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esse continuum sobre o entendimento conceitual da RSC, Carroll (1979) conseguiu inserir os fatores econômico, legal, ético e expectativas discricio...

esse continuum sobre o entendimento conceitual da RSC, Carroll (1979) conseguiu inserir os fatores econômico, legal, ético e expectativas discricionárias que a sociedade tem em relação às organizações. Expectativas discricionárias correspondem a regras voluntárias que as organizações assumem em circunstâncias nas quais não há clareza de quem é a responsabilidade ética, o que fica ainda mais suscetível quando o Estado não está cumprindo suas obrigações. Pavimentando o caminho para o surgimento das abordagens sobre empresas de capitalismo consciente, Jones (1980) definiu que as obrigações da organização devem ser mais amplas do que a maximização dos lucros dos acionistas, estendendo-se para os interesses de outras partes interessadas, como clientes, empregados, fornecedores e comunidades vizinhas. Acrescentou, ainda, que devem ser voluntariamente adotadas e que comportamentos influenciados por forças coercitivas de leis ou contratos não são voluntários. Apesar das abordagens que frisam a importância da voluntariedade na composição da responsabilidade social corporativa, inegavelmente as pressões da sociedade podem ser as impulsionadoras das ações empresariais em prol da RSC. Estudos como o de Bronn e Vidaver-Cohen (2009) identificaram uma série de forças institucionais que obrigam as empresas a fortalecer suas agendas sociais e compreender o impacto de suas atividades produtivas na degradação dos recursos comuns do meio ambiente. Tais forças foram apontadas pelos estudos de Márquez e Fombrun (2005) e Aguilera et al. (2007) como originadas da crescente intolerância de clientes e potenciais clientes a práticas corporativas que causem externalidades negativas, além da expectativa de que as empresas imponham sanções rápidas e significativas sobre executivos que se dediquem a condutas antiéticas. Naturalmente, também existem os motivos altruístas, que partem do princípio de que as iniciativas sociais estão ancoradas na ideia de que a empresa tem o dever ético de promover retornos à sociedade. Valores morais e o desejo de dar um contributo positivo para o futuro da sociedade continuam a ser um poderoso vetor da empresa com agenda social. Alguns estudos têm documentado casos em que “fazer a coisa certa” parece ser um motivo mais forte para a iniciativa social do que os benefícios práticos que essas atividades geram para a empresa, diminuindo a incidência de posturas motivadas pelo “o que eu ganho com isso?”. Nesse contexto, encontram-se as empresas que desejam, de forma genuína, gerar um mundo melhor e ainda lucram com isso (Hahn e Scheermesser, 2006). É interessante notar que todo esse enriquecimento na compreensão do conceito de RSC pressupõe que organizações devem ser economicamente lucrativas, ou seja, é preciso que haja a responsabilidade corporativa na tomada de decisão, de forma que ações socioambientais não gerem alguma sangria que afete sua saúde econômica. Além disso, precisam ser observados códigos de conduta amparados na lei e que tenham lastro na ética. Vimos, portanto, que a evolução do conceito de responsabilidade social corporativa mostra que a maximização do lucro deixa de ser o foco principal e passa a ser consequência das decisões da empresa, as quais devem estar alinhadas com os interesses de diferentes partes interessadas, dentro e fora da organização. 2.2.1.2 A responsabilidade social no Brasil Práticas altruístas que denotam comportamento de cidadania não são novidade no Brasil. Ao contrário, com motivações estimuladas principalmente pelas diversas crenças religiosas, muitas pessoas, ao longo de gerações, têm dedicado seu tempo à beneficência social. Há diversos casos de empresas que já adotaram programas de apoio a comunidades carentes ou estão pensando em criá-lo (Fischer e Falconer, 2001). A organização Ashoka Empreendedores Sociais e a McKinsey & Company desenvolveram um livro sobre como elaborar planos de negócio para projetos sociais que traz a história do voluntariado no Brasil. Trata-se de uma relevante contribuição, visto que disponibiliza uma marcação temporal de como foi a evolução do entendimento do papel das organizações em nosso país. As Santas Casas de Misericórdia estão na origem do fenômeno de assistencialismo no Brasil, datando do século XVI o nascedouro das ações em prol das pessoas carentes. O pioneirismo da filantropia em nossa nação, portanto, tem um protagonismo exercido pela chamada caridade cristã. Na sequência, foram surgindo mais hospitais e asilos mantidos por detentores das grandes fortunas na época. Somente no final do século XIX e início do século XX, principalmente a partir de 1910, houve uma mudança de paradigma e o Estado passou a intensificar sua atuação social, especialmente nas questões de saúde, saneamento e educação, e diminuiu a dependência da filantropia e da assistência cristã. Outro acontecimento marcante na evolução dos programas de apoio aos necessitados no Brasil foi o surgimento dos sindicatos, das associações, das federações e das confederações, os quais conectaram o sistema privado com as práticas de assistência para imigrantes, operários e empregados do comércio no contexto do início da industrialização e da crescente urbanização observada nas décadas de 1920 e 1930. Dando um salto até a década de 1970, surgiram organizações motivadas pela resistência ao regime de ditadura para defender interesses e direitos civis, políticos e humanos. Para se posicionar distintamente das ações governamentais, surgiu o termo “organização não governamental” (ONG), que atualmente serve para designar qualquer instituição sem fins lucrativos. Adentrando os anos 1980, as crises sociais no continente africano e a abertura política e econômica de países do Leste Europeu levaram as fundações internacionais e órgãos de cooperação a redirecionar seus recursos para essas localidades com contingências emergentes. Isso gerou a necessidade de as organizações latino-americanas buscarem alternativas para sua viabilidade, e muitas fontes de recursos secaram. Foi somente na década de 1990 que houve mudanças marcantes no terceiro setor brasileiro. Entre os aspectos que fizeram com que houvesse a expansão de ações sociais de parte das organizações nesse período estão os questionamentos a respeito do acúmulo das funções de Estado protetor e regulador, ampliação da demanda pelo aprimoramento de questões sociais degradadas e aumento da conscientização sobre os danos gerados pelas atividades empresariais no meio ambiente. Esse movimento gera uma tendência de redução da gestão social da esfera público-estatal para a esfera privada, com redução do ônus aos cofres públicos e diminuição da burocracia, além da consequente revisão do papel de vários atores. Uma modalidade que ganha força e que está totalmente alinhada com formas genuínas de contribuir com a sociedade por meio das organizações são os programas de voluntariado empresarial. Voluntário é o cidadão que, motivado pelos valores de participação e de solidariedade, doa seu tempo, trabalho e talento, de maneira espontânea e não remunerada, para causas de interesse social e comunitário. Ao vincular a prática de voluntariado a algum programa organizado por empresas, é possível utilizar o conceito elaborado pela Points of Light Foundation Wild (1998), que define o voluntariado corporativo (VC), ou voluntariado empresarial, como uma forma de apoio formal ou organizado de uma empresa a empregados ou aposentados que desejam servir, voluntariamente, doando seu tempo e habilidades. No voluntariado corporativo, como a terminologia sugere, a colaboração se dá por vontade própria e está alicerçada em sen-timentos altruístas. Fischer e Falconer (2001) destacam que o programa de VC deve ser constituído por uma iniciativa formal da empresa, que busca estimular o comportamento individual e espontâneo dos empregados para que se engajem nas práticas sociais, mas considerando que a participação deve ser facultativa. A adesão dos funcionários não pode sofrer qualquer forma de coerção, e o serviço não deve ser recompensado, de forma direta ou indireta, por qualquer tipo de remuneração financeira

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01 APOSTILAAMk-TICAESUSTENTABILIDADE2022
98 pág.

Governança Corporativa e Ética Empresarial Universidade PaulistaUniversidade Paulista

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