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Este trabalho parte de uma tentativa de aproximação entre a teoria gestáltica, os estudos de gênero e sexualidade e a literatura da suicidologia, p...

Este trabalho parte de uma tentativa de aproximação entre a teoria gestáltica, os estudos de gênero e sexualidade e a literatura da suicidologia, para analisar o fenômeno do suicídio da população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais (LGBTI+). A tentativa de aproximar autores e perspectivas teóricas díspares encontra possibilidades na Gestalt-terapia desde a sua fundamentação, visto que esta abordagem nasce de aproximações teóricas de diversos saberes. Apesar das diferenças de toda ordem que possam se encontrar nos autores aqui citados, podemos construir um todo harmônico, diferente da soma de suas partes. A visão gestáltica de pessoa e de mundo vai na contramão das explicações essencialistas e normativas que postulam um determinismo biológico do ser humano. De forma semelhante, discordamos das ideias que associam gênero e sexualidade a algo intrínseco, como uma natureza ou essência masculina ou feminina, heterossexual ou homossexual. Neste sentido, a partir da Gestalt-terapia, podemos compreender o gênero e a sexualidade, não como destinos pré-determinados pela fisiologia, biologia e anatomia, mas como possibilidades, como modos de ser-no-mundo, como devir. A partir do existencialismo, a Gestalt-terapia concebe o ser humano como abertura, como um conjunto de possibilidades e de escolhas em constante atualização e relação, se construindo, desconstruindo e reconstruindo a partir das suas possibilidades. Sua constituição enquanto pessoa não está dada, não é pré-definida, mas construída no seu existir, nas suas relações e significações. Podemos resgatar aqui a famosa frase de Beauvoir (1980) “não se nasce mulher, torna-se”, o mesmo, é claro, pode ser dito sobre os homens. As contribuições existencialistas da teoria gestáltica possibilitam o entendimento do gênero e da sexualidade enquanto um devir, enquanto processos construídos na fronteira de contato entre o organismo e o meio. Assim, enquanto elementos constitutivos das subjetividades, gênero e sexualidade não assumem um caráter biológico e imutável, visto que são situados no campo das condições históricas de sua produção. Além disso, tanto a visão gestáltica de mundo quanto o caráter de ser-aí-no-mundo implicam na indissociabilidade entre organismo e ambiente, de modo que se torna insustentável pensar o fenômeno do suicídio, por exemplo, apenas na sua dimensão individual, sem considerar a relação do mesmo com as dinâmicas históricas, sociais, políticas, econômicas.

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229 pág.

Psicologia Universidade Federal FluminenseUniversidade Federal Fluminense

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