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As novas legislações procuraram dar maior ênfase à necessidade de produção da prova pericial para o bom andamento do processo. As Ordenações Afonsi...

As novas legislações procuraram dar maior ênfase à necessidade de produção da prova pericial para o bom andamento do processo. As Ordenações Afonsinas de 1446, no item 16, do título 13, do primeiro livro, já admitia a prova por arbitramento, que deveria ser feita pelos Louvados, outra denominação dada ao Perito. Na mesma linha, as Ordenações Manuelinas, instituídas em 1521, também seguiam essa linha, influenciando as Ordenações Filipinas de 1603 que criou um título denominado ‘dos arbitradores’. No mesmo liame de desenvolvimento quanto à importância da atividade pericial, em 1579 é inserido no Direito Francês um artigo definindo que, nas causas relativas ao valor das coisas, deveriam ser decididas por peritos, não só por testemunhas. Além disso, em 1667, o Direito Francês se alinha ao entendimento dado pelo Direito Romano ao conceder às partes que litigam no processo o direito de escolher livremente os peritos, a exemplo da inovação trazida pelo Código de Processo Civil de 2015 (Lei n. 13.105/2015), em vigor atualmente no Brasil. A PERÍCIA NO BRASIL COLONIAL No direito processual brasileiro, mesmo com a Declaração da Independência, continuaram em pleno vigor as leis portuguesas referentes ao processo judicial, em grande parte por falta de equivalente nacional. Assim, naquilo que não contrariassem a soberania brasileira, permanecia em vigor as determinações processuais das Ordenações Filipinas. Apenas em 1832, com a edição do Código de Processo Penal para o Império, se criou um anexo denominado de ‘disposição provisória acerca da administração da justiça civil’, eliminando algumas formalidades desnecessárias, tais como a abolição dos juramentos de calúnia, sem, no entanto, apresentar trazer novos elementos sobre a atuação do perito no tocante ao processo judicial. Apesar de ter como objetivo a simplificação do procedimento judicial cível, principalmente quanto ao número de embargos e apelações permitidas pela legislação anterior, toda essa ‘evolução procedimental’ foi revogada pela Lei n. 261/1841. Assim, com a publicação da referida lei, o direito processual brasileiro volta a seguir as disposições das Ordenações Filipinas. Importante observação deve ser feita nesse ponto. O art. 197 do Reg. 737/1850 já previa a consulta entre os peritos [ainda chamados de arbitradores] na elaboração da prova pericial. Assim, do trabalho conjunto dos assistentes técnicos judiciais indicados pelas partes com o perito nomeado pelo juízo, seria redigido um documento único (laudo unânime) com os pontos de concordância. Caso houvesse algum ponto de discordância, caberia àquele que levantou a divergência, declarar a quais pontos se referida. Apesar de ser o primeiro ‘código de processo’ elaborado no Brasil, o Reg. 737/1850 estava vigente apenas para os processos comerciais, sendo que os processos cíveis continuavam sob a égide de farta legislação portuguesa. Em 1879, a pedido da Coroa, é organizada e publicada a Consolidação das Leis do Processo Civil, comentada pelo Conselheiro Dr. Antonio Joaquim Ribas. Neste documento, em seu art. 454 o autor traz a clara noção da essencialidade da perícia para trazer informação ou esclarecer fato que sejam fundamentais para a decisão do juízo. A PERÍCIA NA REPÚBLICA VELHA Com a Proclamação da República em 1889 foram editadas novas regras para o processo civil, em especial, o Dec. 763/1890 que resolve estender aos processos civis as normas do Reg. 737/1850. O objetivo dessa inovação processual era simplificar os procedimentos feitos no juízo singular, reduzir o número de recursos e agilizar a tramitação dos processos, retomando alguns princípios do processo civil constantes do Código Penal de 1832. A mudança do regime administrativo do país ocasionada pela expulsão da Monarquia Imperial, demandou uma nova Constituição. Em 1981, a Carta Magna da República estabeleceu a dicotomia entre a Justiça Federal e a Estadual, além de definir que a competência para legislar sobre matéria processual seria exercida pela União e pelos Estados, concorrentemente. Assim, passa a existir uma legislação federal disciplinando alguns aspectos do processo de natureza civil ao mesmo tempo em que surgem vários códigos estaduais, também definindo os procedimentos que deveriam ser aplicados aos processos submetidos ao juízo.

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00FORMAODEPERITOSJUDICIAIS_capa_isbn
286 pág.

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💡 1 Resposta

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O texto apresenta um histórico da evolução da perícia no Brasil, desde as Ordenações Afonsinas de 1446 até a Constituição de 1891. O autor destaca a importância da prova pericial para o bom andamento do processo e como as legislações foram se adaptando e evoluindo para garantir a sua realização de forma mais eficiente. O texto também menciona a influência do Direito Francês e do Direito Romano na legislação brasileira e como a perícia era realizada nos processos civis e comerciais.

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