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1. (MPFDFT-201. (MPFDFT-2004 – adaptada). Já que, para Kelsen, o Direito regula sua própria produção e aplicação, a função normativa da autorização...

1. (MPFDFT-201. (MPFDFT-2004 – adaptada). Já que, para Kelsen, o Direito regula sua própria produção e aplicação, a função normativa da autorização desempenha, particularmente, um importante papel no Direito. Apenas pessoas, às quais o ordenamento jurídico confere este poder podem produzir ou aplicar normas de Direito. A respeito do conceito, da estrutura e função da Constituição, segundo Hans Kelsen, e de sua configuração na Constituição Brasileira de 1988, analise as frases abaixo:04 – adaptada). Já que, para Kelsen, o Direito regula sua própria produção e aplicação, a função normativa da autorização desempenha, particularmente, um importante papel no Direito. Apenas pessoas, às quais o ordenamento jurídico confere este poder podem produzir ou aplicar normas de Direito. A respeito do conceito, da estrutura e função da Constituição, segundo Hans Kelsen, e de sua configuração na Constituição Brasileira de 1988, analise as frases abaixo: I - A Constituição Brasileira é o fundamento de validade de toda a ordem jurídica nacional. II - A Constituição confere unidade ao ordenamento jurídico, tendo em vista que a ordem jurídica não é um sistema de normas jurídicas ordenadas no mesmo plano. III - A ordem jurídica de 1988 é uma construção escalonada de diferentes camadas ou de níveis de normas jurídicas. IV = A Constituição de 1988 e o novo Código Civil são o ponto comum ao qual se reconduzem todas as normas vigentes no âmbito do Estado Brasileiro. Estão corretas as afirmativas: I e II apenas. I e III apenas. II e III apenas. I, II e III apenas. II, III e IV apenas. Comentário 2. Sobre o caso Marbury vs. Madison (1803), assinale a alternativa correta (PGE-PA/2011): Trata-se de um marco do constitucionalismo ocidental, porque a Suprema Corte dos Estados Unidos proferiu, pela primeira vez, uma decisão que condenou o então presidente George Washington, com fundamento na Constituição de 1787. Trata-se de um marco do constitucionalismo ocidental, porque a Suprema Corte criou o modelo jurisdicional de controle de constitucionalidade concentrado e abstrato, assim como um Tribunal Constitucional, inspirado na Teoria Pura do Direito de Hans Kelsen, para decidir sobre a validade de atos emanados pelos Poderes Executivo e Legislativo. Trata-se de um marco do constitucionalismo ocidental, porque a Suprema Corte criou o modelo jurisdicional de controle de constitucionalidade difuso e concreto, assim como um Tribunal Constitucional, inspirado no pensamento de Hans Kelsen, para decidir sobre a validade de atos emanados pelos Poderes Executivo e Legislativo. Trata-se de um marco do constitucionalismo ocidental porque a Suprema Corte assentou que a imunidade do Executivo não era um valor absoluto e que, nas circunstâncias, deveria ser ponderada com a necessidade de produção de prova em um processo penal em curso. Determinou, assim, que o presidente John Adams entregasse ao Judiciário documentos que o incriminavam. Decidido o mérito, afirmou, em seus dicta, o princípio da supremacia da Constituição, assim como a autoridade do Poder Judiciário para zelar por ela, inclusive invalidando os atos emanados dos Poderes Executivo e Legislativo que a contrariem. Comentário MÓDULO 2 Conceituar o processo de judicialização e as conquistas relacionados à luta pelos direitos humanos INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS Os temas proteção do indivíduo e dignidade humana, soberania popular e grupos de pressão e advocacy estão inseridos neste módulo e estudados em conjunto para que possamos melhor compreender esses direitos, sua origem, seus desdobramentos e relações. Especialmente o tema dos grupos de pressão e advocacy e suas estratégias para a mudança de políticas públicas e busca de respostas favoráveis do Legislativo, quando o Poder Executivo se mostra inoperante ou não acompanha as demandas da complexidade social. Também a importância da atuação desses grupos fora desses Poderes será estudada. A temática dos direitos humanos tem na promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU, em 1948, o marco do constitucionalismo moderno (estudamos constitucionalismo no nosso primeiro módulo), que consagra direitos do cidadão, do indivíduo em face do Estado. Sabemos, historicamente, que as ameaças aos direitos humanos podem vir do Estado e das Leis, bem como da sociedade massificada e seus conformismos e, também, da sociedade capitalista e toda a sua rede de desumanização. 1 Originalmente, os direitos declarados em 1948, em um contexto de pós-Segunda Guerra Mundial tinham uma carga mais individualista e exprimia a desconfiança do cidadão contra o Estado e todas as formas de Poder instituído e organizado. Desejava-se um Estado não intervencionista nas liberdades e nos direitos dos cidadãos. Com o tempo, os direitos coletivos e sociais foram ganhando mais espaço na agenda dos direitos humanos, buscando-se até mesmo uma atuação positiva do Estado, sobretudo quando se trata de minorias e de marginalizados (veremos mais detidamente no terceiro módulo do nosso conteúdo, quando abordaremos o tema das minorias vulnerabilizadas). 2 Existem importantes teóricos dos direitos humanos que chegam a tratar das chamadas dimensões (ou “gerações”, termo este mais antigo) dos Direitos Humanos. Sendo a primeira dimensão aquela pautada nos valores de liberdade individual e concentrada nos direitos civis e políticos em face do Estado. A segunda baseia-se no princípio de igualdade social, são os chamados direitos econômicos, sociais e culturais. A Constituição de Weimar (1919), na Alemanha, marca o início da ideia de um Estado Social de Direito e influenciou, assim como a Constituição do México (1917), a elaboração da Constituição brasileira (1934), a primeira a trazer um capítulo sobre direitos fundamentais sociais. Na terceira dimensão dos direitos humanos temos o valor da fraternidade e o Estado já não é mais o único responsável para levar mais direitos àqueles vulnerabilizados, mas também os representantes da sociedade civil, os ditos “grupos de pressão”, as organizações não governamentais, as chamadas ações populares e as ações civis públicas. Passemos aos estudos de cada tópico. A Constituição de Weimar em formato de livreto. A constituição em si exigia que fosse entregue aos estudantes no momento de sua formatura. PROTEÇÃO DO INDIVÍDUO E DIGNIDADE HUMANA: BREVE HISTÓRICO Historiadores, geralmente, apontam a origem dos direitos humanos na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, no período de eclosão da Revolução Francesa no século XVIII, mas a verdade é que há dois antecedentes dessa declaração, que são: os Bills of Rights das colônias norte-americanas que se rebelaram em 1776; e o Bill of Right inglês, de 1689. Do ponto de vista de conceitos não há diferença significativa entre a Declaração Francesa e os Bills norte-americanos, uma vez que são produtos do clima cultural dominado pelo jusnaturalismo (paradigma considerando existirem direitos naturais prévios à formação da sociedade) e pelo contratualismo (os cidadãos firmam um contrato social de proteção com o Estado, mas esse deve respeitar o rol de direitos naturais anteriores à sociedade). Já o Bill inglês não reconhece direitos do homem, mas alguns direitos tradicionais e consuetudinários aos nobres em face da monarquia. Essas declarações trouxeram a questão da relação com o ordenamento jurídico-político interno, pois a organização do poder, por meio do direito positivo, impõe que sejam estabelecidos direitos e deveres precisos. Então, ou os direitos enunciados nas declarações ficam como meros princípios abstratos e ideológicos ou são positivados para que possam ser exigíveis em face do Estado. Mas a primeira e única Constituição dos Estados Unidos (1787) alterou essa questão ao positivar alguns dos direitos dos cidadãos previstos nessas declarações. Após as barbáries cometidas durante a Segunda Guerra Mundial, foi fundada a ONU, em 1945, com a assinatura da Carta das Nações Unidas. Os objetivos declarados eram restabelecer a paz mundial, a segurança internacional e a proteção de direitos humanos básicos (todos violados pelo nazismo na Alemanha). Nesse clima de reconciliação internacional, a ONU promulga a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, sendo um marco para o Direito Internacional e, também, a primeira vez em que direitos humanos são declarados de forma global. Veremos que esse caráter universal será bastante criticado por pensadores como Boaventura de Sousa Santos. Em razão desse caráter universal, os indivíduos passaram a gozar de direitos e de proteção internacional pelo simples fato de serem pessoas, de existirem, independentemente de nacionalidade, raça, religião, etnia, sexo e língua. O direito a ter direitos e a ter uma vida digna como pessoa humana é um grande avanço na história do Direito internacional e se constitui no núcleo duro da proteção do indivíduo frente às violações perpetradas inclusive por seu Estado de origem. Atenção O Brasil se rege nas suas relações internacionais por determinados princípios positivados pela Constituição de 88 e um deles é o da prevalência dos direitos humanos (art. 4º, II, CR/88). Aqui, no Brasil, os direitos humanos positivados pelo ordenamento jurídico interno são denominados: direitos fundamentais. Em essência, significam a mesma coisa, só variando a nomenclatura de acordo com a localização normativa (se em Declarações e Convenções Internacionais; se na Constituição). O valor inerente a esse conjunto de direitos é o princípio da dignidade humana, que se constitui em princípio jurídico de nível constitucional e encontra-se positivado como fundamento da República Federativa do Brasil (art. 1º, III, CR/88) na Constituição de 1988. Barroso (2012, p. 44) fez uma interessante síntese do conteúdo jurídico da dignidade humana que é composto basicamente de três elementos: Dignidade como valor inerente a todos os seres humanos, como vida, igualdade, integridade física, moral e psíquica. Este é o núcleo da proteção individual, juntamente às autonomias privadas e públicas abaixo. Dignidade como autonomia de cada indivíduo de como conduzir a sua vida da melhor forma. Aqui estão as liberdades (de consciência, de crença, de expressão, de trabalho, de associação e outros direitos individuais). Também estão aqui os direitos de participação na condução da coisa pública (direitos políticos). A autonomia privada e a pública exigem a satisfação do chamado mínimo existencial como pressuposto para o exercício dessas liberdades e dos direitos políticos (quem passa fome não tem como exercer qualquer direito de liberdade, a necessidade escraviza). O mínimo existencial corresponde, assim, ao núcleo duro dos direitos fundamentais sociais e premissa para o exercício de uma vida livre, igual e autônoma. Dignidade como valor comunitário, no sentido de ser um limite ao exercício da autonomia individual. O indivíduo vive em sociedade e ela possui valores que implicam responsabilidades e deveres. Esse elemento social da dignidade visa à proteção dos direitos de terceiros; à proteção do indivíduo contra si próprio; e, também, à proteção de valores sociais (deve haver um consenso social e risco ao direito de outras pessoas em uma eventual violação). SOBERANIA POPULAR E DIREITOS HUMANOS O conceito de soberania está intimamente relacionado ao conceito de Estado e poder político e isso desde fins do século XVI. Matteucci (1998, p. 1179) afirma que a “soberania pretende ser a racionalização jurídica do poder, no sentido da transformação da força em poder legítimo, do poder de fato em poder de direito”. Com a formação dos grandes Estados, fundados na unificação e concentração de poder, a soberania é exercida por um único soberano, que centraliza o poder de vida e morte sobre seus súditos (aqueles sob seu domínio). O poder legitimava-se pela força bruta, com o tempo, além da força bruta, o poder passou a contar com um caráter divino de justificação. Então, a soberania do monarca com base na força e em um poder divino, deu lugar, com o tempo, à ideia de uma soberania da nação, trazida pelo abade de Sieyés e que teve aceitação na França revolucionária (vontade da Nação e não vontade do povo). A ideia de vontade soberana do povo surge no mesmo século XVI com Rousseau. Contudo, no século XX a soberania como conceito político-jurídico entra em crise, com o surgimento das teorias constitucionalistas, com a crise do Estado Moderno, que se mostra incapaz de atuar como centro único e autônomo de poder. A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, como vimos no tópico anterior, as relações internacionais ganham novos formatos e atributos (Estados Nacionais cada vez mais interdependentes política e economicamente), os direitos humanos passam a ser valorizados em nível global, bem como a realidade cada vez mais plural e democrática das sociedades esvaziaram bastante o conceito de soberania como plenitude do poder estatal. A questão do reconhecimento de um rol de direitos humanos universais trouxe alguns problemas também para a questão da soberania. Para aqueles que entendem que os direitos humanos são direitos naturais, anteriores ao ordenamento posto, ao defenderem que o Estado deve reconhecê-los admitem claramente um limite preexistente à soberania estatal. Mesmo para os que não seguem esse paradigma jusnaturalista, os direitos humanos passam a ser exigíveis em seu núcleo essencial (vida, liberdade, integridade, mínimo existencial etc.), admitindo até mesmo interferências do tipo humanitárias em outros Estados para fazer valer tais direitos. Na prática, os direitos humanos são invocados pela comunidade internacional para o tratamento de estrangeiros e, mais raramente em relação a grupos das chamadas “minorias vulnerabilizadas” (minorias étnicas, grupos religiosos, entre outros), pois os Estados ainda atribuem muita importância à soberania (externa) e, portanto, a atuação em prol de direitos humanos somente quando seus direitos e interesses ou direitos de seus cidadãos parecem estar em jogo. Então, a grande crítica que se faz é justamente a consideração de que o que se afirma universal é, em matéria de direitos humanos, a perspectiva hegemônica na disputa, aquela que “venceu” e se estabeleceu. Com a progressiva juridicização do Estado de Direito não faz mais sentido falar em soberania nos moldes que vinha sendo abordada, uma vez que os poderes constituídos (como vimos no módulo sobre Constitucionalismo) são limitados pelos direitos e pela lei. A soberania, atualmente, atua na origem como “poder constituinte”, como criadora do ordenamento. Uma dessas formas de manifestação do poder constituinte é a soberania popular. O parágrafo único, do art. 1º, da Constituição de 1988 estabelece a soberania popular como fundamento da República: “todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta constituição”. Assim, esse poder instaura um Estado Democrático de Direito, onde o Estado e o poder político não só se sujeitam à Supremacia da Constituição, mas também à vontade popular. O constitucionalismo, que traz em seu bojo, a ideia de separação de poderes, a supremacia da lei e da Constituição, bem como o pluralismo social e o federalismo tende a enfraquecer e a relativizar a ideia de soberania conforme antes concebida, mas não se pode esquecer de que a unidade do corpo político e a coesão do corpo social devem ser mantidas por meio de instituições democráticas fortes, sob pena de o enfraquecimento da soberania gerar um Estado de “guerra de todos contra todos” (referência a T. Hobbes). A relação que podemos traçar entre o exercício da soberania popular e os direitos humanos está em que tais direitos serão limites intransponíveis para o exercício do poder constituinte, seja ele originário, seja ele derivado (decorrente e reformador). A teoria democrática tem como soberano o povo e a elaboração da Constituição será feita por assembleia com representantes eleitos democraticamente pelo povo. A Constituição passa a ser a lei suprema e que reconhece os direitos humanos declarados no plano internacional como direitos fundamentais na ordem interna. Os poderes do Estado passam a ser constituídos e organizados de acordo com o princípio da separação dos poderes, limitados pelos direitos e pelas garantias individuais (direitos fundamentais). GRUPOS DE PRESSÃO E ADVOCACY Grupos de pressão são uma espécie de grupos de interesse (gênero). Tais grupos podem existir organizados e ativos sem, contudo, exercerem a pressão política. Adotam uma postura direta de influência sobre as autoridades públicas, principalmente na esfera dos Poderes Executivo e Legislativo. Não se confundem com partidos políticos, pois os grupos defendem interesses gerais da sociedade e não de setores específicos. Advocacy é a defesa, a argumentação e a atuação em favor de uma causa que envolve a elaboração de políticas públicas importantes para a melhora de diversos setores sociais. É um processo de reivindicação de direitos, tendo por objetivo influir na implementação de políticas públicas que atendam às necessidades da população. Utiliza-se o termo advocacy para descrever ações de pressão realizadas por organizações da sociedade civil que possuem representatividade e poder de influência para defender causas que carecem de atuação do poder público, seja por falta de vontade política, seja por dificuldades orçamentárias, seja por invisibilidade de determinados grupos. Muito embora haja pouco material sobre grupos de pressão, no Brasil, eles são fundamentais para a democracia e para a promoção de direitos humanos porque podem contribuir para o aperfeiçoamento das políticas públicas; para o estabelecimento de limites à ação dos poderes; e promoção do interesse público em favor de determinadas causas sociais, como educação, saúde etc. São muitas as modalidades de organização de interesse, inclusive no âmbito interno do Parlamento, onde tem sido comum a articulação de frentes parlamentares ou bancadas informais para a promoção de direitos, valores e interesses sociais. Atenção A função dos grupos de pressão (espécie ativa dos grupos de interesse) e da prática da chamada advocacy é tentar a mudar a lógica da luta pelo poder e influenciar governos, parlamentares e partidos políticos a enxergarem que as políticas voltadas às melhorias sociais, ambientais e educacionais são também instrumentos para que a luta pelo poder encontre limites civilizatórios e não seja apenas uma estratégia para “as próximas eleições”! Existem diversos grupos atuando para melhorar e influenciar nas políticas públicas. No Esporte, na Educação, na Saúde, pelos direitos das mulheres e para atender a demandas dos movimentos negros, tais como a inclusão de estudos sobre a História e a cultura afro, bem como a liberdade de exercício de religiões de matizes africanas, demandas de reconhecimento e por igualdade de direitos dos movimentos LGBTQIA+. Enfim, veja que são muitas frentes de atuação. Vamos citar alguns exemplos de organizações da sociedade civil em prol de direitos e políticas públicas eficientes: Clique nas setas para ver o conteúdo. Atletas pelo Brasil: uma sociedade sem fins lucrativos e pioneira em que atletas e ex-atletas de diversas modalidades e de diferentes gerações atuam para a melhoria do Esporte, da Educação e, consequentemente, por causas sociais nacionais através da prática da advocacy. Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006): exemplo bem-sucedido de advocacy feminista em prol dos direitos das mulheres. Houve forte atuação e pressão de movimentos feministas, de organizações não governamentais feministas no cenário nacional que impulsionaram políticas públicas voltadas para a efetivação da cidadania das mulheres, especialmente no que se refere ao enfrentamento da violência. Instituto Oncoguia (Operação Chaminé) e ACBG Brasil: trabalham para articular melhorias na prevenção e no tratamento de câncer, não só aos pacientes (advocacy para inclusão de tratamentos e exames nos planos de saúde e marcação preferencial na rede pública) como aos parentes, que acabam sendo bastante afetados psicológica e economicamente. Grupos de apoio à prevenção à AIDS (GAPA): atuam em prol de pessoas vivendo com HIV/Aids e seus familiares; mulheres; adolescentes (de 10 a 19 anos), especialmente por meio de ações de prevenção e promoção da Saúde (orientações, disponibilização de preservativos, palestras, capacitações em saúde etc.) e na advocacy por direitos (cidadania, discriminação, jurídicos etc.). O caso Angela Davis A professora Bianca Walther nos conta sobre o ativismo judiciário nas questões dos direitos humanos. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A respeito dos marcos históricos, fundamentos e princípios dos direitos humanos, assinale a opção correta (questão da Banca CESPE/CEPRASPE, 2019). Segundo a doutrina contemporânea, direitos humanos e direitos fundamentais são indistinguíveis; por isso, ambas as terminologias são intercambiáveis no ordenamento jurídico. Os direitos humanos estão dispostos em um rol taxativo, internalizado pelo ordenamento jurídico brasileiro com a promulgação da Constituição Federal de 1988. No Brasil, os direitos políticos são considerados direitos humanos e seu exercício pelos cidadãos se esgota no direito de votar e de ser votado. A dignidade da pessoa humana, princípio basilar da Constituição Federal de 1988, é fundamento dos direitos humanos. Em razão do princípio da imutabilidade, os direitos humanos reconhecidos na Revolução Francesa permanecem os mesmos ainda na atualidade. Comentário 2. Com base na relação entre Direitos Humanos e Estado, assinale a alternativa correta: O Estado não deve buscar a efetivação dos direitos fundamentais porque esses direitos se satisfazem com o simples reconhecimento abstrato. O poder público deve atuar de modo a garantir a efetivação dos direitos e garantias fundamentais, usando inclusive mecanismos coercitivos quando necessário. Direitos humanos não são a mesma coisa, na essência, que direitos fundamentais. O Estado Democrático de Direito surge do exercício da soberania popular e não tem por limite dos direitos humanos. Os direitos humanos não se aplicam a todos os indivíduos, sendo dependente de questões de nacionalidade, sexo, raça, credo ou convicção político-filosófica. Comentário MÓDULO 3 Identificar o papel da justiça na promoção da defesa de minorias vulnerabilizadas INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS CHAMADAS MINORIAS VULNERABILIZADAS Minorias e grupos vulneráveis originam-se de relações em que há assimetria social (econômica, educacional, cultural etc.). Partindo-se dessa premissa, minoria pode ser conceituada como a existência de grupos que se distinguem da maioria, entendida essa como aquele agrupamento generalizado, baseado na indeterminação de traços e que pertence ao “padrão normalizado” (branco, masculino e heteronormativo), considerado majoritário em relação a outro que dele destoa (negros, mulheres, população LGBTQI+ etc.). A vulnerabilidade advém das pressões impostas por esse suposto padrão de normalidade, que pressiona o diferente. Essa exclusão social é violenta e essa violência tanto pode ser física quanto simbólica, originária dessa opressão, que, muitas vezes, se manifesta na forma de preconceito, discriminação e rejeição, marginalizando o diferente. Quem ousa ser diferente, em uma sociedade patriarcal, de papéis sociais bem definidos, para atuação em prol do capitalismo? Há que se introduzir também a distinção de termos correlatos como preconceito e discriminação, mas que designam fenômenos diversos. O preconceito refere-se a percepções mentais negativas em face de indivíduos e de grupos social e historicamente inferiorizados e representações do corpo social conectadas com tais percepções. O preconceito costuma ser estudado sob duas perspectivas: Clique nas informações a seguir. Já discriminação se refere à materialização de atitudes arbitrárias em razão do preconceito e que produz a violação de direitos de indivíduos pertencentes a esses grupos minoritários e vulneráveis. Veja as modalidades de discriminação: Clique nas informações a seguir. A estratificação social é um fenômeno que se propaga por gerações, tornando o percurso de vida de todos os membros de determinado grupo social – o que inclui as chances de ascensão social, de reconhecimento e de sustento material – prejudicado de geração a geração, perpetuando e amplificando a pobreza e a marginalização. Atenção No estudo das minorias vulnerabilizadas é importante destacar a contribuição de estudos culturais de identidades e de reconhecimento. E as identidades são produzidas a partir das diferenças, sendo a discriminação o ato de atribuir-se significado negativo às diferenças, cristalizando-as em de grupos excluídos. Feita essa breve introdução, vimos que a existência de minorias vulnerabilizadas está intimamente relacionada com preconceitos, discriminações e pobreza intergeracional. Vamos aos assuntos propostos! TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DOS POVOS TRADICIONAIS E INDÍGENAS A diversidade étnica brasileira é característica que nos faz um país plural. Apesar do extermínio sofrido por boa parcela dos grupos indígenas, muitas populações resistiram à exploração, às doenças e à morte e, atualmente, são reconhecidos como sujeitos de direitos a serem protegidos pela ordem jurídica nacional. Por um tempo, essas populações eram tratadas como um obstáculo ao desenvolvimento nacional em razão de não cederem às pressões “civilizatórias” predominantemente europeizada e norte-americanizada. A legislação que existia antes da Constituição de 1988 era mais estigmatizante desses povos do que realmente emancipadora e promotora dos seus interesses, e foi assim desde o período colonial. O trato da população indígena, no Brasil, passou por três momentos: O do extermínio — período colonial, tentativa de escravização, tomada de suas terras, estímulo a conflitos entre aldeias distintas a fim de que a própria rivalidade entre eles os destruísse. O da integração e tentativa de assimilação — Lei 6.001/73, conhecido como Estatuto do Índio é ainda dessa fase de política de integração dos considerados silvícolas, aqueles que viviam afastados das cidades. O advento da Constituição de 1988 — reconhecimento de direitos, de identidade e ampliação do sistema protetivo e de garantias. O Estatuto do Índio (Lei 6001/73), embora seja da fase integracionista, trata-se de legislação que se contradiz, ora defendendo a cultura indígena, ora obrigando-os a se adequarem aos moldes da sociedade considerada “civilizada”, o que a torna ultrapassada em relação ao disposto no art. 231, da Constituição (1988). São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. (CF, 1988) A questão das terras indígenas e sua demarcação é o ponto de impasse na luta por reconhecimento e direitos. Em 2009, o STF encerrou o julgamento da Petição nº 3388 que questionava, em ação popular ajuizada por um senador da república, a demarcação da Terra Indígena Raposa do Sol e pedia a declaração de nulidade da Portaria nº 534 do Ministério da Justiça, homologada pela Presidência da República em 2005. Os Ministros da Corte Suprema decidiram pela demarcação contínua da terra indígena e imediata retirada dos ocupantes não indígenas. Em 2019, um estudo feito sobre os avanços naquelas terras para a organização, desenvolvimento e sobrevivência dos povos da Raposa do Sol. O dossiê feito nos dez anos da decisão do STF mostra avanços nos aspectos social, cultural, ambiental e econômico, pois há atividades de produção e comércio de produtos agrícolas e artesanais nessas terras. Os povos indígenas possuem autonomia de decisão e produzem de forma consciente e responsável. Esse caso foi considerado um leading case e expôs o papel do STF como legislador positivo e, muito embora tenha sido favorável aos povos indígenas da Raposa do Sol, a decisão traz a tese do marco temporal que impede a demarcação de terras de povos que não se encontravam nas terras quando da promulgação da Constituição de 1988. Trata-se de inovação jurídica que impõe uma interpretação restritiva aos direitos dos povos indígenas e que tem sido contestada por uma série de entidades indigenistas, além de povos indígenas. Referida tese interpretativa trouxe à reflexão os debates sobre os limites e a legitimidade da jurisdição constitucional em uma democracia. RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E CULTURA AFRO-BRASILEIRA Primeiro vamos abordar os conceitos de etnia e raça, que apesar de serem empregados, muitas vezes, como sinônimos são palavras distintas, para depois abordarmos o que se entende por relações étnico-raciais e o reconhecimento da cultura afro-brasileira. Foto: Shutterstock.com Raça engloba mais características biológicas e fenotípicas de cor da pele, textura e cor dos cabelos e outros traços físicos característicos. Foto: Joa Souza/Shutterstock.com Etnia, de acordo com o antropólogo da USP, Munanga (2016), é um conjunto de indivíduos que, historicamente, possuem um ancestral comum; uma língua que partilha da mesma origem, uma religião também com a mesma origem ancestral; uma mesma cultura e coabitam geograficamente o mesmo território. O estudo das relações étnico-raciais é aquele aborda em conjunto a problemática dos preconceitos, discriminações de um grupo, sem se concentrar apenas na cor, mas abarcando também a vestimenta, a religião, a língua e a cultura de indivíduos pertencentes a um grupo racial e étnico historicamente discriminado pela sociedade. A inclusão de uma educação étnico-racial nas escolas, desde o ensino infantil, é fundamental para o reconhecimento de culturas afrodescendentes e indígenas como partes da nossa formação social. Isso favorece à construção de uma sociedade plural e democrática em que grupos, historicamente marginalizados, sejam reconhecidos como importantes para a formação da nossa sociedade e nossa cultura. Para que sintam orgulho de serem diferentes, mas que essa diferença não sirva para torná-los vítimas constantes de violências físicas e institucionais. Exemplo Quase dois anos após a promulgação da Lei 10.639/03, líderes de religiões de matriz africana de diferentes partes do Brasil tiveram de buscar uma conversa oficial com o presidente do Supremo Tribunal Federal à época, ministro Nelson Jobim, com a finalidade de pedir o apoio institucional para a inclusão no currículo dos ensinos fundamental e médio das disciplinas de História da África e História do Negro (um exemplo de advocacy que já estudamos). Na ocasião, protocolaram uma representação dirigida ao Ministério Público Federal para pedir o cumprimento da lei que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação visando à inclusão de matérias relativas à História da África e à Cultura Afro-Brasileira nas escolas. Trata-se de uma luta pelo resgate da cultura afro-brasileira, com o reconhecimento de suas religiões, de sua história, suas vestimentas e que isso comece pela educação primária. Com o objetivo de as crianças não aprenderem a discriminar o diferente, mas que conheçam a história e cultura desse diferente para entendê-la e respeitá-la. Comentário É preciso ter o cuidado de não focar a história desses grupos apenas na fase colonial e escravocrata, para não reforçar a estigmatização. É claro que a escravidão explica muito o racismo que vemos na sociedade, mas temos de reforçar o estudo da história desses povos, que é rica e que foi apagada pela Grande História, a dos conquistadores. RACISMO ESTRUTURAL O racismo estrutural consiste em encarar o preconceito e a discriminação de raça como algo que não só existe, mas que foi normalizado (naturalizado) pela sociedade. Isso não quer dizer que deva ser aceito, ou que seja aceito, mas sim que constitui e marca as relações sociais desde o período das grandes colonizações. É racismo como forma de estrutura social (nível político, econômico e de subjetividades) e que constitui as próprias relações. A sociedade “funcionando” no seu aspecto normal nesses três níveis (político, econômico e das subjetividades) produz desigualdades e estratificação social. Há a naturalização da violência contra a população negra. A estrutura social é constituída por inúmeros conflitos – de classe, raciais, sexuais etc. –, o que significa que as instituições também podem atuar de maneira conflituosa, posicionando-se dentro do conflito. Em uma sociedade em que o racismo está presente na vida cotidiana, as instituições que não tratarem de maneira ativa e como um problema a desigualdade racial irão facilmente reproduzir as práticas racistas já tidas como “normais” em toda a sociedade. (ALMEIDA, 2019) Dizer que o racismo está nas estruturas da sociedade (que se reproduz na economia, na política, no ordenamento jurídico e nas instituições públicas e privadas) não quer dizer que ele seja insuperável e que medidas em forma de ações e políticas antirracistas não sejam eficazes. Além disso, importante frisar que o fato de o racismo ser estrutural não retira do indivíduo a sua responsabilidade pelo cometimento de atos racistas, só que apenas essa responsabilização não será suficiente para que a sociedade deixe de reproduzir preconceitos, discriminações e desigualdades com base na raça. Exemplo Em julgamento histórico (HC 82.424-2/RS, ano de 2004), o STF concluiu pela consumação do crime de racismo (responsabilização individual prevista na Constituição e na Lei 7.716/89) refutando a tese defensiva que alegava que não seria possível haver racismo por ausência de fundamento biológico para a identificação de raças entre os seres humanos. O STF reforçou, nesse julgado, a ideia de que o preconceito e a discriminação decorrem de representações sociais falsas, construídas culturalmente e dirigidas contra um grupo e indivíduos que se identificam com esse grupo. Então, a Suprema Corte reforçou o entendimento de que raça é um conceito que só pode ser compreendido em perspectiva relacional. As denominadas ações afirmativas são instrumentos que colaboram para tentar reverter esse quadro de desigualdades, especialmente na educação e na inserção no mercado de trabalho. Muitas vezes, estão associadas às ideias de cotas, tratamentos ditos “preferenciais”, sendo chamadas pejorativamente de “discriminação inversa”. Só que reduzir as ações afirmativas às políticas de cotas é apenas simplificar a realidade. Um exemplo: dizer que alguém foi “beneficiado” com um emprego pelo fato de ser negro é algo que, à primeira vista, parece injusto, mas é totalmente diferente quando se enxerga que a decisão foi apenas um critério de desempate e que visa reparar as consequências de um racismo estrutural na sociedade. As ações afirmativas como respostas à discriminação institucional e à discriminação indireta existente na sociedade não devem ser vistas como tratamentos preferenciais, mas como medidas de combate ao racismo e às desigualdades por ele perpetradas. Então, melhor entender ações afirmativas como o uso de critérios raciais, étnicos ou mesmo sexuais com o propósito de reduzir as desvantagens prévias enfrentadas por determinados grupos em razão desses mesmos critérios. Nos Estados Unidos, onde essas ações foram bastante empregadas no contexto dos movimentos pelos direitos civis dos negros, um primeiro momento foi marcado pela proibição de discriminações em sistemas de educação e nos sistemas de recrutamento e seleção para postos de trabalho. Exemplo Um desses casos emblemáticos foi o de Brown vs. Conselho de Educação, julgado pela Suprema Corte dos EUA em 1954. Ao ter a matrícula da filha negada, em uma escola pública de brancos, o pai da menina negra Linda Brown, que na época tinha apenas 8 anos de idade, entrou com uma ação judicial. O argumento da escola para a exclusão da menina era baseado em um caso de 1892, o famoso Plessy vs. Ferguson, no qual a Suprema Corte Norte-americana negou o direito de um negro que reivindicava ter assento no mesmo vagão de trem que os brancos. Esse caso ficou conhecido pela frase disposta na sentença: “separados, mas iguais” (separate, but equal), ou seja, brancos e negros eram iguais, mas deveriam permanecer separados, o que era um contrassenso completo e uma subversão do que seja igualdade. No caso Brown vs. Conselho de Educação, em plena efervescência dos movimentos pelos direitos civis dos negros, a Corte decidiu que a doutrina do “separados, mas iguais” feria a XIV (décima quarta) Emenda Constitucional. A decisão foi no sentido de que a segregação racial presente nas escolas públicas fazia com que as crianças negras se sentissem inferiores às crianças brancas, o que prejudicava o aprendizado, fazendo com que muitas desistissem de estudar, perdendo oportunidades de ascensão social. Essa decisão acabou com a segregação nas escolas públicas norte-americanas. No direito brasileiro, o tema vem sendo tratado com seriedade há quase vinte anos, mas não sem muita controvérsia. Oficialmente, foram estabelecidas cotas para negros e indígenas nos vestibulares das universidades públicas , nas seleções de mestrado e doutorado, nas seleções de diversos concursos públicos e isso foi um movimento positivo das instituições públicas. O problema que vem sendo observado não é o seu uso criterioso e correto, mas o uso deturpado e as fraudes verificadas. Comentário Reconhecer a existência de rica interdisciplinaridade no estudo dos direitos humanos, de racismos, de grupos minoritários em situação de vulnerabilidade, cultura afro, cultura indígena é entender que, a garantia de direitos mínimos para uma existência digna, são complexos e referidos histórica e socialmente, não podendo excluir nenhum indivíduo e nenhum grupo. Casos brasileiros: justiça e vulnerabilidade Vamos a conhecer esses debates na prática. Conheça o caso Angela Davis. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (VUNESP/2015) Conforme o antropólogo Kabengle Munanga, doutor pela USP, o conceito de etnia pode ser definido como: Um grupo de pessoas que têm um ancestral comum e que possuem algumas características físicas em comum, designando a descendência ou a linhagem. Um conjunto de indivíduos que, histórica ou mitologicamente, têm um ancestral comum; têm uma língua em comum, uma mesma religião ou cosmovisão; uma mesma cultura e moram geograficamente em um mesmo território. Um grupo de indivíduos que possuem uma identidade biológica com qualidades psicológicas, morais, intelectuais e culturais adjacentes a essa genética. Uma ideologia que postula a divisão da humanidade em grandes grupos, que possuem características físicas hereditárias comuns, sendo essas últimas suportes das características psicológicas, morais e intelectuais que se situam em uma escala de valores desiguais. Uma classificação hierárquica, fundamentada na relação intrínseca entre o biológico (cor da pele, traços morfológicos) e as qualidades psicológicas, morais, intelectuais e culturais. Comentário 2. (FUMARC, SEE MG, 2018 – adaptada) “Em muitos casos, a discriminação racial coloca a população afrodescendente nos estratos mais baixos da sociedade e eles estão agrupados entre os mais pobres dos pobres. A discriminação enfrentada pela população afrodescendente perpetua ciclos de desvantagem e transmissão intergeracional de pobreza, prejudicando o seu desenvolvimento humano. As barreiras ao acesso e à conclusão de uma educação de qualidade repercutem no acesso ao mercado de trabalho e nos tipos de empregos encontrados”. Com base nos seus estudos, leia as afirmativas abaixo: I - A Década Internacional de Afrodescendentes é uma ocasião para promover maior conhecimento, valor e respeito às conquistas da população afrodescendente e às suas contribuições para a humanidade. É uma ferramenta útil para abrir caminho para o trabalho e a cooperação futura entre Estados, organizações internacionais e regionais, sociedade civil e outros, a fim de aprimorar a situação dos afrodescendentes. II - As desigualdades são parte do legado de erros do passado. Racismo, preconceito e discriminação racial contra a população afrodescendente têm suas raízes nos regimes de escravização, no tráfico de escravizados e no colonialismo. Na história do tempo presente, essas heranças são reforçadas pela discriminação interpessoal, institucional e estrutural e manifestam-se na desigualdade e marginalização em âmbito mundial. III - Homens jovens afrodescendentes são essencialmente vulneráveis. São cidadãos que correm maiores riscos de serem apreendidos na rua por ocasião da filtragem racial, enfrentam maiores índices de violência policial e mortes e, consequentemente, continuam sendo detidos, encarcerados e sujeitos a penas maiores com mais frequência. IV - Mulheres afrodescendentes sofrem discriminações múltiplas com base em raça, condição socioeconômica, gênero, acesso limitado à educação, ao trabalho e à segurança. Por isso, a Década Internacional de Afrodescendentes é uma oportunidade não só de combater a discriminação racial, mas também de assegurar o desfrute igualitário dos direitos humanos por todos. V - As condições econômica e social sobrepõem-se à condição de raça e cor, ou seja, a desigualdade é um problema de distribuição de renda e oportunidades iguais para todos. As afirmativas corretas são: I, II, III e IV. I, III, IV e V. I, II, IV e V. I, II, III e V. II, III, IV e V. Comentário CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Estudamos poder constituinte, suas origens, seu conceito, seus limites e características. Vimos o debate travado entre Kelsen e Schmitt sobre “Quem deve ser o guardião da Constituição” para entender as diferenças sobre a teoria normativa (Kelsen) e o decisionismo (Schmitt). Enquanto Kelsen entende que um Tribunal Constitucional deva controlar a constitucionalidade das leis, Schmitt entende que o fundamento último do direito deve estar no soberano. Estudamos também a origem do chamado judicial review e o caso histórico Marbury vs. Madison, marcando o entendimento de que leis e atos, abaixo da Constituição, não podem contrariá-la sob pena de serem declarados nulos. Vimos a definição de casos difíceis e apresentamos alguns exemplos, assim como vimos que a Constituição passou a ser o centro do ordenamento jurídico com a ascensão de novos direitos e novos princípios. Visitamos os principais eventos históricos que culminaram na ascensão dos direitos humanos na arena internacional, as gerações de direitos, bem como internalização desses direitos nos ordenamentos internos para a proteção do indivíduo e garantia da dignidade humana. Analisamos a relação entre direitos humanos e exercício da soberania popular como inauguradora de um Estado democrático de direito, no qual a Constituição e os direitos fundamentais passam a ser limites para a atuação dos poderes constituídos. Abordamos um assunto muito interessante e ainda pouco estudado que se relaciona com os grupos de pressão e advocacy: as organizações não governamentais e sociedades sem fins lucrativas. Elas atuam em prol do reconhecimento de direitos e implementação de políticas públicas nas mais diversas áreas, fazendo com que grupos vulnerabilizados ganhem voz junto aos tomadores de decisão, o que não deixa de ser uma luta pela efetividade de direitos humanos fundamentais previstos por nossa Constituição. Reconhecer a existência de rica interdisciplinaridade no estudo dos direitos humanos é entender que, justamente por serem garantidores de direitos mínimos a uma existência digna, são complexos e referidos histórica e socialmente. Visitamos os principais conceitos que nos ajudam a melhor compreender os temas que tocam os direitos humanos, os direitos fundamentais de grupos que historicamente foram invisibilizados e marginalizados pela sociedade. O módulo trabalha com “minorias” vulnerabilizadas, mas, muitas vezes, verificamos que tais minorias são, na verdade, maiorias em termos quantitativos e populacionais (caso específico da população negra, não dos indígenas), mas são minorias nos espaços políticos, nas escolas, nos trabalhos de maior remuneração, nos cargos públicos de proeminência. Estudamos o tratamento constitucional dado aos indígenas, as melhorias no amparo a eles dado que ocorreram com a promulgação da Constituição de 1988, vimos o caso Raposa da Serra do Sol, que muito embora tenha sido favorável àqueles grupos indígenas, representou um retrocesso na forma como estabeleceu o marco temporal das demarcações de terras indígenas. Destacamos também a importância do estudo das relações étnico-raciais para o combate ao racismo estrutural desde o ensino básico, do resgate da história, da cultura e da religião afrodescendente para a consolidação de uma sociedade de fato plural e não discriminatória. Estudamos racismo estrutural, seu conceito e suas implicações bem como formas de combatê-lo, por meio de políticas antirracistas por instituições públicas e privadas bem como por meio de ações afirmativas. PODCAST Ouça o podcast com o professor Rodrigo Rainha em conversa com Bianca Walther abordando pontos relevantes sobre Justiça e Sociedade: impactos humanos. FALA, MESTRE! Mestres de diversas áreas do conhecimento compartilham as informações que tornaram suas trajetórias únicas e brilhantes, sempre em conexão com o tema que você acabou de estudar! Aqui você encontra entretenimento de qualidade conectado com a informação que te transforma. Representatividade Assistir vídeo Sinopse: A partir da perspectiva de sua própria trajetória, a Dra. Ivone Caetano, primeira juíza negra do Estado do Rio de Janeiro e primeira desembargadora negra do TJRJ, reflete sobre o que é representatividade. Desigualdade social e racismo Assistir vídeo Sinopse: Dra. Ivone Caetano, primeira juíza negra do Estado do Rio de Janeiro e primeira desembargadora negra do TJRJ, reflete sobre a relação entre desigualdade social e racismo. O início de uma trajetória de luta Assistir vídeo Sinopse: Dra. Ivone Caetano, primeira juíza negra do Estado do Rio de Janeiro e primeira desembargadora negra do TJRJ, conta como enganou a morte já na hora do nascimento, e reflete sobre como a Educação é uma arma poderosa na luta pela igualdade. Qual o papel da Justiça na redução das desigualdades sociais? Assistir vídeo Sinopse: Dra. Ivone Caetano, primeira juíza negra do Estado do Rio de Janeiro e primeira desembargadora negra do TJRJ, discorre sobre o compromisso que a Justiça deveria ter com a redução das desigualdades sociais. A importância dos aliados na luta contra o racismo Assistir vídeo Sinopse: Dra. Ivone Caetano, primeira juíza negra do Estado do Rio de Janeiro e primeira desembargadora negra do TJRJ, conta sua trajetória de luta contra o racismo para ingressar na magistratura, refletindo sobre a importância de ter tido aliados ao longo desse processo. Diretos das crianças, religiões de matriz africana e perseguição religiosa Assistir vídeo Sinopse: Dra. Ivone Caetano, primeira juíza negra do Estado do Rio de Janeiro e primeira desembargadora negra do TJRJ, relata o racismo existente em processos da vara de infância e juventude envolvendo religiões de matriz africana. Definições básicas sobre o sistema de Justiça Assistir vídeo Sinopse: Dra. Ivone Caetano, primeira juíza negra do Estado do Rio de Janeiro e primeira desembargadora negra do TJRJ, explica de forma simples as divisões básicas do sistema de Justiça brasileiro. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo Estrutural. Coleção Feminismos Plurais, coord. Djamila Ribeiro. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019. BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. BARROSO, Luís Roberto. O Novo Direito Constitucional Brasileiro: contribuições para a construção teórica e prática da jurisdição constitucional no Brasil. Belo Horizonte: Fórum, 2012, p. 36-53. BARROSO, Luís Roberto. Supremo Tribunal Federal: Direitos Fundamentais e Casos Difíceis. Revista Brasileira de Direito Constitucional - RBDC n. 19 – jan./jun.2012, p. 109-137. Consultado na internet em: abril 2021. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7 ed. Coimbra: Almedina, 2003. KELSEN, Hans. ¿Quién debe ser el defensor de la Constitución? Madrid: Tecnos, 1995. KELSEN, Hans. Jurisdição constitucional. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. MATTEUCCI, Nicola, 1998: verbete “Constitucionalismo”. In: Norberto BOBBIO, Nicola MATTEUCCI & Gianfranco PASQUINO: Dicionário de Política, UnB, Brasília [original de 1983]. SCHMITT, Carl. O conceito de político. Petrópolis: Vozes, 1992. SCHMITT, Carl. O guardião da Constituição. Belo Horizonte: Del Rey, 2007 STERN, Ana Luiza Saramago. O Caso Marbury v. Madison: o nascimento do Judicial Review como artifício político. Revista Direito e Liberdade – RDL – ESMARN – v. 18, n. 3, p. 193-212, set./dez. 2016. Consultado na internet em: abril 2021. Natal, 2021. MUNANGA, Kabengele; GOMES, Nilma Lino. O negro no Brasil de hoje. São Paulo: Global, 2006. EXPLORE+ Vamos reforçar sua leitura? Procure ler: MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet, COELHO, Inocência Mártires. Curso de Direito Constitucional. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. BARSTED, Leila Linhares. Lei Maria da Penha: uma experiência bem-sucedida de advocacy feminista. GOFFMAN, Erving. Estigma. Notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: LTC Editora, 4. ed., 1988. Sugerimos também o lúdico, os casos que tratamos o cinema já mostrou! Procure na internet pela exposição “Cinema do Modernismo – O filme na República de Weimar" Assista aos filmes: O gabinete do Dr. Caligari, direção Robert Wiene, 1929. The Black Power Mixtape 1967-1975, sobre o caso de Angela Davis, direção Göran Olsson, 2011. Branco Sai Preto Fica, direção Adirley Queiroz, 2014. Eu não Sou seu Negro, direção Raoul Peck, 2016. CONTEUDISTA Bianca Walther Walther de Almeida Ao clicar nesse botão, uma nova aba se abrirá com o material preparado para impressão. Nela, acesse o menu do seu navegador e clique em imprimir ou se preferir, utilize o atalho Ctrl + P. Nessa nova janela, na opção destino, direcione o arquivo para sua impressora ou escolha a opção: Salvar como PDF.
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