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uma deliberação anterior, neste caso a definição será a mesma que aqui apresentei. Portanto a vontade é o último apetite na deliberação. Em bora na...

uma deliberação anterior, neste caso a definição será a mesma que aqui apresentei. Portanto a vontade é o último apetite na deliberação. Em bora na linguagem comum se diga que um homem teve uma vez vontade de fazer uma co isa, que nào obstante evitou fazer, isto é propriamente apenas uma inclinação , que nào constitui uma ação vo luntária , pois a ação não depende dela. e sim da última inclinação ou apetite. Porque se todos os apetites intervenientes fizessem de uma ação uma ação voluntária , então pela mesma razão todas as aversões intervenientes deveríam fazer da mesma ação uma ação involuntária : e assim uma mesma ação seria ao mesmo tempo voluntária e involuntária. F ica assim manifesto que ms ações voluntárias não são apenas a s ações que têm origem na cobiça, na am bição, na çoncupiscência e outros apetites em rela­ção â coisa proposta, mas também aquelas que têm origem na aversão, ou no medo das consequências decorrentes da omissão da ação. A s formas de linguagem através dos quais se exprimem as paixões são em parte as mesmas, c em parte diferentes daquelas pelas quais se exprimem os pensamentos. Em prim eiro lugar, todas as paixões podem de maneira geral ser expressas no Indicativo : como por exemplo amo. temo. alegro me, delibero, quero, ordeno: mas algumas delas têm expressões que lhes são peculiares, e toda via não são afirmacoes, a nào scr para fazer outras inferências além da inferência da paixão de onde deriva a expressão. A deliberação sc exprime pcio Subjutuivo, que é o modo próprio paru significar suposições c suas consequências, como por exemplo em Se isto f o r fe ito , esta será a consequência. Nào difere da linguagem do raciocín io , salvo que o raciocín io se exprime através de termos gerais, e a deli beracâo sc refere sobretudo a casos particulares. A linguagem do desejo c da aversão 6 Imperativa, como por exemplo em Fase isto ou Evita aquilo. Quando o outro é obrigado a fazer ou a evitar, essa linguagem 6 uma ordem; caso contra rio . c um pedido, ou então um conselho. A linguagem da vangloria, ou da indig nação, da piedade c da vingança é Optativa; mas para o desejo de conhecer há uma expressão peculiar a que sc chama Interrogativa, corno por exemplo em O que é isso? Quando será isso? Como sc fa z isso? e Por que isso? Nào conheço mais nenhuma linguagem das paixões, porque as maldições, ju ras c insultos, nào significam enquanto linguagem, mas enquanto ações dc um linguajar habitual. Estas formas de linguagem são expressões ou significações voluntárias de nossas paixões. Mas determinados sinais nào o são, pois podem scr usados arbitrariam ente, quer aqueles que os usam tenham ou não tais paixões. Os melho­res sinais das paixões atuais residem na atitude, nos movimentos do corpo, nas ações, e nos fins c objetivos que por outro lado sabemos que a pessoa tem. Dado que na deliberação os apetites c aversões são suscitados pela previsão das boas ou más consequências e sequelas da ação sobre a qual se delibera. o$ bons ou maus efeitos dessa ação dependem da previsão de uma extensa cadeia dc consequências, cujo fim muito poucas vezes qualquer pessoa c capaz dc ver. Mas até o ponto cm que sc consiga ver que o bem dessas consequências é superior ao m al, o conjunto da cadeia c aquilo que os autores cham am bem manifesto ou apa­rente. Feio contrário , quando o mal é maior do que o bem. o conjunto chama-se mal manifesto ou aparente. De modo que quem possuir, graças à experiência ou à ray.ão, a m aior e mais segura capacidade de prever as consequências 6 quem melhor é capaz de deliberar; e é quem mais é capaz, quando quer. de dar aos ou­tros os melhores conselhos. O sucesso contínuo na obtenção daquelas coisas que de tempos a tempos os homens desejam, quer d izer, o prosperar constante, é aquilo a que os homens cha­mam fe lic idade: refiro-me à felicidade nesta vida. Pois não existe uma perpétua tranquilidade de espírito, enquanto aqui vivem os, porque a própria vida não passa de movimento, e jam ais pode deixar de haver desejo, ou medo, tal como não pode deixar de haver sensação. Que espécie de felicidade Deus reservou àqueles que devotamente o veneram, c coisa que ninguém saberá antes dc gozá la. Pois são alegrias que agora são tao incompreensíveis quanto a expressão visão beatífica, usada pelos Esco lásticos. é ininteligível. A forma dc linguagem através da qual os homens exprimem sua opinião da excelência de alguma coisa chama-se louvor. Aquela pela qual exprimem o poder e grandeza de alguma coisa é a exaltação. E aquela pela qual exprimem a opinião que têm da felicidade dc um homem era pelos gregos chamada makarismôs, pala­vra para a qual nào existe tradução cm nossa língua. E isto e quanto basta dizer sobre as paixões, para o objetivo do momento. C a p it u l o VII Dos fins ou rcsoluçòes cio discurso Para todo discurso, governado pelo desejo de conhecimento, existe pelo menos um fim , quer seja para conseguir ou para evitar alguma coisa. E onde quer que a cadeia do discurso seja interrompida existe um fim provisório. Se o discurso for apenas mental, consistirá em pensamentos de que uma coisa será ou nào. de que ela foi ou nào fo i, alternadamente. De modo que onde quer que interrompamos a cadeia do discurso dc alguém, deixamo lo na suposição de que algo será ou nào será: de que fo i , ou nào fo i . Tudo isto c opinião. E tudo quanto é apetite alternado, na deliberação re lativa ao bem e ao mal. é tam­bém opinição alternada, na investigação da verdade sobre o passado c o futuro. E tal como o último apetite na deliberação se chama vontade, assim também a ú lti­ma opinião na busca da verdade sobre o passado e o futuro sc chama ju ízo , ou sentença Ju ia l e decisiva daquele que discursa. E tal como o conjunto da cadeia dc apetites alternados, quanto ao problema do bem e do mal. se chama delibera­ção. assim também o conjunto da cadeia dc opiniões alternadas, quanto ao pro­blema da verdade c da falsidade, sc chama dúvida. Nenhuma espécie dc discurso pode term inar no conhecimento absoluto dos fatos, passados ou vindouros. Porque para o conhecimento dos fatos é necessária primeiro a sensação, e depois disso a memória; e o conhecimento das conscqüèncias. que acim a já disse chamar-se Ciência, não è absoluto, mas condicional. N in­guém pode chegar a saber, através do discurso , que isto ou aquilo é, foi ou será, o que equivale a conhecer absolutamente. £ possível apenas saber que, se isto é, aquilo também c : que. se isto fo i. aquilo também fo i: c que. sc isto será, aquilo também será: o que equivale a conhecer condicionalmente. E não sc '.rata dc conhecer as conscqüèncias de uma coisa para outra, e sim as do nome de uma coisa para outro nome da mesma coisa. Portanto quando o discurso é exprim ido através da linguagem, começa pela definição das palavras e procede mediante a conexão das mesmas em afirmações gerais, e destas por sua vez cm silogismos, o fim ou soma total é chamado conclu­ são; c o pensamento por esta significado é aquele conhecimento condicional, ou conhecimento das conscqüèncias das palavras, a que geralmente se chama ciên­cia. Mas se o primeiro terreno desse discurso não forem as definições, ou se as definições nào forem correia mente ligadas em silogismos, nesse caso o fim ou conclusão volta a ser opinião, acerca da verdade dc algo afirm ado, embora às soa como a verdade do que ela d iz. De modo que na crença há duas opiniões, uma rcl&tiva ao que a pessoa d iz . e outra relativa a sua virtude. Acreditar, ter f é em, ou confiar cm alguém, tudo isto significa a mesma co isa : a opinião da veracidade de uma pes­soa. Mas acreditar o que é dito significa apenas uma opiniào da verdade da coisa d ita . Mas deve observar-se que a frase creio em. como também no latim , credo in, ou no grego pisteuo eis. só 6 usada nas obras dos teólogos. Em vc/. disso, nos ou­tros escritos põ

Essa pergunta também está no material:

Hobbes - Coleção os Pensadores
444 pág.

Filosofia Faculdade Carlos Drummond de AndradeFaculdade Carlos Drummond de Andrade

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