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7% dos entrevistados dos funcionários se autodefiniram como negros ou negras e 71,4% como brancos. Entretanto, este avanço (o que tudo indica) se d...

7% dos entrevistados dos funcionários se autodefiniram como negros ou negras e 71,4% como brancos. Entretanto, este avanço (o que tudo indica) se deu pelo aumento da realização de concursos nos bancos públicos, em que os negros conseguem maior presença no setor, do que propriamente fruto de ações afirmativas das instituições financeiras privadas. Fato é que os números no setor bancário são preocupantes. De acordo com o relatório dos cinco maiores bancos do país, apenas 20% dos trabalhadores são negros e a maioria não está nos cargos de diretoria, exercendo (ainda) funções subalternas e de pouca visibilidade para a clientela. O levantamento revelou que a maioria dos empregados nos bancos era do sexo masculino (52%), brancos (77%) que estavam alocados em funções de caixa ou de escriturário (68%). Apenas 19,5% dos trabalhadores do sistema financeiro eram negros (pretos ou pardos) que ganhavam, em média, 84,1% do salário dos brancos. O 3º Censo da Diversidade Bancária, realizado em 2019, é uma das conquistas da categoria na Mesa de Negociação com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). O objetivo do levantamento é traçar o perfil da categoria por gênero, orientação sexual, raça e PCDs (pessoas com deficiência), analisar as políticas de inclusão dos bancos e promover a igualdade de oportunidades no setor bancário. Com esse intuito, foi criada, a partir das reivindicações das entidades sindicais bancárias, a Campanha de Valorização da Diversidade. Propostas e reação necessária para a emancipação popular, a igualdade de oportunidades e o fim da discriminação A Constituição Federal e as convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário, garantem o direito à cidadania, à dignidade da pessoa humana e aos valores sociais do trabalho e regem o papel do Estado brasileiro. Este (o Estado) tem como objetivo construir uma sociedade livre, justa e solidária, reduzir as desigualdades sociais e regionais, bem como promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. As relações internacionais mantidas pelo Estado brasileiro também estão assentadas no repúdio ao racismo. A Convenção 111 da OIT configura como ato discriminatório toda distinção, exclusão ou preferência fundada na raça, cor, sexo, religião, opinião política, ascendência nacional ou origem social que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade em matéria de emprego ou profissão. Para fazer valer estes fundamentos legais é necessária a mobilização coletiva dos trabalhadores e a participação da sociedade. A era digital e o trabalho bancário | 348 Quando os princípios de bem-estar social e do Estado como mediador da relação capital e trabalho estão sendo atacados é necessária uma forte reação popular, o que é fundamental nesse momento. Vivemos, com poucos precedentes, uma drástica conjuntura política. Por isso, todas as ações coletivas, práticas e projetos cotidianos devem convergir para o bom combate contra toda forma de preconceito e discriminação no mercado de trabalho e, em nosso caso, a agravante situação verificada no setor bancário. Neste aspecto o movimento sindical e a categoria têm papel relevante na igualdade de oportunidades. Seremos capazes de responder a estes desafios se despertamos a consciência de classe a respeito da necessidade de emancipação do povo brasileiro, da compreensão de seu papel histórico e de sua identidade nacional no processo civilizatório. Como relata o sociólogo Florestan Fernandes: “negar o ideal de embranquecimento é, em primeiro lugar, enxergar-se como oprimido”, ou seja, o próprio despertar da consciência de classe está relacionado à identificação da população negra com sua raça e cultura e de seu papel enquanto sujeito histórico no processo social. É preciso também elevar a participação da população negra na representação política. Os parlamentares no Brasil são, majoritariamente, formados por bancadas empresariais, especialmente dos setores religioso, industrial, financeiro e ruralista; setores estes a serviço dos interesses do grande capital. E, mais recentemente, emergiu uma bancada do crime organizado miliciano. A “questão racial” na política revela uma pequena participação popular nas câmaras de vereadores, assembleias legislativas regionais e principalmente no Congresso Nacional. Apenas 24,4% dos deputados federais eleitos em 2018 são pretos ou partos e 75,6%, brancos. Há, por parte dos bancos, uma forte resistência para a contratação de negros. Entre os mais de 450 mil trabalhadores da categoria no país, somente 24,7% são negros, segundo dados do Censo da Diversidade Bancária de 2014. Para enfrentar as desigualdades de raça e gênero nos bancos é preciso: intensificar o debate sobre a Igualdade de Oportunidades na categoria, mostrando as distorções (mercado de trabalho) no setor; intensificar a participação, da categoria, em fóruns de visibilidade negra; divulgar a situação discriminatória existente tornando público o resultado do Mapa da Diversidade; interagir com outras categorias e com instituições como o MPT, Dieese, IBGE e a OIT (fortalecendo o debate internacional). Propomos a intensificação de políticas afirmativas e de inclusão de cotas nos bancos para a contratação de mais negros e de negras. É necessário desfazer distorções, pois, a qualificação, a presença de pretos e pardos é menor no setor, a renda média é inferior e a ascensão profissional nos bancos privados é quase inexistente. Para isso temos buscado junto ao Ministério Público do Trabalho ações para a maior inclusão da população no mercado formal de trabalho. É preciso ressaltar que a luta pelos avanços (no tema) não podem ser isoladas. Temos de enfrentar a pesada conjuntura política desfavorável que assanha bancos e empresas a retirarem direitos, como foi a tentativa de elevar a jornada dos bancários através da Medida Provisória 936, tornando ainda mais precárias as condições de trabalho e renda. Será

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