Como educadores, devemos focar o nosso olhar e as nossas práticas no potencial dessa modalidade. Assim, vale a pena começar tentando chegar a um en...
Como educadores, devemos focar o nosso olhar e as nossas práticas no potencial dessa modalidade. Assim, vale a pena começar tentando chegar a um entendimento sobre o que é e o que pode vir a ser o campo da educação a distância. Não queremos aqui promover um debate acadêmico aprofundado sobre o tema, mas sim fazer uma reflexão sobre o significado dos termos que utilizaremos ao longo deste curso e, posteriormente, em nossa prática profissional. Aproveitamos para lembrar que não se trata de buscar uma definição fixa para a EAD. Definições são muito rígidas, geralmente são imposições vindas de fora para dentro e não conseguem acompanhar a dinâmica da realidade. Conceitos são construções que fazemos de modo a facilitar nosso entendimento acerca da realidade e, por isso, são tão dinâmicos, mutáveis e adaptáveis quanto a vida que levamos. O conceito de EAD que construiremos precisará ter essas mesmas qualidades. Vamos partir de um trecho da definição utilizada pelo Ministério da Educação, no Decreto-Lei n. 9.057 de 2017. Segundo o MEC, considera-se educação a distância a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da educação que estejam em lugares e tempos diversos. À primeira leitura, já notamos que a definição do MEC tomava educação, ensino e aprendizagem como termos equivalentes e permutáveis. Em decretos mais recentes, essa definição foi abandonada, pois não esclarecia o campo e confundia quem a lia. Possuem as três palavras o mesmo significado? É importante, antes de avançarmos para conceituações mais consistentes, fazer uma distinção entre os termos instrução, ensino e educação. Sem mergulhar muito fundo nesse debate, é possível lançar alguns pontos para iniciar essa reflexão. Instrução está ligada ao treinamento, à capacitação operacional, ao ensinar a fazer. Por isso, muitos acreditam que é plenamente possível organizarmos treinamentos a distância sem grandes problemas. Basta mostrar de forma clara o que deve ser feito, em cada situação, e está pronta a instrução. Um parêntese: há muito tempo existe a ideia de que é possível ensinar qualquer coisa para qualquer pessoa, desde que se planeje muito bem como a instrução ocorrerá. A proposta da instrução programada, de Skinner, gerou muitos projetos educacionais na modalidade a distância e mesmo hoje, sob outros nomes e vestes, ainda está por trás de várias iniciativas nesse campo. No início de 1950, B. F. Skinner, como professor de Harvard, propôs uma máquina para ensinar usando o conceito de instrução programada. Esse tipo de instrução consiste em dividir o material a ser ensinado em pequenos segmentos logicamente encadeados e denominados módulos. Cada fato ou conceito é apresentado em módulos sequenciais. Cada módulo termina com uma questão que o aluno deve responder preenchendo espaços em branco ou escolhendo a resposta certa entre diversas alternativas apresentadas. O estudante deve ler o fato ou conceito e é imediatamente questionado. Se a resposta está correta, o aluno pode passar para o próximo módulo. Se a resposta é errada, a resposta certa pode ser fornecida pelo programa, ou o aluno é convidado a rever módulos anteriores ou, ainda, a realizar outros módulos, cujo objetivo é remediar o processo de ensino. A proposta de Skinner contribuiu significativamente para a difusão da instrução programada, especialmente entre as décadas de 1950 e 1960. Com o advento do computador, diversos programas de instrução programada foram elaborados, já que se tornou mais fácil a apresentação dos módulos do material instrucional devido ao uso dessa tecnologia (VALENTE, 2008). Seguindo nossa reflexão, vemos que a palavra ensino encontra-se diretamente ligada à atuação do professor e aos processos de seleção, de organização e de transmissão de conteúdos, bem como às medidas da retenção das informações transmitidas. O ensino enfoca o conhecimento em si, a transmissão de verdades estabelecidas, o aprender a conhecer. Se partirmos dessa premissa, podemos considerar que o ensino fornecido a distância é plenamente possível, uma vez que a transmissão de verdades e conhecimentos não exige maiores trocas comunicativas e valorativas entre o professor e o aluno. Por sua vez, o termo educação – referente à formação integral do ser humano – não se restringe ao procedimental/operacional ou somente ao cognitivo (ao conhecimento por si). Essa palavra também abrange aspectos atitudinais, comportamentais, éticos, valorativos. Encerra, além do saber fazer e do saber conhecer, o saber conviver e o saber ser. A partir daí alguns pensadores julgaram não ser possível a educação a distância, posto que educar pressupõe – como acreditavam – a presença física de professores e alunos em um mesmo espaço físico. Em contrapartida, há educadores que defendem a ideia de que, sendo a educação fruto do diálogo, da colaboração, da troca ampla e contínua de ideias e experiências, e sendo tal interação plenamente possibilitada – e até potencializada – pelos meios tecnológicos dos quais dispomos nos dias de hoje, a educação a distância não é somente possível, mas desejável, viável e eficaz. Passando das definições oficiais para as definições propostas por acadêmicos, pesquisadores e pedagogos, vemos uma grande diversidade de opiniões. Para muitos autores, o que caracteriza a educação a distância é a separação espacial entre professores e alunos. A EAD é estabelecida quando o professor não está no mesmo espaço geográfico (físico) que seus alunos. Essa distância é reduzida por meio dos recursos didáticos, ou melhor, das tecnologias e dos meios de comunicação utilizados como suporte para a aprendizagem. Um olhar sobre as práticas de ensino nos revela que a simples presença física do professor na sala de aula não garante a efetividade da troca comunicativa e do diálogo entre o professor e seus alunos. A partir de nossas experiências como estudantes, podemos lembrar muitas situações nas quais não tivemos qualquer tipo de diálogo ou interação significativa com alguns de nossos professores, que se limitavam a “dar aula”, a cumprir o seu papel de transmissores de conteúdos, sem se importarem de fato com quem estava ali, sentado à sua frente, esperando ser “iluminado”. Mesmo assim, a definição clássica de EAD toma a distância como o componente essencial. Por exemplo, Holmberg (1989), um dos pioneiros nesse campo, diz que o termo educação a distância cobre as várias formas de estudo, em todos os níveis, nas quais os estudantes não estão sob contínua e imediata supervisão de tutores em salas de aula. Apesar de a distância ser um aspecto importante da EAD, devemos considerar outros no momento de a definir, tal como a existência de uma instituição de ensino (KEEGAN, 1990). Para Keegan, navegar na internet ou assistir sozinho a programas educativos de televisão não corresponde à educação a distância, pois não envolvem uma instituição de ensino que se responsabilize pela totalidade do processo de aprendizagem a distância. Keegan (1990) também aponta como condição do estabelecimento da EAD a presença de outros instrutores – além do professor – envolvidos com o processo de ensino-aprendizagem, tais como designers, programadores, diretores de TV, redatores, revisores e outros profissionais. Há também outras definições referentes à EAD que a caracterizam como sendo, principalmente, uma modalidade em que se faz necessário o minucioso planejamento, aliado à organização de seus processos de modo que a aprendizagem seja realizada plenamente quando o professor não estiver ao lado do aluno na sala de aula. A EAD seria então uma modalidade avessa à improvisação, exigindo muito esforço por parte da instituição, dos
Desculpe, mas sua pergunta parece ser um trecho extenso de um texto ou um pedido de resumo. Se precisar de ajuda com um resumo ou compreensão do texto, estou aqui para ajudar.
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