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Em estudos realizados em hospitais nos Estados Unidos, Inglaterra e Canadá que não adotavam sistema de dispensação de dose unitária, verificou-se a...

Em estudos realizados em hospitais nos Estados Unidos, Inglaterra e Canadá que não adotavam sistema de dispensação de dose unitária, verificou-se a ocorrência de um erro de medicação por paciente por dia. Em hospitais com dose unitária a taxa de erros pode cair para dois ou três erros por paciente por semana (BARKER et al., 1984; BARKER, ALLAN, 1995). Erros nos Cálculos das Doses Existem dois tipos de erros de cálculos de dose, sendo o primeiro aquele em que o médico não dispõe, não solicita ou deixa de levar em conta, para os cálculos da dose, informações importantes sobre o paciente, como função renal e hepática, peso e idade. O outro é aquele em que houve erro no cálculo matemático propriamente dito. Os erros nos cálculos das doses dos medicamentos são mais comuns em pediatria e com medicamentos usados por via intravenosa. Estudos publicados sobre uso de medicamentos em pediatria mostram casos nos quais a dose administrada é 10 vezes maior do que a usual, devido a erro na fase de cálculo (COHEN, 1999). Problemas Relacionados a Rotulagem e Embalagem dos Medicamentos As embalagens e rótulos dos medicamentos são desenhados segundo normas estabelecidas por instituições governamentais. Em geral, o aspecto comercial é a motivação principal, prevalecendo sobre a segurança do consumidor (KENAGY; STEIN, 2001). As empresas e farmácias hospitalares que reembalam medicamentos também têm grande responsabilidade em prover informações claras na rotulagem dos seus produtos. O aspecto semelhante de várias embalagens é agravado quando são adquiridos vários medicamentos de um mesmo fabricante. Este problema é especialmente grave com a medicação injetável, onde as ampolas e frascos podem ter tamanho e cor iguais e, em geral, a cor das soluções também é a mesma. Em situações de urgência e emergência, a confusão pode ocorrer com maior frequência. A semelhança das ampolas de cloreto de potássio concentrado com outros medicamentos tem sido causa de várias mortes no mundo inteiro. Segundo Phillips et al. (2001), em um estudo sobre erros fatais notificados à Food and Drug Administration — FDA entre 1993 e 1998, observaram-se oito pacientes que receberam cloreto de potássio concentrado em vez de furosemida, heparina e cloreto de sódio. Foi relatado um caso de acidente com cloreto de potássio no qual uma paciente de 38 anos foi levada ao hospital com hipoglicemia e, diante da ordem verbal do médico para administração de uma ampola de glicose por via endovenosa, a enfermeira precipitadamente pegou por engano uma ampola de cloreto de potássio e administrou-a, levando a paciente à morte instantânea (BULHÕES, 2001). No Brasil, casos de erros graves devido a embalagens e nomes parecidos têm sido resolvidos na esfera da justiça, conforme dita a abordagem individual dos erros humanos (ROSA; PERINI, 2003). Profissionais de saúde são punidos com suspensão temporária ou permanente do seu ofício, enquanto as falhas sistêmicas não são modificadas. Uma experiência americana bem-sucedida foi a retirada de todas as ampolas de cloreto de potássio das unidades, pois não existe nenhuma situação clínica na qual o uso de cloreto de potássio concentrado seja necessário. As ampolas são dispensadas com uma tarja escrita: “necessita ser diluída, não usar sem diluir”. Esta medida reduziu as mortes por injeção inadvertida de cloreto de potássio concentrado, nos EUA, de 12 em 1997 para uma em 1998 e 1999, segundo a Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations (2000). Erros de Administração A administração de medicamentos é geralmente a última oportunidade de se evitar um erro. Alguns aspectos importantes para que sejam evitados são: dupla checagem das diluições e dos cálculos de dose, atenção aos erros de comunicação da prescrição, cuidado com as prescrições verbais, identificação segura do paciente, bem como a orientação deste sobre o seu tratamento medicamentoso. No âmbito hospitalar, a administração é atividade exclusiva do enfermeiro, sendo este profissional de grande importância na prevenção dos erros de medicação (COHEN, 1999). Em um hospital brasileiro foram analisadas situações associadas a erros de administração de medicamentos. Os erros relacionados ao sistema de dispensação e preparo de medicamentos totalizaram 26,8%, sendo eles: atraso no horário de entrega, medicamentos com rótulos e embalagens semelhantes, muitos medicamentos no mesmo horário e consequente atraso na administração, além de medicamentos enviados com a apresentação errada (CARVALHO; CASSIANI, 2000). Phillips et al. (2001) relatam a ocorrência de oito mortes nas quais os pacientes receberam, por via intravenosa, medicamentos preparados para serem administrados por via oral. Berwick (2001) analisou a morte de um paciente por administração intratecal de vincristina preparada para a via intravenosa. O autor descreve digoxina, o último resultado do exame laboratorial de potássio é mostrado na tela. A implantação desse tipo de sistema em um hospital americano resultou em diminuição de 81% nas taxas de erros de medicação. Alertas notificam os médicos sobre interações medicamentosas, alergias ou mudanças fisiológicas recentes do paciente. O prescritor pode aceitar ou não as orientações do sistema, entretanto, quando recusa estas sugestões que podem comprometer seriamente o paciente, como, por exemplo, doses de quimioterápicos fora dos limites aceitáveis, o supervisor clínico é avisado eletronicamente sobre a necessidade de intervir ou deverá assinar a prescrição juntamente com o médico prescritor (TEICH et al., 1999). Esse sistema apresenta custos elevados de desenvolvimento, implantação e manutenção, mas torna-se viável quando se considera a economia gerada pela redução na taxa de erros, demonstrada em muitas intervenções desenvolvidas em instituições hospitalares (CASSIANI, 2000). A utilização de equipamentos e robôs para dispensação automatizada também auxilia na diminuição das taxas de erros de dispensação, redução esta avaliada em aproximadamente 77% em um hospital americano (BATES, 2000). O sistema de código de barras integrando dispensação, administração e identificação do paciente também contribui para diminuir a taxa de erros. Consiste na identificação de todos os medicamentos com o código de barras contendo o nome, concentração, lote e data de validade, facilitando a conferência dos itens dispensados de acordo com a prescrição médica e a verificação no momento da administração e checagem com a pulseira de identificação do paciente, também identificada com código de barras. A FDA anunciou recentemente que a indústria farmacêutica americana deverá utilizar códigos de barras padronizados em todos os medicamentos, de forma que os hospitais possam utilizar leitores manuais para promoverem maior segurança ao processo de utilização de medicamentos dentro das instituições de saúde. Estudos em hospitais mostraram que, com a implantação do código de barras, 70 a 85% dos erros de medicação podem ser interceptados e evitados (UNG; McGREGOR, 2003).

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2008 - Farmacia Clinica e Atencao Farmaceutica
527 pág.

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