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Para ele, Aluísio Azevedo seria um exemplar de “realista exterior”, assim como Eça de Queirós; Machado de Assis e Raul Pompeia, por sua vez, seriam...

Para ele, Aluísio Azevedo seria um exemplar de “realista exterior”, assim como Eça de Queirós; Machado de Assis e Raul Pompeia, por sua vez, seriam “realistas interiores”. Já o historiador da literatura José Aderaldo Castello se refere ao período como Realismo-Naturalismo. Juntamente com Antonio Candido, chega a afirmar que o termo Realismo é inadequado para denominar o período, uma vez que muitas obras ditas românticas seriam repletas de elementos realistas, no sentido de comunicar ao leitor o sentimento de realidade por meio da observação exata do mundo. Se pensarmos na literatura regionalista romântica, por exemplo, poderemos dar razão aos críticos. O traço diferente, que predominou em muitos escritores a partir dos anos de 1860 e 1870, foi que se chamou naturalismo, termo que é também aplicável a obras de várias épocas, mas que recebeu então um sentido próprio e de certo modo legítimo, sob a influência dos novos rumos das ciências naturais. Nesse sentido restrito, naturalismo significa o tipo de realismo que procura explicar cientificamente a conduta e o modo de ser dos personagens por meio dos fatores externos, de natureza biológica e sociológica, que condicionam a vida humana. Os seres aparecem, então, como produtos, como consequências de forças preexistentes que limitam a sua responsabilidade e os tornam, nos casos extremos, verdadeiros joguetes das condições. Como houve naquele tempo obsessão com os problemas da hereditariedade (ainda bem mal conhecidos), os escritores não hesitaram em sublinhar o efeito das taras, das doenças, dos vícios, na formação do caráter – juntando-lhes os efeitos complementares da formação familiar, da educação, do nível cultural. Com isso, adaptavam-se às teorias científicas em voga, amplamente divulgadas. E, a fim de se aproximarem mais dos cientistas, pregavam a atitude objetiva, desapaixonada, de quem verifica e registra sem tomar partido, como convém ao pesquisador da verdade. Talvez o que marque especificamente os naturalistas seja o seu gosto pelo “senso quase fatalista das forças naturais e sociais pesando sobre o homem: natureza, ambiente social, educação, taras, instintos, gerando conflitos dramáticos, situações anormais, desfechos catastróficos, num pessimismo que contrastava com os finais apaziguados do Romantismo”. O Naturalismo é uma vertente realista, o exagero do Realismo, a vitória do cientificismo. Os naturalistas não se contentam com o romance documental: querem o experimental; não se limitam ao retrato da classe média: analisam as marginais e, para tanto, utilizam-se de metodologia científica na composição ficcional. Em suas narrativas, as forças naturais influenciam de tal maneira o comportamento do homem que uma das grandes marcas das personagens naturalistas é o zoomorfismo – seres humanos caracterizados como animais. A linguagem das obras possui nuances cientificistas e, devido à negação do sentimento e da metafísica, os autores buscam explicações materialistas para os fenômenos da vida e do espírito. Zola propõe para os escritores o uso de método analítico, que poderia ser dedutivo, no qual o escritor deveria aplicar as leis aos fatos – influência de Darwin, Taine e do evolucionismo de Spencer – ou indutivo, no qual o artista, a partir da intuição, segue para a observação e a descrição para criar uma hipótese e experimentá-la até percebê-la como lei. Devemos esclarecer que toda obra naturalista é, portanto, realista; mas nem toda obra realista é necessariamente naturalista. Machado de Assis não é naturalista em suas obras realistas. Eça, porém, utiliza-se de características naturalistas para a construção de alguns personagens da segunda fase de sua carreira.

Essa pergunta também está no material:

05 23 - (Realismo)
18 pág.

Enem Escola Santa AfraEscola Santa Afra

Respostas

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De acordo com o texto, Aluísio Azevedo, assim como Eça de Queirós, são exemplos de "realistas exteriores", enquanto Machado de Assis e Raul Pompeia são "realistas interiores". O período literário em questão é chamado de Realismo-Naturalismo, sendo que o naturalismo é uma vertente do realismo que busca explicar cientificamente a conduta e o modo de ser dos personagens por meio dos fatores externos, de natureza biológica e sociológica, que condicionam a vida humana. As obras naturalistas possuem nuances cientificistas e buscam explicações materialistas para os fenômenos da vida e do espírito.

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