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A estilística/linguística da enunciação pesquisa no enunciado as marcas dos vários elementos relacionados com a enunciação: situação, contexto sóci...

A estilística/linguística da enunciação pesquisa no enunciado as marcas dos vários elementos relacionados com a enunciação: situação, contexto sócio-histórico, locutor, receptor, referente. O elemento privilegiado pelos teóricos da enunciação é o locutor, o nível de subjetividade do discurso.

 

MARTINS, Nilce Sant’Anna. Introdução à estilística: a expressividade na língua portuguesa. São Paulo: EDUSP, 2008, p. 234.

  

Considerando a enunciação, leia a seguir o trecho sobre o lugar das vozes da mulher negra e do estudante negro no ambiente acadêmico.

 

Em 2006, na linha de pesquisa de história social da cultura, do IFCH-UNICAMP, eu fui a única estudante negra aprovada no processo seletivo. Nos anos em que por lá estive, foram muitos os casos de racismo, experimentados com outros colegas negros que começavam assim como eu a chegar na pós-graduação. Entre tantos, lembro do dia em que apresentei para turma meu projeto de pesquisa - ritual obrigatório na linha de pesquisa à qual pertencia. Os comentários de mestrandos e doutorandos brancos sobre como o texto “estava mal escrito e poderia melhorar” e como “estudar concursos de beleza negra no pós-abolição” era algo “fútil e irrelevante” fizeram-me entender o abismo entre teoria e prática na história social do trabalho. Ao mesmo tempo em que referenciavam pesquisas nas premissas de Edward Thompson acerca da importância de visibilizar as experiências e o protagonismo das classes trabalhadoras, operavam, para usar uma expressão do próprio historiador inglês, na mais absoluta “miséria da teoria” para o desenvolvimento de pesquisas supostamente neutras. Histórias como essa de silenciamento e desqualificação dos modos de fazer e pensar de pessoas negras são parte do “privilégio epistêmico”. Entre 2005 e 2016, cresceu de 5,5% para 12,8% o número de estudantes negros nas universidades públicas brasileiras. Tal aumento culminou na emergência de novas agendas de pesquisa. Nelas destacam-se: a importância de valorizar as trajetórias individuais e coletivas, as subjetividades, as narrativas na primeira pessoa. "Você pode substituir Mulheres Negras como objeto de estudo por Mulheres Negras contando suas próprias histórias" não é uma interdição às pessoas brancas. É sobre nós. É sobre a importância de localizar saberes e fazer ciência partindo dos lugares de fala de intelectuais negras. 

 

XAVIER, Giovana. Ciência, lugar de fala e mulheres negras na academia. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/colunistas/2018/Ci%C3%AAncia-lugar-de-fala-e-mulheres-negras-na-academia. Acesso em: 10 set. 2018 (adaptado).

  

Tendo em vista a relação entre a estilística da enunciação e as possíveis soluções para o problema da desigualdade étnica e de gênero nas universidades apresentadas pela autora do texto, julgue os itens a seguir.

 

I. O desenvolvimento de pesquisas neutras na universidade e o fim do silenciamento e do descrédito aos estudantes negros passam pela investigação do lugar de fala dos locutores e receptores.

 

II. O distanciamento em relação aos temas estudados e a desqualificação dos modos de fazer e pensar de pessoas negras compõem o chamado “privilégio epistêmico”, problema descrito pela autora.

 

III. As trajetórias individuais e coletivas, as subjetividades e as narrativas na primeira pessoa são práticas enunciativas que permitem construir o espaço para o reconhecimento das minorias na produção científica.

 

É correto o que se afirma em

A) 

I, II e III.

B) 

II, apenas.

C) 

I, apenas.

D) 

II e III, apenas.

E) 

I e III, apenas.


💡 1 Resposta

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Vamos analisar cada alternativa: I. O desenvolvimento de pesquisas neutras na universidade e o fim do silenciamento e do descrédito aos estudantes negros passam pela investigação do lugar de fala dos locutores e receptores. - Correto. A investigação do lugar de fala dos locutores e receptores é essencial para combater o silenciamento e o descrédito aos estudantes negros. II. O distanciamento em relação aos temas estudados e a desqualificação dos modos de fazer e pensar de pessoas negras compõem o chamado “privilégio epistêmico”, problema descrito pela autora. - Correto. O distanciamento em relação aos temas estudados e a desqualificação dos modos de fazer e pensar de pessoas negras são aspectos do "privilégio epistêmico". III. As trajetórias individuais e coletivas, as subjetividades e as narrativas na primeira pessoa são práticas enunciativas que permitem construir o espaço para o reconhecimento das minorias na produção científica. - Correto. Essas práticas enunciativas são fundamentais para o reconhecimento das minorias na produção científica. Portanto, a resposta correta é: A) I, II e III.

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