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Prévia do material em texto

[
2] 
 
[
 3 ] 
 
 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE 
PERITOS JUDICIAIS 
 
 
 
 
 
 
Como se tornar um perito judicial sem concurso 
público, pós-graduação ou emprego oficial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
[
4] 
 
[
 5 ] 
Edilson Aguiais 
 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE 
PERITOS JUDICIAIS 
 
 
 
 
 
Como se tornar um perito judicial sem concurso 
público, pós-graduação ou emprego oficial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Goiânia, 2020 
 
 
[
6] 
© 2020 – IBCAPPA Instituto 
Todos os direitos reservados. 
 
 
 
 
Editoração eletrônica: IBCAPPA Instituto 
contato@ibcappa.com.br 
 
 
Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP) 
A282c Aguiais, Edilson 
 Curso de Formação de Peritos Judiciais : como se tornar um perito 
judicial sem concurso público, pós-graduação ou emprego oficial / Edilson 
Aguiais. Goiânia: IBCAPPA, 2020. 
 283 p. 14x21cm 
 ISBN: 978-65-00-09071-0 (e-book) 
1. Direito civil. 2. Perícia judicial. 3. Economia. I. Título 
CDD – 347 
 
 
 
 
Proibida a reprodução total ou parcial sem permissão expressa 
do Editor (Lei n. 9.610/1998). 
 
 
 
 
Direitos desta edição reservados a: 
Instituto Brasileiro de Consultoria, Auditoria, Perícia, 
Projetos e Avaliações Ltda 
Rua 72, n. 48 Sl. 1012 Jd. Goiás 
CEP 74096-250 Goiânia / GO 
https://www.ibcappa.com.br 
email: contato@ibcappa.com.br 
mailto:contato@ibcappa.com.br
https://www.ibcappa.com.br/
 
[
 7 ] 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
Agradeço primeiro a Deus, o Grande Arquiteto Do 
Universo, pela vida, pela saúde e pela oportunidade de 
aprender a cada dia um pouco mais. 
Agradeço aos meus pais (Valdir – in memoriam – e 
Vera Lúcia) pelas grandes e constantes ‘puxadas de orelha’ 
que tão bem me fizeram e me trilharam o caminho do 
sucesso. 
Para não criar uma extensa lista, agradeço a todos 
que me ajudaram de todas as formas durante minha vida 
profissional e acadêmica. 
À minha família, em especial à minha esposa Geane e 
à minha filha Isis, que são o meu porto seguro. 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A meus pais, 
Valdir Gonçalves de Aguiais (in memoriam) e 
Vera Lucia de Souza; 
 
À minhas irmãs 
Edivânia Souza de Aguiais Nery e 
Edilene de Souza Aguiais Saraiva; 
 
À minha esposa, 
Geane Lanusse Santana de Oliveira Aguiais que, 
às vezes sem compreender, sempre me deu todo o 
apoio necessário nessa nem sempre grata jornada; 
 
À minha filha Isis. 
 
 
Dedico esse livro por tudo que deles recebi (e recebo) 
e, principalmente, por terem me ensinado o valor de um 
abraço, de um sorriso e de um perdão. 
 
 
 
O AUTOR 
 
 
 
EDILSON AGUIAIS 
 
• Advogado, inscrito na OAB/GO sob o n. 59.889. 
• Economista, inscrito sob o n. 2.337/D CORECON/GO; 
• Mestre em Agronegócios pela Universidade Federal 
de Goiás – UFG (2013); 
• MBA em Perícia, Auditoria e Consultoria Econômico-
financeira (2014); 
• Especialista em Direito Tributário e Empresarial 
(2021); 
• Especialista em Gestão de Finanças Empresariais 
(2011); 
• Conselheiro no Conselho Regional de Economia 18º 
Região (2011-2020); 
• Presidente da Associação dos Economistas do Estado 
de Goiás (2011-2020); 
• Diretor no Instituto Brasileiro de Consultoria, 
Auditoria, Perícias, Projetos e Avaliações – IBCAPPA; 
• Professor Universitário na Pontifícia Universidade 
Católica de Goiás – PUC/GO; 
• Professor em diversos cursos de pós-graduação; 
• Consultor econômico-financeiro de empresas; 
• Perito Judicial nomeado em diversas varas cíveis do 
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás – TJ/GO; 
• Empresário; 
• Palestrante; 
• Projetista; 
• Aprendiz. 
 
 
PREFÁCIO 
 
 
 
 
 
 
O mundo do conhecimento é fascinante. 
Quando, depois de encontrar o caminho para mais e 
melhor, alguém se dispõe a compartilhar a luz do saber, 
então surge o professor. 
Melhor ainda quando eterniza seu aprendizado em 
um livro, e ali deposita toda sua expertise. 
Assim é com Edilson Aguiais no "Curso de Formação 
de Peritos Judiciais". 
No mundo jurídico, a perícia judicial é uma atividade 
essencial, consolidada e em franca expansão. 
Atualmente, mais do que nunca, a prova cabal é 
necessária para convencimento e pacificação de ânimos. 
No mínimo, sempre haverá uma relação triangular 
entre o perito do juízo e os assistentes técnicos das partes, 
ativa e passiva. 
Somente um consistente e bem fundamentado laudo 
pericial dará fim aos intermináveis debates processuais, 
inócuos e protelatórios em boa parte das vezes. 
Por isso, além dos que já atuam, ainda é necessária 
uma legião de peritos bem formados, para dar segurança 
jurídica aos litigantes e ao juízo. 
Professor Edilson é intrépido, persistente, estudioso, 
disciplinado, pesquisador, e está sempre em busca de mais 
aprender e evoluir. 
 
 
Mais do que tudo, é generoso, e, de forma 
transparente e desapegada, não se poupa em contar tudo o 
que sabe sobre perícia judicial. 
O livro "Curso de Formação de Peritos Judiciais" é um 
guia seguro para aqueles que pretendem ou já atuam neste 
segmento. 
É rico em história, legislação e procedimentos para 
bem desempenhar o ofício, inclusive trazendo modelos 
práticos. 
A didática empregada permite assimilação do 
conteúdo sem dificuldades. 
Após ler e estudar esta obra, o perito judicial 
certamente terá adquirido conhecimentos suficientes para 
prosseguir ou iniciar uma carreira promissora e exitosa. 
Prefaciar este livro muito me honra e alegra, porque 
tenho convicção de sua importância e utilidade. 
O professor Edilson tem o dom de tornar simples o 
que não é fácil. 
 
Bom proveito e sucesso aos leitores. 
 
Alceu André Hübbe Pacheco 
Advogado, perito financeiro e consultor empresarial 
Araranguá - SC 
 
 
SUMÁRIO 
APRESENTAÇÃO ................................................................................ 17 
PARTE I – FUNDAMENTAÇÃO ........................................................... 21 
UNIDADE I - A PERÍCIA E O PERITO ............................................... 23 
1 QUEM PODE SER PERITO JUDICIAL? ......................................... 25 
1.1 OS BENEFÍCIOS DA CARREIRA ........................... 28 
1.2 ONDE O PERITO TRABALHA? ............................. 30 
1.3 O PERITO É ESSENCIAL NO PROCESSO ............... 31 
1.4 PRECISO TER PÓS-GRADUAÇÃO? ...................... 35 
1.5 O CADASTRO DO PERITO NO TRIBUNAL ............ 39 
1.6 A ATUALIZAÇÃO DO PERITO ............................. 40 
1.7 NOMEAÇÃO DE ÓRGÃO TÉCNICO...................... 42 
1.8 CONCLUSÕES GERAIS ....................................... 43 
2 O PERITO JUDICIAL .................................................................... 45 
2.1 QUEM É O PERITO JUDICIAL? ............................ 46 
2.2 UM CONCEITO DE PERITO JUDICIAL .................. 48 
2.3 OS AUXILIARES DA JUSTIÇA .............................. 50 
3 A PERÍCIA ................................................................................... 57 
3.1 CONCEITUANDO PERÍCIA .................................. 59 
3.2 PERÍCIA OU DILIGÊNCIA? .................................. 61 
3.3 PERÍCIA COMO MEIO DE PROVA ....................... 65 
4 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA PERÍCIA .......................................... 69 
4.1 A PERÍCIA NA ANTIGUIDADE ............................. 69 
4.2 A PERÍCIA NO IMPÉRIO ROMANO ..................... 72 
4.3 A PERÍCIA NA IDADE MÉDIA .............................. 73 
4.4 A PERÍCIA NO DIREITO CANÔNICO .................... 74 
4.5 A PERÍCIA NO BRASIL COLONIAL ....................... 75 
4.6 A PERÍCIA NA REPÚBLICA VELHA ....................... 78 
4.7 A PERÍCIA NO CÓDIGO DE 1939 ......................... 79 
4.8 A PERÍCIA NO CODEX DE 1973 ........................... 82 
5 PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL ........................................ 85 
5.1 A PROVA PERICIAL ............................................ 86 
5.2 A PROVA TÉCNICA SIMPLIFICADA ..................... 90 
5.3 A ISENÇÃO TÉCNICA DAPERÍCIA ....................... 92 
 
 
5.4 PERÍCIAS EXTRAJUDICIAIS? ............................... 93 
UNIDADE II - ATUAÇÃO COMO PERITO JUDICIAL ......................... 97 
6 ATUAÇÃO DO PERITO JUDICIAL ............................................... 99 
6.1 COMO INICIAR SUA CARREIRA .......................... 99 
6.2 O CURRICULUM DO PERITO JUDICIAL ............... 101 
7 A NOMEAÇÃO DO PERITO ...................................................... 107 
7.1 IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO ........................... 108 
7.2 MOTIVOS DE IMPEDIMENTO ........................... 110 
7.3 MOTIVOS DE SUSPEIÇÃO ................................. 111 
7.4 O ASSISTENTE TÉCNICO ................................... 116 
7.5 A IMPUGNAÇÃO DA NOMEAÇÃO ..................... 118 
7.6 A SUBSTITUIÇÃO DO PERITO ............................ 122 
7.7 AS PENALIDADES PELO ATRASO ....................... 124 
8 PROCEDIMENTOS PÓS - NOMEAÇÃO ................................... 127 
8.1 A INTIMAÇÃO DO PERITO ................................ 127 
8.2 FAZENDO CARGA DO PROCESSO FÍSICO ........... 131 
8.3 A PROPOSTA DE HONORÁRIOS ........................ 133 
9 RECEBENDO OS HONORÁRIOS ............................................... 147 
9.1 CONSTRUINDO UMA CARREIRA ....................... 147 
9.2 O DEPÓSITO DOS HONORÁRIOS....................... 150 
9.3 ADIANTAMENTO DOS HONORÁRIOS ............... 151 
10 INICIANDO O TRABALHO TÉCNICO ................................... 153 
10.1 COMUNICAÇÃO DE INÍCIO DOS TRABALHOS 
TÉCNICOS PERICIAIS ................................................................ 153 
10.2 OS ASSISTENTES TÉCNICOS .............................. 155 
10.3 A REUNIÃO INICIAL DO PERITO COM OS 
ASSISTENTES TÉCNICOS........................................................... 157 
10.4 O ADVOGADO FISCALIZA A PERÍCIA? ................ 159 
10.5 AS DILIGÊNCIAS EM UMA PERÍCIA .................... 161 
11 O LAUDO TÉCNICO PERICIAL .............................................. 165 
11.1 A CONSTRUÇÃO DO LAUDO TÉCNICO ............... 165 
11.2 O LAUDO DEVE SER CONCISO E DIRETO ............ 167 
11.3 A FUNDAMENTAÇÃO DO LAUDO TÉCNICO ....... 169 
11.4 A UTILIZAÇÃO DE TERMOS TÉCNICOS ............... 170 
 
 
12 PROCEDIMENTOS APÓS A ENTREGA DO LAUDO TÉCNICO 
PERICIAL ........................................................................................... 173 
12.1 EVITANDO A IMPUGNAÇÃO DO LAUDO ........... 173 
12.2 SUBSTITUINDO O PERITO NOMEADO ............... 177 
12.3 OUTRO PERITO NO MESMO PROCESSO? .......... 177 
12.4 O PERITO PODE SER MULTADO? ...................... 179 
12.5 OUTRAS SITUAÇÕES ADVERSAS ....................... 182 
13 REFERÊNCIAS ........................................................................ 185 
PARTE II MODELOS DE DOCUMENTOS ........................................... 188 
PARTE III LEGISLAÇÃO APLICADA À PERÍCIA ............................... 259 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 17 ] 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
Esse livro surgiu do sonho de capacitar profissionais 
que não pertencem à área do Direito para atuar como peritos 
judiciais no que tange ao conhecimento do processo judicial 
de natureza civil. O objetivo principal deste livro é 
proporcionar aos profissionais das mais diversas áreas uma 
formação focada no aprendizado das principais questões que 
envolvem a rotina forense do perito, desde a elaboração de 
um bom curriculum até a última fase de atuação do perito 
em um processo judicial. 
A vivência nos tribunais e a experiência em sala de 
aula em diversas pós-graduações na área de perícias me 
levaram a perceber que a maioria dos livros voltados para a 
forma de atuação do perito deixava de tratar algumas 
questões que são simples para os peritos mais experientes 
mas que são barreiras quase intransponíveis para aqueles 
que estão no início da carreira e desejam se inserir em sua 
área de formação. 
Ao longo do livro eu busquei trazer exemplos simples, 
abordando como funciona o procedimento pericial tratando, 
inclusive, exaustivamente, de algumas questões que são 
eminentemente ligadas aos processos físicos. Apesar da 
prevalência dos processos eletrônicos, muitos jovens peritos 
ainda irão se deparar com processos físicos e, nesses casos, é 
preciso conhecer o procedimento a ser seguido. Então, nas 
partes em que são descritos procedimentos válidos apenas 
Edilson Aguiais 
 
[18] 
para os autos físicos, eu faço a devida referência para que, 
com isso, caso o leitor prefira, possa seguir adiante, sem 
perda de conteúdo. 
Em termos bem práticos, o que eu quero com esse 
livro é ensinar profissionais de diversas especialidades e 
diferentes formações profissionais a falar uma única 
linguagem, que é a linguagem do rito processual pericial. 
Esse é o segredo para que você possa colocar em prática as 
especialidades da profissão que você já exerce (ou área que 
você acabou de se formar). Aqui vou ensinar a você o que é 
preciso fazer dentro do rito processual pericial para colocar 
os conhecimentos técnicos e científicos da profissão que você 
já domina a serviço do Poder Judiciário no Brasil. 
Esse livro foi projetado para pessoas que estão 
dispostas a ingressar em uma carreira profissional que tem 
crescido muito nos últimos anos. A perícia judicial é uma 
excelente opção para quem quer gerar renda extra e uma 
oportunidade ímpar para aqueles que desejam se inserir no 
mercado em sua área de formação. Cada dia mais pessoas 
têm decidido se tornar peritos judiciais devido à segurança 
dessa atividade profissional dentre as quais se destacam: 
flexibilidade de horários e prazos de entrega do laudo. 
Atualmente existem mais de 100 milhões de processos 
em trâmite no judiciário e quase 1 milhão de advogados 
atuando nesses processos1. Este é o tamanho do mercado da 
profissão do perito judicial no Brasil. 
Para atuar como perito judicial não é necessário 
prestar concurso público ou realizar pós-graduação, nem 
estar vinculado a entidades de perícia ou emprego oficial. 
Podem se tornar peritos: administradores, economistas, 
contadores, agrimensores, profissionais de TI e de turismo, 
engenheiros, profissionais das áreas de comércio exterior, 
 
11 Justiça em números, CNJ, 2019 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 19 ] 
médicos, biomédicos, psicólogos, enfermeiros, assistente 
sociais e todos os profissionais que possuam curso superior 
completo2. 
Até o final do livro você terá todo conhecimento de 
como é a atuação do perito dentro do poder judiciário 
brasileiro e terá acesso a praticamente todos os modelos de 
documentos e petições que você irá usar no seu dia a dia 
como perito judicial. Nesse ponto, eu disponibilizei na Parte 
II do livro mais de 50 modelos de petições que você 
necessitará para atuar com sucesso nessa honrosa carreira. 
Ao longo do livro serão abordados os pontos 
fundamentais para se tornar um perito judicial, desde como 
fazer um bom curriculum, como se apresentar ao juiz, como 
fazer a proposta de honorários, como receber os seus 
honorários e muito mais. Esse é o livro mais completo com o 
foco na formação de peritos judiciais disponível no 
mercado. 
O leitor ideal para esse livro é qualquer profissional 
que seja formado no ensino superior ou esteja cursando um 
curso superior nas áreas de administração, ciências 
contábeis, economia, engenharia civil, engenharia elétrica, 
engenharia mecânica, química industrial, engenharia em 
segurança do trabalho, medicina, biomedicina, odontologia, 
serviço social, enfermagem, etc. e que esteja em busca de 
criar ou aumentar a sua renda colocando seus conhecimentos 
à disposição do Poder Judiciário no Brasil. 
Entretanto, apesar de habilitado legalmente a exercer 
sua profissão, antes de realizar os contatos iniciais buscando 
obter a primeira nomeação como perito judicial é importante 
você estar atualizado quanto ao que se denomina rotina e 
 
2Mesmo os profissionais que não possuam curso superior podem atuar como peritos, 
em situações excepcionais e a escolha do juízo, desde que sejam especializados nos 
assuntos que serão discutidos no processo. 
Edilson Aguiais 
 
[20] 
burocracia forense. Esse é o objetivo desse livro e, por isso, é 
de suma importância que você o tenha sempre em mãos, 
fazendo a leitura do mesmo quantas vezes forem necessárias 
para o completo entendimento do modo de funcionamento da 
burocracia forense, porque os conhecimentos da sua área de 
formação eu sei que você já possui. Lembre-se: a perícia 
requer conhecimentos técnicos e científicos para esclarecer 
aquilo que o leigo não tem conhecimento, mas é preciso 
conhecer a burocracia forense para executar um trabalho 
pericial com confiança. 
Essa obra trabalha de forma prática e clara os 
principais aspectos da perícia e sobre a atuação do perito no 
processo judicial, atentando para as recentes modificações 
introduzidas no ordenamento jurídico introduzidas pelo novo 
Código de Processo Civil - CPC (Lei n. 13.105/2015). Com 
exemplos práticos e modelos dos principais documentos 
utilizados pelo perito no cotidiano de sua atuação 
profissional, esse livro atende aos interesses dos mais 
diversos tipos de leitores, desde estudantes até profissionais 
experientes, detalhando a fundamental importância do 
conhecimento da rotina forense para o sucesso profissional. 
Sei que é muita pretensão acreditar que isso caberia 
em um livro, mas aqui deixo a minha singela contribuição. 
 
 
O autor 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 21 ] 
 
 
 
 
 
 
 
 
PARTE I – FUNDAMENTAÇÃO 
 
 
 
 
 
Edilson Aguiais 
 
[22] 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 23 ] 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE I - A PERÍCIA E O PERITO 
 
 
 
 
 
Edilson Aguiais 
 
[24] 
 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 25 ] 
1 QUEM PODE SER PERITO JUDICIAL? 
 
 
 
 
 
 
 
O perito judicial é um cidadão comum que tenha vasto 
conhecimento sobre determinado assunto e que é chamado 
pela justiça para esclarecer questões técnicas e científicas em 
um processo judicial. Por isso mesmo é que podem ser peritos 
judiciais praticamente todos os profissionais legalmente 
habilitados, de ambos os sexos e de qualquer idade. Ou seja, 
cada profissional será o perito exercendo sua própria área de 
formação e especialidade. Dessa forma: médicos farão 
perícias de medicina; engenheiros farão as perícias de 
engenharia; administradores, contadores e economistas farão 
perícias de cálculos financeiros e cálculos trabalhistas; e 
assim por diante3. 
Existem inúmeros motivos para se atuar nessa 
atividade profissional, dentre os quais destacam-se: 
I - carreira sólida: as pessoas que trabalham na 
iniciativa privada, tanto em grandes empresas quantos nas 
menores, certamente se sentem inseguras quanto ao futuro 
do seu emprego. Mesmo que você atue em uma área que 
tenha carreira estável, existe a possibilidade de ser demitido, 
por um motivo ou outro. Os casos de demissão são quase 
 
3 Como esse livro é destinado a profissionais das mais diferentes áreas de formação 
(administradores, contadores, economistas, médicos, biomédicos, engenheiros, 
psicólogos, veterinários, assistentes sociais, etc.) não se buscou fazer uma clara 
limitação das áreas de atuação de cada profissional, mesmo sabendo que existem 
áreas específicas de atuação de cada um dos profissionais peritos. 
Edilson Aguiais 
 
[26] 
sempre imprevisíveis. Diferentemente do que acontece no 
mercado de trabalho formal, a atividade de perito judicial, 
por suas próprias características de auxiliar do juízo, pouco 
depende de fatores externos ou do humor do mercado e, 
exatamente por isso, tem se tornado muito atrativa para 
aqueles que buscam segurança em uma atividade 
profissional 
II - renda extra: a atuação como perito judicial pode 
ser utilizada como uma importante fonte de renda extra, 
principalmente para servidores públicos. É bastante comum 
encontrar funcionários públicos ou servidores de estatais que 
também atuam na área pericial, graças à flexibilidade de 
horários que é possível obter como perito. Conheço casos de 
funcionários públicos que, devido ao volume razoável de 
perícias, preferiram se aposentador no seu trabalho para 
viver unicamente de perícia. 
III - fonte alternativa de renda: os atrativos da 
atividade pericial são tão grandes que até mesmo pessoas 
que já se aposentaram, mas que ainda se sentem em 
condições de trabalhar, têm encontrado na atuação como 
perito judicial uma oportunidade para utilizar seus 
conhecimentos adquiridos ao longo de sua vida profissional. 
Considerando que em 2019 tramitaram no judiciário 
brasileiro cerca de 110 milhões de processos, segundo dados 
do Conselho Nacional de Justiça - CNJ4, é possível estimar o 
tamanho do mercado de atuação para o perito. Além disso, 
segundo o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do 
Brasil – OAB existem, no Brasil, mais de 1 milhão de 
advogados. Considerando que o perito também pode atuar 
como assistente técnico5, é uma carreira em franca expansão. 
 
4 CNJ, Conselho Nacional de Justiça. Justiça em números 2019: ano-base 2018. 
Brasília: CNJ: 2019. 
5 Enquanto o perito judicial é um auxiliar da justiça, o assistente técnico (ou perito-
assistente) é um auxiliar da parte. Portanto, para cada processo que tenha como 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 27 ] 
Por esses dias o síndico do condomínio onde moro resolveu 
contratar uma nova empresa de contabilidade. Segundo ele, 
a empresa que nos atendia não estava sendo suficientemente 
profissional e ele precisava fazer essa mudança. Mesmo não 
sendo necessário, ele preferiu levar esse assunto para a 
reunião de condomínio. No momento de apresentar o novo 
profissional que seria o responsável pela gestão contábil do 
condomínio por várias vezes ele ressaltou que, além de 
contador, ele era perito judicial especializado em 
condomínios. O mais interessante era ver a expressão no 
rosto dos condôminos ao falarem pessoalmente com um 
perito judicial. Nem precisa contar o resultado, né? 
Aprovado por unanimidade. Até eu fiquei mais tranquilo ao 
saber que estávamos contratando um perito, não um 
aventureiro qualquer. Esse é o poder de marketing que a sua 
atuação como perito pode trazer para a sua carreira. 
Além disso, a perícia judicial pode ser importante 
fonte de renda também para os profissionais liberais. Isso 
acontece porque grande parte dos conhecimentos exigidos 
para se atuar como perito judicial já faz parte das atividades 
cotidianas desses profissionais. Ou seja, até mesmo para 
aquelas pessoas que escolheram atuar no mercado como 
profissionais liberais, atuar como perito judicial pode ser 
uma importante complementação de renda. 
E, mais do que complemento de renda, ser perito 
judicial permite novas experiências que, além de contribuir 
para o seu aprimoramento profissional, servem como um 
bom diferencial de marketing na escolha do seu cliente. 
Para os mais jovens e para aqueles que, mesmo 
formados em curso superior ainda não conseguiram se 
inserir na sua área de atuação, a oportunidade de trabalho 
 
fundamento alguma questão técnica ou científica será necessário, no mínimo, 3 
profissionais especializados (1 perito e 2 assistentes técnicos). 
Edilson Aguiais 
 
[28] 
como perito judicial ou assistente técnico pode ser a forma de 
se inserir efetivamente no mercado. 
A lógica é bastante simples: com a evolução da 
educação formal, cada dia mais as pessoas estão se tornando 
conscientes de seus direitos. Ora, se há uma violação do 
direito de alguma pessoa, o normal é ela buscar socorro junto 
ao judiciário, ficando nas mãos do juiz a decisão sobre ‘a 
quem cabe a razão’. Nesse caso, se a solução da questão 
exigir conhecimento técnico, ou seja, se a fonte desse direito 
violadoé de natureza técnica, é obrigação do juiz constituir 
um perito judicial para auxiliá-lo elidir a questão, conforme 
explicado anteriormente. 
1.1 OS BENEFÍCIOS DA CARREIRA 
Existem tantos benefícios em se atuar como perito 
judicial que mesmo aquelas pessoas que estão buscando 
alguma oportunidade profissional mais concorrida, ter em 
seu curriculum uma atuação como perito é muito importante 
e, com certeza, será um fator competitivo em qualquer 
entrevista de seleção. 
Uma atuação de sucesso como perito leva o 
profissional a se especializar cada vez mais na sua área de 
atuação, como o que acontece com administradores, 
contadores e economistas encontram nos cursos sobre 
perícias em cheque especial, cálculos trabalhistas, 
recuperação judicial, lucros cessantes, leasing, sistema 
financeiro da habitação e outros contratos financeiros a sua 
forma de se especializar como perito. Do mesmo modo, 
engenheiros, arquitetos e corretores de imóveis vão buscar 
maiores conhecimentos nas técnicas de avaliação de imóveis, 
etc. 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 29 ] 
Outra área que tem crescido muito ultimamente é a 
perícia grafotécnica, que é um procedimento técnico no qual 
o profissional especializado em escrita irá determinar, por 
meio de técnicas próprias, a validade de determinado 
documento, sendo muito utilizada em análise de 
testamentos, escrituras antigas, etc. 
É importante lembrar que o perito não é um 
funcionário público, ou seja, não é preciso fazer algum 
concurso público para começar a sua atuação como perito 
judicial. O perito é uma pessoa designada pela justiça, em 
caráter momentâneo, para fornecer um laudo elucidando 
algum ponto duvidoso ao juízo e que exija a aplicação de 
algum conhecimento técnico ou científico. O seu papel é de 
auxiliar a justiça, nos termos do art. 149, CPC, in verbis. 
Art 149. São auxiliares da justiça, além de outros cujas 
atribuições sejam determinadas pelas normas de 
organização judiciária, o escrivão, o chefe de secretaria, o 
oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o 
intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o 
partidor, o distribuidor, o contabilista e o regulador de 
avarias. 
Como um auxiliar da justiça, a atuação do perito se 
dará de modo bem parecido com um profissional liberal, 
sendo nomeado exclusivamente nos processos que necessitem 
de seu conhecimento técnico ou científico. Por isso que o 
perito nomeado deve possuir especialidade no assunto que a 
matéria periciada exigir, pois seu papel é suprir as 
ineficiências naturais do juiz, que é um profundo conhecedor 
das leis, mas que, como esperado, não possui conhecimentos 
avançados em finanças, engenharia ou medicina, por 
exemplo. 
Edilson Aguiais 
 
[30] 
Ora, o resultado da perícia será a emissão de um 
laudo técnico, esclarecendo as questões de modo detalhado 
para que o juiz possa tomar sua decisão do modo mais justo 
possível, não se atendo apenas às características da lei, mas, 
principalmente, às particularidades do caso concreto. Ou 
seja, o juiz irá emitir a sua sentença tendo como uma de suas 
fundamentações o documento técnico elaborado pelo perito. 
1.2 ONDE O PERITO TRABALHA? 
Você pode ser perito na justiça estadual, federal ou do 
trabalho ou, ao mesmo tempo, em ambas. Aliás, aqueles 
profissionais que dedicam mais tempo à perícia acabam 
sendo nomeados em pelo menos duas delas. Além disso, o 
perito pode atuar em diversos processos a um só tempo, em 
sua cidade ou em cidades vizinhas. Isso acontece porque não 
há um limite legal de processos que um profissional pode 
trabalhar ao mesmo tempo, tudo depende da sua capacidade 
técnica e da qualidade do trabalho que você vai oferecer ao 
judiciário. 
Veja a fundamentação legal para a nomeação do 
perito nos processos judiciais, conforme regra definida no 
art. 156, CPC: 
Art. 156 - O juiz será assistido por perito quando a prova do 
fato depender de conhecimento técnico ou científico. 
Interessante é ver que uma leitura menos atenta 
desse artigo faz parecer que há uma escolha do juiz em 
nomear ou não um perito, naqueles processos em que seja 
necessária a aplicação do conhecimento técnico ou científico. 
Entretanto, cabe observar que essa é uma norma cogente, ou 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 31 ] 
seja, há aqui a imposição da lei para que o juiz seja auxiliado 
por perito nos processos que tenham como essência da lide 
questões técnicas. 
1.3 O PERITO É ESSENCIAL NO PROCESSO 
Por esse motivo entende-se que “a nomeação do perito 
é indispensável, mesmo que o juiz tenha conhecimento 
técnico pertinente” (THEODORO JR, 2015 p. 592). Em 
outras palavras, o juiz “não pode substituir critérios técnicos 
[de perito] por sua própria análise”6 visto que a produção da 
prova técnica pericial é um direito das partes, ancorada no 
contraditório técnico, o que não aconteceria caso o juiz 
atuasse também como perito. Assim, “se não existe juiz-
testemunha, também não pode existir juiz-perito” 
(Dinamarco, 2019 p. 585) 
Então, mesmo que o juiz tenha alguma formação em 
medicina, ele não pode julgar como se fosse um médico pois o 
seu papel no processo é atuar como magistrado. Assim, em 
um caso como esse, é preciso que seja nomeado um perito 
médico, especializado no assunto do qual é objeto a perícia e, 
a partir das provas produzidas pelo perito, o juiz irá tomar a 
sua decisão. O mesmo caso se aplica caso o juiz tenha 
conhecimentos em engenharia, contabilidade, economia etc. 
A proibição que tem o juiz de se utilizar de seu 
conhecimento em matérias que exijam conhecimento técnico 
ou científico especializado advém da própria norma 
processual, que dispõe em seu art. 375, que: 
 
6 STJ, 2ª T., REsp 815.191/MG, Rel. p/ ac. Min. Eliana Calmon, ac. 12.02.2006, 
DJU 05.02.2007, p. 207. 
Edilson Aguiais 
 
[32] 
Art. 375. O juiz aplicará as regras de experiência comum 
subministradas pela observação do que ordinariamente 
acontece e, ainda, as regras de experiência técnica, 
ressalvado, quanto a estas, o exame pericial. 
Sobre esse tema, importante lição é apresentada pelo 
prof. Reinaldo Alberto Filho ao afirmar que ‘o juiz não pode 
usar de seu virtuoso conhecimento cultural-técnico-científico, 
devendo agir como homo medius, mesmo que também seja 
um engenheiro, médico, et coetera, sob pena de nulidade de 
todo o processo, a partir de sua manifestação, como se um 
técnico fosse.”7. 
 “Em se tratando de matéria complexa, em que se exige o 
conhecimento técnico ou científico, a perícia deve ser 
realizada. O juiz, ainda que não esteja vinculado às 
conclusões do laudo pericial, não pode realizar os cálculos 
‘de próprio punho’. Isso porque, com a determinação da 
perícia, as partes terão a oportunidade de participar da 
produção probatória, com a nomeação de assistentes 
técnicos e a formulação de quesitos”. STJ, AgRg no AREsp 
184563 / RN, j 16.08.2012. 
Em outros termos, considerando a norma cogente8 de 
nomeação do perito naqueles processos em que a solução da 
demanda dependa de conhecimento especializado, há 
entendimento pacificado da necessidade desse profissional, 
não podendo o juiz, mesmo que tenha conhecimento para tal, 
adentrar à análise das questões técnicas. 
 
7 ALBERTO FILHO, op. cit., 2015, p.18. 
8 Norma cogente: Aquela que impõe de modo absoluto; obrigatória e necessária à 
organização e ao equilíbrio da vida social (SANTOS, 2001, p. 146). 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 33 ] 
Apesar de ser essa a noção dominante no meio 
jurídico, o Prof. Alberto Franqueira Cabral, em seu Manual 
da Prova Pericial, define que “quando o juiz não dispõe de 
tempo para se aprofundar na matéria e proceder, direta e 
pessoalmente à verificação e apreciação de certos fatos, suas 
causas e consequências, o trabalho visando a tal objetivo se 
fará através da perícia”. Ou seja, mesmo queo CPC seja 
bastante específico quanto à essencialidade da atuação do 
perito para a efetivação da Justiça, alguns autores ainda 
apresentam seus conceitos muito mais ligados à falta de 
tempo do julgador para estudar a matéria em específico. 
Como o perito terá sua atuação como um auxiliar do 
juízo, substituindo o juiz nas matérias técnicas das quais ele 
não tem conhecimento, entende-se que o magistrado é o 
peritus peritorum (perito dos peritos) e, exatamente por 
isso, a sua decisão não deverá ficar circunscrita às conclusões 
obtidas no laudo pericial. Essa regra, inclusive, está descrita 
no artigo 436, CPC. 
Art. 436: o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo 
formar sua convicção com outros elementos ou fatos 
provados nos autos. 
Grosso modo, ao emitir a sentença o juiz irá analisar 
todo o conjunto probatório existente no caderno processual e, 
partir disso, irá formar sua convicção sobre a verdade dos 
fatos e, por conseguinte, decidir a quem cabe o direito. Como 
já foi dito anteriormente, apesar da importância da perícia 
como meio de prova em um processo judicial, não há de se 
falar em hierarquia das provas, ou seja, todas as provas 
deverão ser ponderadas quando da decisão judicial. 
Apesar de não existir um meio de prova que seja 
considerado mais importante que o outro, o art. 371 do CPC 
Edilson Aguiais 
 
[34] 
impõe ao magistrado a exigência de esclarecer na sua decisão 
quais foram as suas razões de convencimento, considerando 
o alcance do princípio do livre convencimento motivado. 
Na mesma linha, ao destacar a importância do artigo 
citado, o art. 479 traz como regra que o juiz deve elucidar na 
‘sentença os motivos que o levaram a considerar ou deixar de 
considerar as conclusões do laudo, levando em conta o 
método utilizado pelo perito’9. Ou seja, tal é a importância da 
prova pericial que a sua desconsideração vai além da mera 
escolha do juiz, por este ou por aquele motivo. É preciso 
apresentar uma argumentação filosófica de conteúdo. Em 
suma, é exigido que o juiz faça firme fundamentação e 
argumentação para desconsiderar os resultados obtidos pela 
prova técnica. 
Nesse sentido: 
PROVA PERICIAL - PREVALÊNCIA -Frise-se que o julgador 
não está adstrito ao laudo pericial oficial (artigo 436 do 
CPC), pois a perícia é meio elucidativo e não conclusivo, 
podendo formar sua convicção com outros fatos ou elementos 
presentes nos autos, segundo o princípio da persuasão 
racional livre e convencimento motivado. Todavia, somente 
diante de elementos de convicção consistentes em sentido 
contrário é que a prova técnica pode ser desprezada pelo 
julgador. Não sendo elididos os levantamentos periciais, 
prevalecem, as conclusões do expert. 
(TRT-3 - RO: 03218201203103000 0003218-17.2012.5.03.0031, 
Relator: Marcio Flavio Salem Vidigal, Quinta Turma, Data 
de Publicação: 05/05/2014,02/05/2014. DEJT/TRT3/Cad.Jud. 
Página 262. Boletim: Não.) 
Ora, a prova técnica pericial é necessária para que se 
possa esclarecer os fatos que dependam de conhecimento 
 
9 Art. 479, Lei n. 13.105/2015. 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 35 ] 
especializado em determinada área. Dessa forma, é 
imperativo que o juízo venha a se valer da perícia em 
quaisquer casos em que exista premente necessidade de 
aplicação de conhecimento técnico ou científico. Nesse ponto 
é importante ressaltar que a realização da perícia é um 
direito das partes e, em caso de uma negativa que não seja 
suficientemente fundamentada, as partes que litigam no 
processo podem suscitar o cerceamento de defesa, pelo 
impedimento da realização da prova técnica10. 
1.4 PRECISO TER PÓS-GRADUAÇÃO? 
Outro ponto importante que já citado anteriormente: 
para se tornar perito é preciso ser legalmente habilitado na 
sua profissão e especializado no assunto da perícia que está 
sendo exigida. É esse o entendimento do art. 465 do CPC que 
define que: 
Art 465 - o juiz nomeará perito especializado no objeto da 
perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo. 
Aqui cabe importante observação: com o crescimento 
do número de processos em tramitação no poder judiciário11 
houve um aumento considerável da demanda por peritos 
(mais pessoas conscientes de seus direitos geram demandas 
mais específicas e, na maioria delas, é necessário o 
conhecimento especializado de um perito). Por isso, vários 
cursos de pós-graduação (lato sensu) foram criados para 
atender esse público que, nos termos da lei, para ser 
 
10 STJ, REsp. 1549510 / RJ, j. 23.02.2016. 
11 CNJ, op. cit. 2018. 
Edilson Aguiais 
 
[36] 
nomeado pelo juiz, precisa ser “especializado no objeto da 
perícia”. 
O ponto em questão é que você não precisa estar 
cursando ou ter concluído uma pós-graduação em 
perícia para poder atuar como perito (judicial ou 
extrajudicial), mesmo sabendo que será muito bom para sua 
carreira profissional se você fizer uma pós-graduação nessa 
área. Diferentemente do que alguns mais incautos 
acreditam, uma pós-graduação em perícia irá apenas te 
certificar como especialista em determinado assunto, não 
como especializado12. O profissional especializado é um 
profissional experimentado, que tem grande conhecimento 
sobre determinado assunto. 
Em suma, você não é obrigado estar cursando ou ter 
concluído uma pós-graduação em perícia judicial (ou 
qualquer outra nomenclatura atribuída pelos profissionais 
do marketing) para poder trabalhar na função de perito. O 
fundamento está no parágrafo primeiro do art. 156 do CPC 
que diz o seguinte: 
Art 156 - § 1º os peritos serão nomeados entre os profissionais 
legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos 
devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao 
qual o juiz está vinculado. 
Em outros termos, a nomeação do perito se dará 
apenas entre os profissionais que sejam legalmente 
habilitados e que estejam inscritos no cadastro feito pelo 
próprio tribunal. Cabe relembrar que não é no cadastro de 
 
12 especialista é uma certificação que você recebe de uma instituição após concluir 
uma pós-graduação lato sensu enquanto o termo especializado está mais ligado ao 
nível de conhecimento sobre determinado assunto que uma pessoa possui, mesmo 
sem possuir o título de especialista. 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 37 ] 
nenhuma associação, instituto ou qualquer outra entidade de 
classe. 
Nessa mesma esteira, o Conselho Nacional da Justiça 
– CNJ fez publicar a Res. 233/2016 determinando que todos 
os tribunais criassem um Cadastro Eletrônico de Peritos e 
Órgãos Técnicos e Científicos – CPTEC e, mais do que isso, 
vedou a nomeação de profissional que não estivesse 
devidamente incluído neste ‘banco de peritos’. 
Cabe aqui outra importante observação: até a edição 
do Código de Processo Civil de 2015, corretores de imóveis, 
técnicos em segurança do trabalho, técnicos em agrimensura 
e grafotécnicos eram os únicos profissionais de nível técnico 
que poderiam ser peritos, tanto judiciais quanto 
extrajudiciais13. 
Essa regra mudou a partir da vigência do CPC/2015. 
Isso acontece porque, o §1º do art. 156, que é quem define as 
pessoas que poderão ser nomeados como peritos, deixou de 
exigir formação superior, como estava descrito no CPC/1973. 
Então, para ser perito, a lei não mais exige que o profissional 
tenha algum curso superior completo. A exigência é apenas 
que seja legalmente habilitado e especializado no objeto da 
perícia. 
Ora, o entendimento desse preceito legal é que para 
ser perito você precisa apenas ser um profissional 
legalmente habilitado (ter uma lei que te habilite a fazer tal 
 
13 Havia uma regra no CPC/1973 de que só poderiam ser peritos os profissionais de 
formação universitária como, de certo modo, garantir a ‘pureza da prova técnica 
pericial. O CPC/2015 retirou essa obrigatoriedade de ensino superior para atuar 
como perito, exigindo apenas a habilitaçãolegal (em alguns casos, a regra é mais 
rígida) e a especialidade (que, apesar de recomendada, não era uma realidade com o 
CPC/1973). 
Edilson Aguiais 
 
[38] 
trabalho)14 e estar inscrito no cadastro mantido pelo tribunal 
ao qual o juiz está vinculado. 
Aqui cabem muitas discussões que não entrarei no 
mérito, mas o importante é você saber que, estando 
registrado e adimplente com o seu órgão de fiscalização da 
profissão (CRM, CRC, CRA, CORECON, CREA, etc.) você 
está autorizado pelo CPC para ser perito. Não é obrigatório 
estar em cadastro de nenhum outro órgão, apenas no 
cadastro do tribunal ao qual o juiz está vinculado. 
Em se tratando de profissionais legalmente 
habilitados, no caso de profissionais que possuem um órgão 
de fiscalização profissional (exemplo: CRM, CREA, CRECI, 
CORECON, CRC, CRA, dentre outros), esse profissional 
deve estar ativo e regular com suas obrigações pecuniárias 
junto ao seu órgão de fiscalização, para que não sejam 
suspensos seus direitos de profissional desta categoria. Mas, 
lembre-se: conselhos são órgãos de fiscalização profissional, 
não são entidades de classe (como associações, sindicatos, 
institutos, etc.), cuja inscrição é facultativa. 
Em outras palavras: se a sua profissão possuir algum 
órgão de fiscalização profissional, você deve estar registrado 
e adimplente junto a esse órgão para que seja considerado 
legalmente habilitado e, portanto, possa ser nomeado perito. 
Por outro lado, se a sua profissão não tiver uma entidade que 
promova a fiscalização da profissão, não é obrigatório estar 
vinculado a nenhuma associação de peritos, instituto de 
perícia ou outras denominações quaisquer15. 
 
14 Aqui o sentido de lei é lato sensu, ou seja, desde que haja alguma resolução, 
portaria, etc. de um ente com atribuições legais para definir a área de atuação de 
uma determinada categoria profissional. 
15 O CPC foi silente acerca dos profissionais que não possuem conselhos de 
fiscalização profissional, tais como profissionais de TI, Letras, Pedagogia, etc. 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 39 ] 
1.5 O CADASTRO DO PERITO NO TRIBUNAL 
À luz dessa inovação trazida pelo CPC de 2015 (e 
confirmada pela Res. 233/2016 – CNJ), de que passa a ser 
necessário estar cadastrado em ‘cadastro mantido pelo 
tribunal’, surgiram milhares órgãos, institutos e associações 
profissionais se dizendo as únicas representantes dos peritos 
e organizando os mais diferentes tipos de cadastro (e 
cobrando por isso). A meu ver, essa confusão foi gerada pelo 
parágrafo segundo do art. 156 ao definir que: 
Art 156 - § 2º para formação do cadastro, os tribunais devem 
realizar consulta pública, por meio de divulgação na rede 
mundial de computadores ou em jornais de grande 
circulação, além de consulta direta a universidades, a 
conselhos de classe, ao Ministério Público, à Defensoria 
Pública e à Ordem dos Advogados do Brasil, para a 
indicação de profissionais ou de órgãos técnicos 
interessados. 
Pelo disposto na legislação, a conclusão é bem 
simples: se haverá uma consulta às universidades, a 
conselhos de classe, ao ministério público e etc. o normal 
seria que esses órgãos, de antemão, criassem uma lista dos 
profissionais que tivessem interesse em atuar como peritos 
para que, em caso de ser feita uma consulta pelo tribunal, 
essa lista fosse gentilmente cedida ao Poder Judiciário. 
Ora, esse mandamento do CPC gerou uma infinidade 
de outras regras infralegais, onde diversos conselhos 
profissionais começaram criar critérios para que os 
Edilson Aguiais 
 
[40] 
profissionais fiscalizados por esse conselho pudessem 
participar dessa lista, em um efeito cascata16. 
Não cabe a mim decidir se a postura desses conselhos 
em criar procedimentos para impedir o acesso de todos seus 
inscritos à provável lista que seria demandada pelo poder 
judiciário foi certa ou errada. A minha observação é apenas 
quanto à literalidade do texto legal que elenca vários outros 
meios de formação do cadastro de peritos, não apenas as 
listas fornecidas ao judiciário pelos conselhos de fiscalização 
profissional. Entretanto, esse imbróglio ultrapassa, em 
muito, os limites desse livro. 
1.6 A ATUALIZAÇÃO DO PERITO 
Continuando a nossa análise do texto legal, o §3º do 
art. 156 define que é preciso que o perito se mantenha 
constantemente atualizado e, daí advém a importância de se 
participar de programas de formação continuada. Esse 
entendimento ficou definido legalmente da seguinte forma: 
Art. 156 - § 3º os tribunais realizarão avaliações e 
reavaliações periódicas para manutenção do cadastro, 
considerando a formação profissional, a atualização do 
conhecimento e a experiência dos peritos interessados. 
Novamente, pela ordem emanada o legislador, quem é 
o responsável pela manutenção do cadastro de peritos é o 
próprio tribunal ao qual o juiz está vinculado e, portanto, 
cabe a ele realizar as avaliações e reavaliações periódicas 
 
16 Diversos conselhos profissionais entenderam que, diante da possibilidade de 
consulta pelo Poder Judiciário, conforme previsto no CPC, seria necessário criar 
cadastros de profissionais habilitados a fazer perícias judiciais, com critérios de 
inserção, exclusão e permanência. Além disso, surgiram inúmeros cadastros 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 41 ] 
para manutenção do seu cadastro. Entretanto, apesar da 
literalidade da lei, talvez pela dificuldade prática em se 
realizar tal feito, essa tarefa foi transferida 
extraoficialmente aos conselhos profissionais e demais 
órgãos de representação profissional. 
Assim, foram criados diversos programas de formação 
continuada, visando manter os peritos atualizados em suas 
respectivas áreas de atuação e, com isso, elevar a qualidade 
técnica do trabalho oferecido ao Poder Judiciário. Do mesmo 
modo, foram criados programas de certificação em muitos 
institutos e associações visando dar destaque aos 
profissionais mais qualificados e, com isso, inibir a entrada 
de aventureiros que, por falta de qualificação técnica, 
possam promover um desserviço à justiça brasileira. 
Entretanto, mesmo com todos os benefícios advindos 
dos programas de formação continuada e dos programas de 
certificação profissional criados no âmbito dos conselhos 
profissionais e demais órgãos de representação profissional, 
a intenção do legislador era manter a cargo do próprio Poder 
Judiciário a manutenção do cadastro de peritos habilitados. 
Corrobora com esse entendimento o que está expressamente 
disposto no parágrafo segundo do art. 157 do CPC que 
define: 
Art. 157 - § 2º será organizada lista de peritos na vara ou na 
secretaria, com disponibilização dos documentos exigidos 
para habilitação à consulta de interessados, para que a 
nomeação seja distribuída de modo equitativo, observadas a 
capacidade técnica e a área de conhecimento. 
Ou seja, de acordo com o texto legal, a vara ou 
secretaria do tribunal fará e manterá a lista de peritos. Esse 
procedimento, segundo a legislação processual, seria 
Edilson Aguiais 
 
[42] 
necessário para que se tenha uma distribuição mais justa e 
equitativa dos trabalhos periciais, de acordo com a 
capacidade técnica de cada perito. Ora, da leitura da lei se 
percebe que o perito deve ter cadastro na vara do tribunal ao 
qual o juiz está vinculado, não em algum site de instituto de 
perícia ou associação com qualquer nome. 
Não custa ressaltar que você não está impedido de 
participar (ou até mesmo organizar) algum instituto ou 
associação que reúna os peritos da sua cidade ou estado. Na 
verdade, esse é um excelente meio de se obter networking e 
solidificar os seus conhecimentos sobre a atividade pericial. 
Minha observação é apenas para te orientar que você não 
está obrigado a se inscrever (nem a permanecer inscrito) nos 
quadros de nenhum outro órgão que não seja o seu conselho 
profissional ou, para as profissõesque não possuem 
conselhos profissionais, no órgão de representação de sua 
categoria profissional. 
1.7 NOMEAÇÃO DE ÓRGÃO TÉCNICO 
Evoluindo a conceituação legal sobre quem pode ser 
perito, o §4º do art. 156 define que, quando a nomeação for de 
algum órgão técnico ou científico, é preciso informar ao juiz 
os dados de qualificação técnica dos profissionais que 
participarão da atividade, como forma a garantir que o 
trabalho está sendo feito por profissionais especializados no 
objeto da perícia. Nos termos do §4º: 
Art 156 - § 4º para verificação de eventual impedimento ou 
motivo de suspeição, nos termos dos arts. 148 e 467, o órgão 
técnico ou científico nomeado para realização da perícia 
informará ao juiz os nomes e os dados de qualificação dos 
profissionais que participarão da atividade. 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 43 ] 
Nesse ponto há uma celeuma que eu deixei de 
abordar quando comentei o caput do art. 156: acerca da 
nomeação de órgãos técnicos ou científicos para o 
procedimento pericial. No meu entendimento, ao incluir os 
órgãos técnicos e científicos no rol daqueles habilitados a 
fazerem perícia, o legislador estava se referindo unicamente 
àquelas entidades públicas, especializadas em determinado 
assunto. 
Por exemplo, imagine um processo que tramite na 
Justiça Federal contestando, por algum motivo, o custo de 
uma obra executada por alguma empreiteira à União. Nesse 
caso, aplicando o disposto no art. 156 do CPC, o juízo poderia 
nomear algum órgão técnico especializado em obras civis 
para atuar como perito naquele caso, visto que ele tem em 
seus quadros funcionais profissionais altamente 
especializados no objetivo da perícia. 
Em casos como a situação hipotética apresentada 
acima, assume notável importância a regra definida no §4º 
do art. 156 visto que será necessário que tal órgão informe ao 
juízo que os profissionais que atuarão naquela perícia não 
estão sujeitos a impedimento ou suspeição (art. 148 e 467, 
CPC). 
1.8 CONCLUSÕES GERAIS 
Por fim, sabemos que o Brasil é um país continental e 
profundamente marcado por desigualdades regionais. Ora, 
nas regiões mais populosas normalmente há grande número 
de peritos para esclarecer tecnicamente as demandas 
levadas pela população ao Poder Judiciário. Entretanto, nas 
comarcas menores não é tão simples achar um profissional 
legalmente habilitado e que seja especializado no objeto da 
Edilson Aguiais 
 
[44] 
perícia. O que fazer então? O CPC já deu a solução, nos 
termos do §5º do art. 156, que define: 
Art. 156 - § 5º na localidade onde não houver inscrito no 
cadastro disponibilizado pelo tribunal, a nomeação do 
perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair sobre 
profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente 
detentor do conhecimento necessário à realização da perícia. 
Ora, pela leitura do texto da lei já dá pra perceber 
que, nas regiões onde não exista um número muito grande de 
profissionais à disposição do judiciário (ou não exista 
cadastro de peritos), o juiz poderá escolher livremente o 
profissional que melhor lhe aprouver, desde que essa pessoa 
consiga comprovar que é detentor do conhecimento técnico 
ou científico necessário à realização da perícia. 
Esse entendimento foi reafirmado na Res. 233/2016 – 
CNJ ao vedar a nomeação de qualquer profissional que não 
esteja regularmente inscrito em cadastro feito pelo tribunal, 
exceto nos casos do art. 156, §5º, CPC visto que se trata de 
uma situação excepcional exatamente para quando não 
houver na localidade profissional inscrito no ‘banco do 
peritos’ desenvolvido pelo tribunal. 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 45 ] 
2 O PERITO JUDICIAL 
 
 
 
 
 
 
 
A palavra perito é de origem latina, sendo um 
adjetivo oriundo de peritus. Esse termo tem como sinonímia: 
expert (em inglês), expertise (em francês) ou experto 
(português), sendo por vezes chamado também de Louvado 
em muitos expedientes forenses. 
Nesse ponto é preciso uma ressalva que é de vital 
importância para o profissional que está iniciando a sua 
carreira profissional como perito judicial ou assistente 
técnico. Até a publicação das Ordenações Afonsinas, os 
Arbitradores eram chamados pelo mesmo nome dos 
Louvados ou Fiéis. Entretanto, com a evolução da sociedade, 
o Árbiter – palavra também de origem latina – passa a ter o 
significado de juiz, de árbitro. 
Tanto esse entendimento é verdadeiro que o juiz 
arbitral nada tem a ver com o perito pois tem o poder de 
decisão enquanto o perito é apenas um auxiliar daquele que 
decide, sendo cabível a utilização da perícia inclusive nos 
procedimentos levados à termo nas cortes arbitrais17. 
Diferentemente do árbitro, o perito, lato sensu, é 
pessoa (grupo de pessoas ou órgão técnico) que atua como 
 
17 Não custa lembrar que o árbitro irá decidir a questão controvertida como se fosse 
um juiz, tendo a sua decisão um poder definitivo de decisão. Tanto é esse o 
entendimento que a Lei nº 9.307 de 1996, que dispõe sobre a Arbitragem, define o 
documento emitido pelo árbitro como sentença arbitral, que apenas será 
homologada pelo juiz togado sendo, portanto, irrecorrível. 
Edilson Aguiais 
 
[46] 
auxiliar da justiça18 sendo nomeado pelo juiz, sempre que for 
necessário o esclarecimento de assuntos técnicos ou 
científicos que extrapolem os permissivos legais do 
magistrado. Por isso, “a nomeação do perito é indispensável, 
mesmo que o juiz possua conhecimento técnico pertinente à 
apuração do fato probando”19. 
Diferentemente do que acontecia no antigo código 
processual, o CPC atual define que o perito é mais que um 
mero auxiliar e pessoa de confiança do juiz, ele é um auxiliar 
da própria justiça20 e, como tal, deve se portar com absoluta 
independência, focado sempre nos limites que a questão 
técnica lhe impõe. 
Ressalta-se ainda que o perito judicial é um auxiliar 
de atuação eventual, sendo nomeado ad hoc , funcionando 
apenas nos casos em que a decisão do magistrado demande o 
conhecimento técnico da sua especialidade. 
Assim, sempre que a solução da lide depender da 
aplicação de conhecimento técnico ou científico o juiz deverá 
estar assessorado por um perito. Ao reconhecer a 
importância da prova pericial para a solução justa da lide, o 
CPC prestigia o perito, exigindo grande transparência para 
sua nomeação e reforçando a necessidade de que o perito 
escolhido seja detentor de conhecimento técnico 
especializado. 
2.1 QUEM É O PERITO JUDICIAL? 
O perito judicial é um cidadão comum que tenha vasto 
conhecimento sobre determinado assunto e que é chamado 
 
18 Art. 149, Lei n. 13.105/2015. 
19 THEODORO JR, H. Curso de Direito Processual Civil: Teoria geral do direito 
processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum. 56. ed. rev. atual. 
e ampl. ed., Vol. I. Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 592. 
20 Art. 149, Lei n. 13.105/2015. 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 47 ] 
pela Justiça para esclarecer questões técnicas e científicas 
em um processo judicial. Trata-se, portanto, de um auxiliar 
eventual por necessidade técnica do juízo. 
Assim, sempre que houver controvérsia acerca de 
uma questão técnica ou científica, a legislação impõe ao 
magistrado a necessidade de nomear um profissional 
especializado naquele assunto para que o auxilie na correta 
prestação jurisdicional visto que “não se pode exigir 
conhecimento pleno do juiz a respeito de todas as ciências 
humanas e exatas”21. 
Nesta linha, o Direito Canônico, no entendimento 
dado pelo Padre Jesús Hortal, define que são peritos ‘as 
pessoas legitimamente citadas para comparecer em juízo, em 
virtude de seus conhecimentos particulares de caráter 
científico e técnico, a fim de – prévio exame de pessoas ou 
coisas – emitir um parecer que ajude o juiz a comprovar a 
veracidade de um fato alegado ou a natureza de alguma 
coisa”22. 
O mesmosentido é dado pelo Dicionário Jurídico 
Brasileiro ao definir que perito é a “pessoa com erudição 
técnica, específica e comprovada aptidão e idoneidade 
profissional, nomeada pela jurisdição judicial, com a 
finalidade de ajudar a Justiça nas suas investigações, 
fornecendo sua avaliação técnica sobre o objeto da demanda 
ou alguma coisa com ela relacionada”23. 
Não poderia seguir conceituação diferente o 
Vocabulário Jurídico de De Plácido e Silva, que define o 
perito como sendo o “homem hábil (experto), que, por suas 
qualidades ou conhecimentos, está em condições de 
 
21 NEVES, D. A. Manual de direito processual civil: volume único. Salvador: 
JusPodivm 2016, p. 1328. 
22 HORTAL, J. Código de Direito Canônico. São Paulo: Loyola, 1997 p. 377-378. 
23 SANTOS, W. d. Dicionário jurídico brasileiro. Belo Horizonte: Del Rey 2001, p. 
186. 
Edilson Aguiais 
 
[48] 
esclarecer a situação do fato ou do assunto que se pretender 
aclarar ou por em evidência, para uma solução justa e 
verdadeira da contenda”24. 
Por fim, o Professor Reinaldo Alberto Filho, em seu 
livro Da Perícia ao Perito, traz uma conceituação mais atual 
em face das alterações promovidas pelo legislador ao definir 
que o “perito é o profissional legalmente habilitado [e os 
órgãos técnicos e científicos], devidamente inscritos em 
cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado, 
com autorização profissional para elucidar sobre um fato 
objeto de qualquer contenda, sendo judicial ou 
administrativa, desde que com o espeque em conhecimentos 
técnicos ou científicos”25. 
2.2 UM CONCEITO DE PERITO JUDICIAL 
Por essas conceituações apresentadas, entende-se que 
o perito judicial nada mais é do que um é um cidadão 
comum, que tenha vasto conhecimento sobre determinado 
assunto, e que é chamado pela Justiça no curso de um 
processo judicial para esclarecer questões técnicas e 
científicas atinentes àquele processo. É, portanto, o portador 
da prova técnica e, como tal, deve se utilizar de seu amplo 
conhecimento sobre a matéria que está sendo periciada para 
esclarecer o juízo os assuntos que não sejam de domínio do 
juiz e que são essenciais para a solução da lide. 
Assim, sempre que a solução da lide depender da 
aplicação de conhecimento técnico ou científico o juiz deverá 
estar assessorado por um perito26. Ao reconhecer a 
 
24 SILVA, D. P.. Vocabulário Jurídico (31 ed.). Rio de Janeiro: Forense, 2014 p. 
1.569. 
25 ALBERTO FILHO, op. cit., 2015, p. 30. 
26 Art. 156, Lei n. 13.105/2015. 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 49 ] 
importância da prova pericial para a solução justa da lide, o 
CPC prestigia o perito, exigindo grande transparência para 
sua nomeação e reforçando a necessidade de que o perito 
escolhido seja detentor de conhecimento técnico 
especializado. 
Em outras palavras, o perito judicial é o profissional 
especializado que, face aos seus conhecimentos técnicos e 
científicos, é chamado para auxiliar o juiz no descobrimento 
da verdade sobre determinado fato. Assim, o perito passa a 
ser considerado, por disposição legal, auxiliar da justiça, 
realizando tarefa que, teoricamente, o próprio magistrado 
deveria fazer, mas que, por limitação técnica ou científica, se 
vê obrigado a recorrer à assistência de um expert. 
O perito judicial é, portanto, pessoa estranha ao 
quadro de funcionários permanentes do poder judiciário, que 
deverá ser escolhido pelo juiz para atuar, mediante 
remuneração, em um processo específico. Visto que se busca 
nesse profissional exatamente suas qualificações técnicas, 
dentre as quais, salvo nas localidades onde não existam 
profissionais qualificados, deverá ser legalmente habilitado 
(inscrito no respectivo órgão de classe e adimplente) e 
especializado na matéria objeto da perícia. 
A função do perito é suprir o juiz das noções que ele 
humanamente não consegue ter conhecimentos suficientes. 
O resultado desse trabalho será materializado em um laudo 
técnico pericial27, que é a aplicação do conhecimento técnico 
ou científico sobre o assunto que está em discussão no juízo. 
Por isso, o perito é um auxiliar da justiça e deverá executar o 
seu trabalho de modo leal e honrado. 
 
27 “documento escrito, no qual é relatado o exame feito pelos peritos, ali expondo 
tudo o que fizeram e o resultado de sua investigação e observações.” (SANTOS, op. 
cit. 2001, p. 143) 
Edilson Aguiais 
 
[50] 
É importante sempre lembrar que a função do perito é 
comprovar tecnicamente, na especialidade do expert, a 
veracidade ou não de determinada questão técnica, deixando 
a discussão sobre a quem assiste o direito em relação à 
realidade verificada para aquele que detém o poder da toga, 
ou seja, ao juiz. Assim, a perícia tem a função de declaração 
de caráter técnico sobre determinado objeto, ato ou fato, ou 
seja, a perícia tem o objetivo de auxiliar o juiz com um 
conhecimento especializado que ele não possui. 
Cabe, neste ponto, ressaltar que a prova gerada pelo 
perito deve estar adstrita ao esclarecimento das questões 
técnicas que interessem à causa, e que lhe sejam submetidas 
por meio dos quesitos apresentados pelas partes e/ou pelo 
juízo, “não podendo enveredar por questões jurídicas, nem 
emitir opinião sobre o julgamento. O seu papel é apenas o de 
fornecer subsídios técnicos para que o juiz possa melhor 
decidir”28 
Além do perito, outros profissionais atuam como 
auxiliares da justiça. Mesmo não sendo objeto principal 
desse livro, convém citar, brevemente, o papel de cada um. 
2.3 OS AUXILIARES DA JUSTIÇA 
Os auxiliares da justiça se dividem em dois grupos: 
os ordinários e os eventuais. Os auxiliares ordinários são 
aqueles servidores públicos concursados para auxiliar a 
efetiva prestação jurisdicional do Estado. São esses: o 
escrivão (ou chefe de secretaria), o oficial de justiça, o 
conciliador judicial, o partidor, o distribuidor e o contabilista. 
Essa regra é oriunda do texto legal apresentado no art. 149 
do Código de Processo Civil, que dispõe: 
 
28 GONÇALVES, M. V. Direito processual civil esquematizado - 8. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2017, p. 677. 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 51 ] 
Art. 149. São auxiliares da justiça, além de outros cujas 
atribuições sejam determinadas pelas normas de 
organização judiciária, o escrivão, o chefe de secretaria, o 
oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o 
intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o 
partidor, o distribuidor, o contabilista e o regulador de 
avarias. 
Por outro lado, existem os auxiliares da justiça 
eventuais, que são convidados a prestar serviços de ordem 
técnica, auxiliando a prestação jurisdicional mesmo sem 
serem servidores. Passemos a descrever brevemente a 
atuação de cada um desses profissionais. 
2.3.1 O ESCRIVÃO 
O escrivão ou chefe de secretaria é o servidor 
público, aprovado em concurso público que, à exceção do juiz, 
é o mais importante dos elementos que compõe o juízo. 
Com a função de juntar petições aos autos, atender ao 
público e aos advogados, realizar o "cumprimento" do 
processo, ou seja, executar as determinações que o juiz faz 
via despacho, expedir os mandados de citação ou intimação, 
ofícios, mandados de averbação, alvarás, mandados de 
levantamento judicial, mandado de prisão e mais uma série 
de documentos. 
Em suma, é o profissional responsável por escrever, 
na devida forma ou estilo forense, todos os termos do 
processo e demais atos praticados em juízo em que servir. É 
o responsável por diligenciar para que se cumpram todas as 
ordens emanadas do juízo, chefiar o cartório, dentre outras 
atividades da rotina forense. 
Dica: é importante que perito o tenha bom 
relacionamento com o escrivão visto que questões como 
Edilson Aguiais 
 
[52] 
expedição de alvará de levantamento de honorários, 
mandados de intimação e outros atos processuais dependem 
diretamentedo trabalho feito por esse profissional. Como 
sempre digo, tratar as pessoas com urbanidade é uma 
característica do Judiciário, mas, no caso do chefe de 
secretaria, a cortesia passa a ser quase uma questão de 
sobrevivência. 
2.3.2 OFICIAL DE JUSTIÇA 
O oficial de justiça é o servidor público, aprovado 
em concurso público do poder judiciário, dotado de fé pública, 
que materializa a aplicação da lei ao caso concreto. É esse 
profissional que fica responsável pela execução dos 
procedimentos que tenham repercussão externa ao juízo. 
Em suma, os oficiais de justiça são os mensageiros e 
executores de ordens judiciais. Por isso, o oficial de justiça é 
peça fundamental à prestação jurisdicional e uma função 
essencial à justiça, pois de nada adiantariam as decisões 
judiciais se não existisse quem as fizesse cumprir. 
2.3.3 O TRADUTOR E O INTÉRPRETE 
O tradutor é a pessoa que passa um texto ou um 
documento de um idioma para outro. É importante saber que 
a atuação desse profissional não se confunde com a atuação 
do intérprete visto que sua função é traduzir textos e 
documentos em sua integralidade. Ou seja, pode haver um 
tradutor e um intérprete no mesmo processo29. 
 
29 Dentre as muitas funções que podem ser exercidas pelos profissionais formados 
nos cursos de Letras está a possibilidade de atuar como Tradutor em processo 
judiciais. Isso acontece porque os concursos para ‘Tradutor Juramentado” não são 
feitos há algum tempo e, com isso, abriu-se uma importante área de atuação para 
esses profissionais que, por sua própria formação, são no mínimo bilíngues. 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 53 ] 
O intérprete, por sua vez, é o profissional que traduz 
para o vernáculo, de modo que todos os interessados no pleito 
entendam, o que a parte, assistente, testemunha ou outra 
pessoa que seja portadora de deficiência exprimiu no 
processo. 
Sua atuação é de natureza semelhante à do perito, 
pois auxilia o juiz quando este julgar necessário e não possa 
fazê-lo ele próprio face a limitações de ordem técnica. 
Com o avanço da acessibilidade da justiça aos 
portadores de necessidades especiais, esse será o profissional 
responsável por transmitir a mensagem repassada 
oralmente em outra língua, pela linguagem de sinais ou pela 
forma de escrita braile à linguagem forense30. 
O intérprete deverá analisar também eventuais 
dúvidas suscitadas, em alguma parte do texto, de documento 
já traduzido pelo tradutor. Na função de intérprete, não 
poderá, pois, promover a efetiva e integral tradução do 
documento. 
A função do intérprete abrange também, por 
consequência, a tradução das perguntas do juiz e das partes 
para a língua do depoente de modo que este possa respondê-
las de modo adequado. Ou seja, pode haver um tradutor e 
um intérprete atuando em momentos distintos no mesmo 
processo. 
 
30 Importante destacar a aprovação da “Convenção sobre os direitos da pessoa 
com deficiência”, tratado internacional de Direitos Humanos, assinada em 30 de 
março de 2017 e ratificada pelo Brasil em 1º de agosto de 2008 que, nos termos do 
Art. 5º, §3º da Constituição passa a ter força de Emenda Constitucional. Além disso, 
a Lei n. 10.098/2000 estabeleceu normas e critérios gerais para a promoção da 
acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. Ou 
seja, nos próximos anos haverá uma forte demanda por intérpretes para atender às 
demandas do poder público no quesito acessibilidade. 
Edilson Aguiais 
 
[54] 
2.3.4 O CONTABILISTA, O DEPOSITÁRIO E O 
ADMINISTRADOR JUDICIAL 
O contabilista tem a incumbência de calcular o 
quantum correspondente a qualquer direito ou obrigação, 
seja em favor das partes ou do juízo. Quando a definição do 
valor de um processo depender de meros cálculos 
matemáticos, esses serão enviados ao contabilista. 
Dentre os auxiliares da justiça, são considerados 
eventuais: o perito, o depositário, o administrador judicial, o 
intérprete, o leiloeiro, o partidor, o regulador de avarias. 
O depositário é o profissional responsável pela 
guarda e conservação dos bens penhorados, arrestados, 
sequestrados ou arrecadados em sede de processo judicial. O 
depositário deverá empregar toda a sua diligência para 
evitar que os bens se extraviem ou deteriorem. 
O administrador judicial tem uma função que se 
assemelha ao depositário, ou seja, de guarda e conservação 
dos bens a eles confiados. Entretanto, além das 
responsabilidades de depositário, o administrador judicial 
tem a incumbência complementar de manter em atividade e 
produção o estabelecimento penhorado. 
2.3.5 OS LEILOEIROS E OUTROS AUXILIARES 
Os leiloeiros são classificados como agentes 
delegados que recebem a incumbência de execução de 
determinada atividade ou serviço público, mas sob as normas 
do Estado e fiscalização do delegante, chamados de 
comitentes. Além de ser responsável pela captação de 
clientes, o leiloeiro é responsável pelo gerenciamento do 
leilão e pela prestação de contas. 
Devido á lisura do leilão e sua capacidade de fomentar 
o melhor resultado financeiro para os comitentes ou 
credores, o judiciário está aderindo fortemente a sistemática 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 55 ] 
de leilões, a fim de agilizar a venda dos bens expropriados 
dos devedores de obrigação por quantia certa31. A profissão 
dos leiloeiros é fundamentada pelo decreto-lei nº. 21.981/32. 
Cabe esclarecer sua distinção em relação aos chamados 
“porteiros de auditório” que são serventuários da justiça 
investidos de função semelhante ao de leiloeiro, contudo, sem 
as mesmas prerrogativas profissionais. Em outras palavras, 
são funcionários da própria justiça, geralmente oficiais de 
justiça, que na ausência de leiloeiro oficial, realizam o 
pregão em cumprimento a uma determinação judicial. 
Essa diferenciação é importante porque não são 
pessoas treinadas e dotadas de técnicas típicas de um 
leiloeiro gabaritado, como: a impostação vocal e técnicas 
gestuais para estimular que os participantes do leilão 
possam oferecer lances maiores. 
O regulador de avarias é um auxiliar do juízo que, 
no procedimento especial de regulação de avaria (comum ou 
não particularizada), faz a apuração ou ajustamento das 
perdas e danos nas avarias ocorridas em navios para fins de 
rateio entre pessoas envolvidas ou interessadas. Incumbe a 
esse profissional produzir o laudo de regulação. Assim como 
os demais auxiliares, tem direito a honorários fixados pelo 
juiz e se sujeita aos impedimentos e suspeições processuais. 
Por fim, o perito é o profissional que, face aos seus 
conhecimentos técnicos e científicos, é chamado para auxiliar 
o juiz no descobrimento da verdade sobre determinado fato. 
Alguns processualistas entendem que já está superada a 
visão do exame pericial como simples meio de prova. Assim, 
 
31 Agravo de Instrumento - Agravos - Recursos - Processo Cível e do Trabalho. 15 - 
0009806-37.2018.4.02.0000 Número antigo: 2018.00.00.009806-8 (PROCESSO 
ELETRÔNICO) 
Edilson Aguiais 
 
[56] 
o perito passa a ser considerado, por disposição legal, 
auxiliar do juízo, realizando tarefa que, teoricamente, 
o próprio magistrado deveria fazer, mas que, por 
limitação técnica ou científica, se vê obrigado a 
recorrer à assistência de um expert, conforme previsto 
no Código de Processo Civil. 
 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 57 ] 
3 A PERÍCIA 
 
 
 
 
 
 
 
A palavra perícia vem do latim peritia, que significa 
conhecimento adquirido pela experiência, saber, 
habilidade. De modo geral, para o nosso foco de estudo, esse 
conceito está intimamente ligado à habilidade de aplicar 
conhecimentos técnicos na construção de uma prova pericial, 
que poderá ser utilizada no juízo ou fora deste. Por isso, por 
sua própria característica, a perícia sempre versará sobre 
área do conhecimento humano especializado, tais como 
medicina,engenharia, economia, finanças, informática, 
agrimensura, etc. 
Pelo conceito etimológico da palavra entende-se que a 
perícia é uma habilidade que só se adquire por meio de sólido 
conhecimento em determinada área, seja ela técnica ou 
científica. Ademais, essa inteligência pode ser adquirida no 
decorrer da vida pela expertise obtida por meio da repetição 
dos trabalhos realizados ou pela correta aplicação de uma 
metodologia previamente definida, nos assuntos em que a 
solução demande conhecimento científico. 
Por longo período na evolução histórica da atividade 
pericial, acreditava que só poderiam ser peritos aqueles 
profissionais mais velhos e, portanto, mais experientes em 
sua área de atuação. De certo modo, a própria etimologia da 
palavra remetia a esse tipo de comportamento, tanto por 
parte dos magistrados quanto das pessoas de modo geral. 
Edilson Aguiais 
 
[58] 
Entretanto, com a disseminação do conhecimento 
científico nas mais diferentes áreas e a definição clara de 
suas metodologias, mesmo profissionais mais jovens - e 
menos experientes na repetição de procedimentos - têm se 
inserido de modo eficiente nessas carreiras visto que, quando 
se demanda a aplicação do conhecimento científico, é mais 
importante a correta aplicação da metodologia do que a 
experiência do profissional. 
Por exemplo, em um processo que se busca a 
declaração da paternidade, é inegável a importância da 
prova técnica do DNA. Essa prova será feita por um perito, 
que pode ser um médico, biomédico, etc. Esse profissional (ou 
órgão técnico) especializado em exames de DNA irá apenas 
aplicar uma metodologia previamente definida em diversos 
estudos científicos e, pelo resultado dos exames, poderá 
determinar a paternidade de acordo com os graus de 
confiabilidade do exame. Como esse é um procedimento que 
tem um modus operandi previamente definido, é mais 
importante a correta aplicação dos conhecimentos do que a 
experiência do profissional, sendo perfeitamente possível ser 
feito por um jovem perito. 
É importante ressaltar que não se trata de ignorar a 
experiência acumulada pelos profissionais mais 
experimentados. Não há dúvidas que quanto mais 
experiência tiver o profissional na sua área de atuação, 
melhor será a qualidade do seu trabalho técnico. Entretanto, 
nas áreas onde o conhecimento técnico está no ‘estado da 
arte’32 a aplicação correta da metodologia é mais importante 
que o número de repetições feitas pelo expert. 
 
32 Ou ‘estado da técnica’ é o mais alto nível de desenvolvimento de uma técnica ou 
de uma ciência. 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 59 ] 
3.1 CONCEITUANDO PERÍCIA 
Vários autores tentam dar uma definição completa 
para o termo perícia e, dentre as definições mais conhecidas, 
temos aquela dada pelo Prof. José Frederico Marques, em 
seu Manual de Direito Processual Civil, define a perícia como 
‘a prova destinada a levar ao juiz elementos instrutórios 
sobre algum fato que dependa de conhecimentos especiais de 
ordem técnica’33. 
Na mesma linha de argumentação e, a meu ver, 
ampliando a sua adjetivação e incorporando a devida 
essencialidade da prova técnica na solução da lide que está 
sendo levada ao juízo, o Curso de Direito Processual Civil do 
Professor Eduardo Arruda Alvim cuida que 
“a prova pericial é a modalidade de prova que se faz 
necessária quando o juiz necessita de pessoas munidas de 
conhecimentos especiais (técnicos, como por exemplo, 
agricultores e mecânicos, ou científicos, como, por exemplo, 
engenheiros e médicos), que possam informar o juízo acerca 
do significado desses mesmos fatos.”34 
Por isso, entende-se que a perícia seja principalmente 
um instrumento de constatação, de prova ou de 
demonstração científica ou técnica da veracidade de alguma 
situação, coisa ou fato sendo, portanto, feita para suprimir a 
falta de conhecimentos específicos do juízo da causa sobre o 
objeto que está sendo demandado. 
 
33 MARQUES, J. F. Manual de Direito Processual Civil, vol. II, 2º ed. Millenium 
Editora, 2000 p. 309. 
34 ALVIM, E. A. Curso de Direito Processual Civil, vol. 1: Revista dos Tribunais, 
1999 p. 552). 
Edilson Aguiais 
 
[60] 
Se filiando a essa corrente, o Professor J. M. Othon 
Sidou, em seu livro Processo Civil Comparado, publicado 
pela Editora Forense Universitária, entende que a prova 
pericial deve ser “levada a efeito por pessoa dotada de 
conhecimento científico ou técnico, em torno de uma pessoa, 
coisa ou fato cuja revelação se faz necessária para a 
formação da convicção do juiz sobre o objeto da demanda”35. 
Por fim, o Professor Reinaldo Alberto Filho, em seu 
livro Da Perícia ao Perito, apresenta o entendimento que, a 
meu ver, melhor coaduna com o definido atual Código de 
Processo Civil (Lei n 13.105/2015), posto que incluiu os 
órgãos técnicos e científicos no rol dos habilitados a fazer 
perícia judicial. Assim, a obra define a perícia como 
‘a diligência realizada, como meio de prova, por pessoa ou 
pessoas físicas e por órgãos técnicos ou científicos 
devidamente inscritos no cadastro mantido pelo tribunal ao 
qual estão vinculados, com a finalidade de apurar 
tecnicamente um fato, como precípuo escopo de instrução de 
um procedimento.”36 
De modo bem sintético, tentando fazer uma 
conceituação mais simples da atividade, pode-se definir 
perícia como o exame, vistoria ou avaliação realizado 
por um profissional especializado e legalmente 
habilitado com o objetivo de geração de prova, 
judicial ou extrajudicial. Ora, é a perícia um meio de 
prova consistente para se obter a melhor solução da lide, ou 
seja, o perito não é quem vai decidir o processo, mas o seu 
 
35 OTHON SIDOU, J. M. Processo Civil Comparado. 1º ed.: Forense Universitária, 
1997, p. 239. 
36 ALBERTO FILHO, op. cit., 2015, p.18. 
Curso de Formação de Peritos Judiciais 
 
 
[ 61 ] 
trabalho é fundamental para esclarecer os pontos técnicos 
que o juiz precisa conhecer para proferir uma sentença justa. 
3.2 PERÍCIA OU DILIGÊNCIA? 
Aqui é importante fazer uma observação que, apesar 
de salutar, pode passar desapercebido por alguns 
profissionais, principalmente aos menos experientes. Sempre 
que um autor tenta fazer a definição de algum termo, o seu 
objetivo é trabalhar com todas as nuances daquele objeto que 
está sendo analisado e, assim como o conceito, o 
entendimento desse conceito está sujeito a alterações legais e 
também a equívocos de interpretação. 
Digo isso frente à definição apresentada pelo 
Dicionário Jurídico editado pela Editora Forense em 1982 
sobre o que seria a atividade do perito. Nesse livro, se define 
que perícia “é a diligência realizada ou executada por 
peritos, a fim de que se esclareçam ou se evidenciem certos 
fatos” (grifei). 
Ora, a meu ver, há aqui uma definição muito 
simplista do que é a perícia e de seu papel no processo e, 
principalmente, é posta pelos termos acima uma confusão 
entre a perícia e um dos instrumentos utilizados pelo perito 
para executar seu encargo: a diligência. 
É importante ressaltar que, se a perícia envolve um 
terreno urbano situado na Rua X, nº Y, bairro Z, o perito tem 
o dever legal de executar a diligência indo ao local 
determinado pelo juízo, medindo toda a área a ser avaliada 
com instrumentos adequados, inclusive registrando em seu 
laudo os dados técnicos acerca do instrumento de medição 
utilizado (modelo, ano de fabricação, etc.). Não é difícil 
imaginar a hipótese de que, ao fazer a medição ad corpus, se 
Edilson Aguiais 
 
[62] 
constate divergência entre o resultado obtido pelo perito e o 
tamanho descrito no Cartório de Registro de Imóveis. 
Se a perícia é a prova técnica utilizada para 
esclarecer a realidade dos fatos, a meu ver, não há o 
menor sentido lógico que essa avaliação seja feita apenas 
com base no que está descrito no documento de registro do 
imóvel. 
Suponha a determinação de uma perícia

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