Durkheim afirmou que nenhuma sociedade está livre do crime. Como ela é feita de um conjunto de instituições que pressupõem a existência de regras p...
Durkheim afirmou que nenhuma sociedade está livre do crime. Como ela é feita de um conjunto de instituições que pressupõem a existência de regras para a convivência coletiva, o crime é normal, é um padrão social. O crime é visto como um fato social normal, pois em todas as sociedades em todas as épocas sempre existiram criminosos. O crime exerce uma função social importante: reforça os valores morais de renovar os laços de solidariedade de uma sociedade. Porém, quando os crimes fogem do controle da sociedade, eles se tornam uma patologia. A normalidade do crime não significa que ele seja bom, mas que desempenha um papel social importante. Esse papel surge quando a criminalidade assume uma forma degenerativa, o que indica que há uma ausência de normas que ameaça a coesão social e que as instituições sociais não conseguem socializar os indivíduos. Exemplo: o crime organizado no Rio de Janeiro e em São Paulo. As causas do crime devem procuradas na sociedade, não no delinquente. Quando as instituições de uma sociedade são fracas ou ausentes, a socialização fracassa e os indivíduos entram num estado de ausência de normas, a anomia. Numa sociedade com alto grau de anomia, os crimes e os desvios tornam-se mais comuns. Desvios e crimes são comportamentos que determinadas sociedades consideram antissociais, esforçando-se por inibi-los, combatê-los ou sublimá-los: • Desvio: comportamento que viola uma norma social (informal ou tácita). Exemplo: nas sociedades modernas, o homossexual é considerado desviado, mas não criminoso. • Crime: é aquele desvio que uma sociedade considerou tão perigoso e ofensivo que resolveu inibir ou punir com a lei. Exemplo: nas sociedades modernas, o assassino é considerado um desviado e um criminoso. Todo criminoso é um desviado, mas nem todo desviado é um criminoso. Crime é todo comportamento que traz consequências negativas para a vida social. Portanto, as fronteiras entre o que é crime e o que é desvio variam conforme a sociedade. Para Durkheim, nenhuma sociedade estaria livre do crime: • Como toda sociedade institui normas, o crime existirá sempre que alguém quebrar essas normas; • O crime representa a desagregação dos laços que unem os indivíduos. Para refletir: o que diferencia um herói de guerra de um assassino comum? A culpa pela existência do criminoso é dele próprio, da natureza ou da sociedade? Por que aquilo que uma sociedade condena como crime pode não ser condenado ou até mesmo ser estimulado por outra sociedade?
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