não religiosos e que pode se basear no Juramento de Hipócrates, que afirma: “A ninguém administrarei nem sugerirei nenhum medicamento mortal quando for solicitado”.
A boa imagem de vários setores da classe médica que passassem a praticar a eutanásia ou o apoio ao suicídio médico-assistido poderia ser bastante abalada.
Muitos pedidos para uma morte assistida podem surgir em momentos de desespero e negação da própria doença. O alívio da dor e outras intervenções positivas, ou mesmo a ortotanásia, poderiam ser suficientes para apaziguar o paciente e dissuadi-lo da ideia de abreviar a própria vida.
A disponibilidade da morte assistida pode se converter em sútil coerção para que pessoas que sentem que seu estado está comprometido solicitem tal prática. Além disso, há o risco de que surja, no âmbito das políticas hospitalares, uma tolerância de forma gradual de práticas semelhantes, porém mais perigosas. As populações vulneráveis no Brasil (moradores de rua, pacientes albergados em instituições públicas, entre outros) poderiam ser severamente prejudicadas com a autorização deste tipo de prática.
2) Argumentos favoráveis à morte medicamente assistida:
Em muitos casos, pode-se optar pela suspensão do tratamento de pacientes terminais em estado vegetativo, em uma fase na qual não há nenhuma possibilidade de consentimento por parte de tais pacientes. "Permitir que pacientes competentes e conscientes, mas terminais, acelerem sua morte é menos problemático eticamente".
"Indivíduos autônomos que tenham autoridade moral sobre suas vidas e pacientes que estão morrendo deveriam receber os meios para controlar a hora e a maneira de morrer com auxílio de clínicos competentes".
"Não deveria ser exigido de ninguém suportar uma carga desproporcional de dor e sofrimento, e aqueles que os aliviam de tal ônus, a seu pedido, estão agindo eticamente, isto é, por compaixão e respeito à autonomia de tais pacientes".
Os médicos não devem necessariamente prescrever um medicamentos letal. Todavia, deveria ser eticamente permitido que aceitassem ou rejeitassem a solicitação de um paciente terminal.
Muitas vezes, a carga da dor e a incapacidade da qual os indivíduos padecem resultam das intervenções para o prolongamento da vida dos pacientes.
Se no Brasil se permite a prática da ortotanásia, na prática, o país deveria estar aberto às outras formas de abreviação da vida por meio do auxílio médico.
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