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Não são poucos os trabalhos que recorrerem ao termo populismo para tratar da relação entre Estado e torcedor de futebol. Mesmo quando o termo não e...

Não são poucos os trabalhos que recorrerem ao termo populismo para tratar da relação entre Estado e torcedor de futebol. Mesmo quando o termo não está explícito, a ideia central do conceito está presente: a fragilidade da classe trabalhadora brasileira. Um dos primeiros trabalhos sobre futebol e política no Brasil parte exatamente dessa premissa. Joel Rufino dos Santos, inspirado pelo pensamento marxista, tentou elaborar no ensaio “História Política do Futebol Brasileiro” a visão de que a trajetória do desporto no Brasil nos permite enxergar a luta de classes através da bola. Rufino dos Santos condiciona o desenrolar do desenvolvimento do futebol no Brasil a acontecimentos estruturais. Por exemplo, o futebol amador do início do século XX se constituiu a partir da ação imperialista inglesa. A construção de ferrovias as obras urbanas e as empresas de tecelagem, agentes do imperialismo britânico, foram responsáveis pela assimilação do desporto pela classe dominante brasileira, inserida na lógica de reprodução do ethos burguês. Nessa fase, coube aos agentes dominantes impedirem o acesso dos jogadores das camadas populares, garantindo ao futebol o status refinado. Já o futebol profissional dos anos 1930 resultou do avanço da industrialização. Com o aumento da população urbana, as autoridades concluíram que os trabalhadores necessitavam de um “esporte de massa”. No Rio de Janeiro, especialmente, em função da ameaça das rodas de capoeira, o futebol foi estimulado. O futebol seria um substituto disciplinado para as rodas de capoeira. Somente a comparação entre o operariado e as crianças bastaria para concluir que Rufino dos Santos atribui ao trabalhador incapacidade de tomar decisões autônomas. Na realidade, o que o autor fez foi reproduzir a visão paternalista, mas destacando a fragilidade do trabalhador, em vez de ressaltar a força do “pai”, o estado, ou a classe dominante. Para o autor, a entrada de jogadores oriundos das camadas populares nos clubes de futebol foi mais uma estratégia de dominação burguesa. Havia nas classes dirigentes a consciência do quanto o futebol poderia desorganizar os movimentos operários, criando rivalidades e estimulando a disciplina. Entre os operários, por outro lado, não havia discernimento para desvendar os estímulos dos dominantes, fato que determinou o fracasso das lutas operárias e sindicais. O pensamento de Rufino dos Santos, bem como todo o seu referencial teórico, permanecem atuais. Nas entrelinhas da tese do autor, está a sedutora ideia de que as manifestações populares são meras concessões das camadas dirigentes, que servem para domesticar o trabalhador. Como fundamento dessa linha de pensamento, a convicção de que apenas os dominantes agem, enquanto os dominados são passivos. Sendo assim, se os operários fundaram clubes, foi porque o Estado achou conveniente que os trabalhadores praticassem esportes. Se os jogadores negros entraram no selecionado nacional, foi apenas para reforçar a dominação burguesa. Com base no texto, é correto afirmar que:

a) A visão de Rufino dos Santos sobre a relação entre futebol e classe trabalhadora é ultrapassada e não se aplica à realidade atual.
b) Rufino dos Santos defende que o futebol foi utilizado como instrumento de resistência e autonomia cultural pela classe trabalhadora.
c) Rufino dos Santos argumenta que o futebol foi utilizado como estratégia de dominação e controle das camadas populares pela classe dominante.
d) O texto não apresenta informações suficientes para se fazer uma afirmação sobre a visão de Rufino dos Santos.

Essa pergunta também está no material:

O Clube de Regatas do Flamengo e o Nacionalismo Popular
196 pág.

Futebol Universidade Estácio de SáUniversidade Estácio de Sá

💡 1 Resposta

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Com base no texto, é correto afirmar que a alternativa correta é a letra c) Rufino dos Santos argumenta que o futebol foi utilizado como estratégia de dominação e controle das camadas populares pela classe dominante. O autor defende que o futebol foi utilizado como uma forma de controle social, para desorganizar os movimentos operários e criar rivalidades, estimulando a disciplina. Além disso, Rufino dos Santos destaca a fragilidade do trabalhador, em vez de ressaltar a força do “pai”, o estado, ou a classe dominante.

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