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White recorre também à terapia cognitivo-comportamental (TCC), no intuito de mudar ideias e crenças negativas que os pacientes possam ter em relaçã...

White recorre também à terapia cognitivo-comportamental (TCC), no intuito de mudar ideias e crenças negativas que os pacientes possam ter em relação à sua síndrome. Ele se fundamenta na descoberta de que, enquanto os pacientes temerem que qualquer esforço vá lhes causar um colapso, a fadiga continuará atuando com o mesmo vigor. A TEG os encoraja a se abrirem a novas ideias e formas de se superar, e ainda a descobrir se conseguem realizar pelo menos alguns movimentos. A esperança é que isso venha a reduzir seus temores, ajudando-os a perceber que talvez seja seguro fazer um pouco de exercício e que a possibilidade de recuperação é real. White sugeriu que Samantha tentasse uma combinação de TEG e de TCC. “Vou melhorar com isso?”, ela perguntou ao terapeuta. “Claro que vai”, foi a resposta, e pela primeira vez Samantha acreditou que isso pudesse ser verdade. Sua primeira meta de esforço físico era simplesmente se virar na cama de hora em hora. Conforme os dias passavam, ela foi aumentando pouco a pouco o grau de dificuldade, até conseguir ficar sentada na cama por cinco minutos. Algum tempo depois, quando já estava fora da cama, ela tentava preparar uma refeição, subdividindo essa operação em várias partes. Descer as escadas. Picar as cebolas. Voltar para o andar de cima e se deitar. Como ela era uma pessoa criativa, a total falta de espontaneidade daquela rotina foi difícil de aceitar. Porém o mesmo perfeccionismo que ela acreditava ter contribuído para sua doença agora a estava motivando. Samantha persistia com determinada atividade dia após dia e, conforme os meses foram se passando, ela conseguiu avançar. “Andar pelo quarteirão por dois minutos”, relembra. “Depois, andar por três minutos. Mas cinco minutos poderiam me deixar de cama por três semanas.” Era preciso seguir à risca o programa e não fazer nem mais nem menos do que o nível de atividade prescrito, mesmo que ela se sentisse muito bem naquele momento. Caso se esforçasse demais, acabaria fracassando. “Exige muita disciplina mesmo”, afirma ela. “Um passo em falso e você volta à estaca zero.” Quando quebrava as regras e se esforçava além da conta, sentia como se seu corpo parasse de responder. “Era um calor que me subia dos pés à cabeça, quase como se tivessem me envenenado. E então passava semanas sem força para nada.” Foram necessários cinco anos de pura determinação, mas por fim ela conseguiu se livrar da fadiga e voltar à sua vida normal. Outros testes clínicos em menor escala sugeriam que Samantha não estava sozinha. Os resultados atestavam a utilidade tanto da TCC quanto da TEG para o tratamento da síndrome. No entanto, em vez de receberem essa descoberta de braços abertos, os grupos de pacientes as odiaram. “Foi recebida como um fiasco por quase todas as instituições de apoio aos pacientes do Reino Unido e ao redor do mundo”, conta White. Os grupos eram céticos quanto à possibilidade de um tratamento “psicológico” como a TCC ajudar pacientes com SFC e acreditavam que as metas de atividade da TEG eram muito perigosas. Argumentavam que a SFC é uma condição puramente física sem cura conhecida e, portanto, qualquer um que tenha sido ajudado por alguma das terapias de White com certeza não sofria da síndrome. Como alternativa, esses grupos de pacientes defendiam uma abordagem chamada regulagem (também conhecida como pacing). Ela permite que os pacientes adaptem suas vidas dentro dos limites físicos definidos pela doença e que não façam nada que os deixe próximos demais da exaustão. É algo que faria todo o sentido se a SFC fosse de fato incurável. Mas, de acordo com White, a abordagem pode se mostrar contraproducente, reforçando crenças negativas e preservando a doença em vez de permitir que os pacientes se recuperem. Quem tinha razão? White e seus colegas decidiram realizar um experimento definitivo. Eles procuraram a maior instituição de apoio aos pacientes do Reino Unido, a Action for ME, para desenvolver e dirigir um estudo de cinco anos de duração. Foram escolhidos 641 pacientes, divididos em quatro grupos. Um grupo de controle recebeu apenas o atendimento médico padrão—conselhos para evitar esforços demasiados, além de remédios para sintomas como depressão, insônia e dores, de acordo com a necessidade. Os demais grupos passaram pelo mesmo atendimento, e também por uma das seguintes alternativas: TCC, TEG ou regulagem, adaptada sob a forma de uma terapia (a terapia de regulagem adaptável, ou TRA). Os resultados foram publicados em 2011 na revista médica The Lancet. Revelou-se que a TRA era completamente ineficaz; os pacientes desse grupo não progrediram mais do que os do grupo de controle. Contudo tanto a TEG qu

Essa pergunta também está no material:

Cura - Jo Marchant (2)
361 pág.

Psicologia Universidade Federal FluminenseUniversidade Federal Fluminense

Respostas

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Qual é a abordagem que White utiliza em conjunto com a terapia cognitivo-comportamental (TCC) para tratar a síndrome de fadiga crônica (SFC)? White utiliza a terapia de exposição à atividade gradual (TEG) em conjunto com a terapia cognitivo-comportamental (TCC) para tratar a síndrome de fadiga crônica (SFC). A TEG encoraja os pacientes a se abrirem a novas ideias e formas de se superar, e ainda a descobrir se conseguem realizar pelo menos alguns movimentos. A esperança é que isso venha a reduzir seus temores, ajudando-os a perceber que talvez seja seguro fazer um pouco de exercício e que a possibilidade de recuperação é real.

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