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Em apertada síntese, concluiu-se que o feto anencéfalo não goza da mesma proteção à vida dada aos demais fetos, face à ausência de potencialidade d...

Em apertada síntese, concluiu-se que o feto anencéfalo não goza da mesma proteção à vida dada aos demais fetos, face à ausência de potencialidade de sobrevida. Mais recentemente, em sede de controle difuso de constitucionalidade, por meio do HC 124.306/RJ, o STF entendeu que a interrupção voluntária da gestação até o terceiro mês - período no qual não está formado o córtex cerebral, fator que inviabiliza a vida extrauterina - não deve ser tipificada como crime de aborto. Em outros termos, concluiu-se que a referida conduta não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1998. Nesse caso foi considerado além do direito em potencial do feto, a capacidade reprodutiva da mulher e o direito ao planejamento familiar. Fala-se ainda na proteção da integridade psíquica da mulher, eis que obrigá-la a manter a gestação de um feto anencéfalo, sem possibilidade de sobrevivência extrauterina, é uma crueldade. Vejamos o trecho desse HC 124.306/RJ, julgado pelo STF: “Tal como a Suprema Corte dos EUA declarou no caso Roe v. Wade, o interesse do Estado na proteção da vida pré-natal não supera o direito fundamental da mulher realizar um aborto [...] praticamente nenhum país democrático e desenvolvido do mundo trata a interrupção da gestação durante a fase inicial da gestação como crime, aí incluídos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Canadá, França, Itália, Espanha, Portugal, Holanda e Austrália. Nada obstante isso, para que não se confira uma proteção insuficiente nem aos direitos das mulheres, nem à vida do nascituro, é possível reconhecer a constitucionalidade da tipificação penal da cessação da gravidez que ocorre quando o feto já esteja mais desenvolvido. De acordo com o regime adotado em diversos países (como Alemanha, Bélgica, França, Uruguai e Cidade do México), a interrupção voluntária da gestação não deve ser criminalizada, pelo menos, durante o primeiro trimestre da gestação. Durante esse período, o córtex cerebral – que permite que o feto desenvolva sentimentos e racionalidade – ainda não foi formado, nem há qualquer potencialidade de vida fora do útero materno. Por tudo isso, é preciso conferir interpretação conforme a Constituição ao arts. 124 e 126 do Código Penal, para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre. No caso em exame, como o Código Penal é de 1940 – data bem anterior à Constituição, que é de 1988 – e a jurisprudência do STF não admite a declaração de inconstitucionalidade de lei anterior à Constituição, a hipótese é de não recepção (i.e., de revogação parcial ou, mais tecnicamente, de derrogação) dos dispositivos apontados do Código Penal.” (STF. HC 124.706. Voto-vista do Ministro Luís Roberto Barroso. 29/11/2016). OBS: Esse último julgado será muito cobrado nos próximos concursos. Já caiu! (TJRJ-2016-VUNESP): A anencefalia, de acordo com entendimento jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental), ajuizada pela Confederação dos Trabalhadores na Saúde - CNTS, sob relatoria do Ministro Marco Aurélio de Mello permite a antecipação terapêutica do parto, com proteção à vida da mãe, a exemplo do aborto sentimental, que tem por finalidade preservar a higidez física e psíquica da mulher, conclusão que configura interpretação do Código Penal de acordo com a Constituição Federal, orientada pelos preceitos que garantem o Estado laico, a dignidade da pessoa humana, o direito à vida e a proteção à autonomia, da liberdade, da privacidade e da saúde. (V) IV. DIREITO À SAÚDE - ARTIGOS 7º A 14 DO ECA 1. Direitos da Mãe/Gestante - Lei n. 13.257/2016 A chamada Lei da Primeira Infância protege não apenas a criança, mas também a mãe/gestante. E, embora tenha procedido a diversas alterações no ECA, possui autonomia. O ECA garante à mãe um atendimento integral, desde o período pré-natal até o pós-natal, incluindo ainda o atendimento àquelas que pretendam entregar a criança à adoção (direito ao parto anônimo). Tem a mãe garantido, ainda, o direito a um acompanhante no período pré-natal até imediatamente após o parto, assim como o planejamento reprodutivo e o parto natural cuidadoso, isto é, o realizado preferencialmente de modo natural (não cesariano). O Brasil é um dos recordistas mundiais na realização de partos prematuros por meio de cesáreas. Artigo 8º, § 2o, do ECA: Os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016). Artigo 8º, § 8º, do ECA: A gestante tem direito a acompanhamento saudável durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por motivos médicos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) Já caiu! (TJPR-2012-PUCPR): Além da assistência pré-natal compete ao poder público proporcionar à gestante assistência psicológica antes e depois do parto a fim de prevenir e minorar as consequências do estado puerperal. BL: art. 8º, §4º, ECA. 2. Obrigações dos Estabelecimentos de Saúde Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente; III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais; IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato; V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe. Já caiu! (TJMT-2014-FMP): Incumbe ao Poder Público proporcionar assistência psicológica à gestante ou à mãe que manifeste interesse em entregar seu filho para adoção. (V) 3. Direitos das Crianças a. Atendimento integral b. SUS e assistência odontológica c. Vacinação d. Medicamentos e próteses e. Direito a acompanhante à criança ou adolescente internado f. Que maus tratos sejam comunicados ao Conselho Tutelar V. DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE - ARTIGOS 15 A 18 DO ECA. 1. Direitos Especiais: o lúdico e a brincadeira 2. Toque de Recolher Foram instituídos em alguns municípios, em especial do Estado de São Paulo (Ex: Cajuru e Fernandópolis) portarias editadas por magistrados e leis municipais estabelecendo o toque de recolher, com determinação de horário e idade da criança/adolescente, restringindo o direito de ir e vir desacompanhado nas vias públicas, sob pena de apreensão pelo Conselho Tutelar ou outros órgãos públicos locais, e encaminhamento aos pais ou responsáveis. Diversas decisões foram exaradas no sentido de que tais portarias e leis municipais violavam a liberdade e o direito de ir e vir das crianças e adolescentes, bem como extrapolavam o direito de os juízes emit

Essa pergunta também está no material:

Aula 01 e 02 - ECA
44 pág.

Estatuto da criança e do adolescente (ECA) Universidade Estácio de SáUniversidade Estácio de Sá

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Qual é a conclusão do STF sobre a interrupção voluntária da gestação até o terceiro mês de gestação? O STF entendeu que a interrupção voluntária da gestação até o terceiro mês - período no qual não está formado o córtex cerebral, fator que inviabiliza a vida extrauterina - não deve ser tipificada como crime de aborto. Em outros termos, concluiu-se que a referida conduta não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1998. Nesse caso foi considerado além do direito em potencial do feto, a capacidade reprodutiva da mulher e o direito ao planejamento familiar.

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