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No que se refere ás atribuições de um soberano para com o outro, que estão incluídas naquele direito que é comumcnte chamado direito das gentes, nà...

No que se refere ás atribuições de um soberano para com o outro, que estão incluídas naquele direito que é comumcnte chamado direito das gentes, nào preci­so aqui dizer nada. porque o direito das gentes e a lei de natureza são uma c a mesma co isa. E qualquer soberano tem o mesmo direito, ao procurar a segurança de seu povo. que qualquer homem privado precisa ter para conseguir a segurança de seu próprio corpo. E a mesma lei que dita aos homens destituídos de governo c iv il o que devem fazer e o que devem evitar no que se refere uns aos outros, dita o mesmo aos Estados, isto é. às consciências dos soberanos príncipes o das assembléias soberanas, não havendo nenhum tribunal de ju stiça natural, exceto na própria consciência, na qual nào é o homem que reine, mas Deus, cujas leis (como as que obrigam toda a humanidade) no que sc refere a Deus. na medida em que c o autor da natureza, são naturais, c no que sc refere ao mesmo Deus. na medida cm que é rei dos reis, sào leis. M as, do reino de Deus. como rei dos reis. e como também de um povo eleito, la larc i no resto deste discurso. C a p it u l o X X X I Do reino de Deus por natureza Que a condição de simples natureza, isto é. de absoluta liberdade, como é a daqueles que não são nem súditos nem soberanos. 6 anarquia e condição de guer ra ; que os preceitos pelos quais os homens sâo levados a evitar tal condição, são as leis da natureza; que um Estado sem poder soberano não passa de uma palavra sem substância e não pode permanecer: que os súditos devem aos soberanos sim ples obediência em todas as coisas, dc onde se segue que sua obediência não c incompatível com as leis dc Deus. provei suficientemente naquilo que já escreví. Fa lta apenas, para um completo conhecimento do dever c iv il, conhecer o que são essas leis de Deus. Pois sem isso um homem não sabe. quando algo lhe é orde­nado pelo poder c iv il, se is$o c contrário à lei dc Deus ou não: c assim , ou por uma excessiva obediência c iv il ofende a D iv in a Majestade, ou com receio de ofen­der a Deus transgride os mandamentos dc» Estado. Para evitar ambos estes esco­lhos, ê necessário conhecer o que são as leis d ivinas. E dado que o conhecimento de toda lei depende do conhecimento do soberano poder, direi algo nos capítulos seguintes sobre o reino de Deus. Deus c rei, que a torra se alegre, escreve o salm ista. E também. Deus é rei muito embora as nações não o queiram; e é aquele que está sentado sobre os que rubitis, muito embora a terra seja movida. Quer os homens queiram , quer não. têm dc estar sempre sujeitos ao divino poder. Negando a existência, ou a provi­dência de Deus, os homens podem perder seu a lív io , mas não libertar ss dc seu jugo. Mas chamar reino de Deus a este poder de Deus. que se estende não só ao homem mas também aos anim ais e plantas e corpos inanimados, é apenas um uso metafórico da palavra. Pois só governa propriamente quem governa seus súditos com a palavra c com a promessa de recompensa àqueles que lhe obedecem, e com a ameaça dc punição àqueles que não lhe obedecem. Portanto, os súditos do reino de Deus não são os corpos inanimados nem as criaturas irracionais, porque não compreendem seus preceitos, nem os ateus, nem aqueles que não acreditam que Deus sc preocupe com as ações da humanidade, porque nào reconhecem nenhu­ma palavra como sendo sua, nem têm esperança em suas recompensas, nem re­ceio de suas ameaças. Aqueles, portanto, que acreditam haver um Deus que (governa o mundo c que deu preceitos e propôs recompensas e puniçôe* para a humanidade, são os súditos de Deus: todo o resto deve ser compreendido como seus inim igos. G overnar com palavras exige que tais palavras sejam tornadas conhecidas de forma manifesta, pois de outro modo não são leis. Pertence à natureza das leis uma promulgação suficiente e c la ra , de tal modo que afaste a desculpa de igno­ráncia , a qual nas leis dos homens c apenas de uma só espécie, ou seja. proclama­ção ou promulgação pela voz do homem. Mas Deus declara suas leis de três m aneiras: pelos ditames da razão natural, pela revelação, e pela voz dz algum homem, ao qual, pela feitura de m ilagres, concede crédito junto dos outros. Daqui surge uma trip la voz de Deus. racional, sensível e profética, à qual corresponde uma trip la audição, ju sta razão, sentimento sobrenatural e fé . Quanto ao senti­mento sobrenatural, que consiste na revelação, ou inspiração, não foram dadas quaisquer leis universais, porque Deus não fala desse modo, mas a determinadas pessoas e a homens diversos diz coisas d iversas. A partir da diferença entre as outras duas espécies dc palavras de Deus. racional e profética, pode ser atribuído a Deus um duplo reino, natural e profé­tico : natural, quando governa pelos ditames naturais da justa razão aqueles m ui­tos da humanidade que rcconheçcm sua providência: e profético, quando, tendo elegido uma nação específica (os judeus) como seus súditos, os governa e a nenhuns outros além deles, não apenas pela razão natural mas também por leis positivas, que lhes dá pela boca dc seus profetas. Penso falar do reino N atural de Deus neste capítulo. O direito dc natureza, pelo qual Deus reina sobre os homens, c pune aqueles que violam suas leis, deve ser derivado, não do fato dc tê-los criado, como se ex i­gisse obediência por gratidão por seus benefícios, mas sim dc seu poder irresis­ tível. Mostrei primeiro como o direito soberano nasce dc um pacto; para mostrar como o mesmo direito pode surgir da natureza nada mais é preciso do que mos­ trar em que casos nunca é retirado. Dado que todos os homens por natureza ti­ nham direito a todas as coisas, cada um deles tinha direito a reinar sobre todos os outros. M as porque este direito não podia scr obtido pela força, d izia respeito à segurança de cada um. pondo de lado aquele direito, escolher homens (com auto ridade soberana) por consenso comum, para governá-los c defendê-los visto que sc tivesse havido um homem de poder irresistíve l, não haveria razão para ele não governar por aquele poder c defender-se a si próprio e a eles, conforme lhe pare­cesse melhor. Para aqueles portanto cujo poder c irresistível, o domínio dc todos os homens é obtido naturalmcnte por sua excelência de poder: e por consequência é por aquele poder que o reino sobre os homens, c o direito de aflig ir os homens a seu prazer, pertence naiuralmente a Deus todo-poderoso, não como criador e concessor dc graças, mas como onipotente. E muito embora a punição seja devi­da apenas ao pecado, porque por essa palavra se entende sofrimento pelo pecado, contudo o direito dc fazer sofrer nem sempre resulta dos pecados dos homens, mas sim do poder dc Deus. Esta questão Por que razão os homens maus prosperam e os homem bons sofrem reveses foi muito discutida pelos antigos, e o mesmo acontece com esta nossa questão Por que direito Deus dispensa as prosperidades e os reveses desta vida; c c de tamanha dificuldade que tem abalado a fé não apenas do vulgo, mas também dos filósofos e. o que é m ais, dos santos, no que se refere à divina provi­dência. Com o é bom (d iz D av i) o Deus de Israel para aqueles que têm um cora­ção ju sto ; contudo meus pés tinham quase desaparecido, minhas pisadas tinham quase sumido, pois fiq u e i revoltado contra os maus. quando vi os gentios em tal prosperidade. E Jô . com que vigor apostrofou Deus por tantos sofrimentos que passara, apesar de sua retidão? Esta questão, no caso dc Jó , c resolvida pelo pró­prio Deus, não por argumentos tirados dos pecados de Jó , mas de seu próprio poder. Pois enquanto os amigos dc Jó foram buscar seus argumentos para o so fri­mento dele a seus pecados, e ele se defendeu pela consciência de sua inocência, o próprio Deus tomou à sua conta o ass

Essa pergunta também está no material:

Hobbes - Coleção os Pensadores
444 pág.

Filosofia Faculdade Carlos Drummond de AndradeFaculdade Carlos Drummond de Andrade

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