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Necessário. Aparece como inovação a possibilidade do auto abranger bens penhorados em mais de uma execução. Note-se que o artigo alude a leilão. A ...

Necessário. Aparece como inovação a possibilidade do auto abranger bens penhorados em mais de uma execução. Note-se que o artigo alude a leilão. A norma não abrange imóveis, que se alienam em praça (art. 685, IV). Efetuado o leilão, lavra o auto de arrematação. É este o auto a que se refere o artigo. No caso em que a alienação é atribuída à Bolsa de Valores, basta a prova da aquisição pelos meios como se documentam as compras da espécie. Fora disso, o auto é necessário. Necessário o auto de arrematação, lavra-se o auto respectivo, sem contudo extrair-se carta de arrematação. O juiz expede uma ordem de entrega do bem ao arrematante. “Se necessário”, acrescenta o artigo porque bem pode acontecer que o devedor do bem, ou o seu detentor, entregue o bem espontaneamente. A ordem de que fala o artigo é uma decisão interlocutória, agravável de instrumento. Os problemas decorrentes da resistência de quem detiver o bem encontram-se sobejamente versados, na doutrina e na jurisprudência, para além dos acanhados limites destas páginas. Lido o artigo com olhos de ler, vê-se que, obscura embora a sua linguagem, ele não autoriza um só auto de arrematação, para bens penhorados e arrematados em execuções diferentes. Isto pode acontecer, mas o artigo cuida do caso em que os mesmos bens, pela suficiência do seu valor, hajam sido penhorados em garantia de mais de uma execução. Nesta hipótese, o auto será um só, não importa que os bens hajam sido penhorados num processo e noutro, ou noutros. Vejam-se o art. 656, IV, o parágrafo único do art. 663 e a doutrina e jurisprudência acerca de bens penhorados em mais de uma execução. Vejam-se ainda os arts. 711, 712 e 713, este com a nota adiante. Acrescente-se que as execuções referidas no artigo podem ter credores diferentes. “Art. 713. Findo o debate, o juiz decidirá.” (Lei n. 11.382, art. 3º) A reforma deste artigo substituiu a oração “o juiz proferirá a sentença” pela oração “o juiz decidirá”. A nova redação considera decisão interlocutória (art. 162, § 2º) o pronunciamento de que trata, não importa o que se pudesse conjecturar ou dizer acerca da natureza dele. O recurso cabível dessa decisão é o agravo de instrumento (art. 522), inadmissível o agravo retido, considerada a estrutura do processo executivo. “Subseção III. (Revogada.) Art. 714. (Revogado.) Art. 715. (Revogado).” (Lei n. 11.382, art. 3º) Tanto o art. 714 quanto o art. 715 eram normas relativas à adjudicação de imóvel, disciplinada na Subseção III da Seção II do Capítulo IV do Título II do Livro II. Os dois artigos e a subseção ficaram expressamente revogados pela Lei n. 11.382. Compreende-se a ab-rogação dos dois dispositivos. A adjudicação encontra-se regulada nos arts. 685-A e 685-B, ambos da Subseção VI-A acrescentada com esses dois dispositivos à Seção III, indicada no item anterior. Os dois dispositivos, a cujas notas se remete, especialmente o art. 685-B e seu parágrafo único, mostram que eles regulam também a adjudicação de imóveis. “Subseção IV Do usufruto de móvel ou imóvel.” (Lei n. 11.382, art. 4º) A Lei n. 11.382, de 6-12-2006, substituiu a rubrica da Subseção IV da Seção II do Capítulo IV do Título II, adotando a denominação “Do usufruto de móvel ou imóvel”, no lugar de “Do usufruto de imóvel ou de empresa”. Mais técnica a substituição, pois ela já indica o que explicitou o art. 716, na redação da mencionada Lei n. 11.382. Usando os dois substantivos, móvel e imóvel, a lei estendeu a possibilidade desse usufruto, ato processual transitório, a todos os bens, inclusive os semoventes, não se podendo abstrair a hipótese do uso econômico de um animal, como acontece no comércio de matrizes, na inseminação e na reprodução. “Art. 716. O juiz pode conceder ao exequente o usufruto de móvel ou imóvel, quando o reputar menos gravoso ao executado e eficiente para o recebimento do crédito.” (Lei n. 11.382, art. 2º) Eliminou-se o adjunto “da execução”. Substituiu-se credor por exequente. Em lugar do substantivo empresa, a lei reformadora colocou móvel. Trocou-se devedor por executado e dívida por crédito. O expletivo “da execução” não chegava a ser pleonasmo, porém não se fazia necessário porque o artigo trata, nitidamente, do processo executivo. A substituição dos substantivos credor e devedor por exequente e executado harmoniza o dispositivo com a nova sistemática, na qual a execução é de título extrajudicial, efetivando-se os títulos executivos judiciais por meio do cumprimento de sentença, conforme os arts. 475-I e seguintes. Não se esqueça, todavia, de que a execução para o cumprimento da sentença condenatória de pagamento da quantia certa se alcança por meio de execução, conforme aquele próprio artigo. Correto o emprego da palavra crédito no lugar de dívida, considerado o binômio consubstanciador da obrigação. Oportuna a admissibilidade do usufruto de bens móveis, num tempo em que essa espécie tem particular importância na economia e nas finanças. Quaisquer bens móveis podem ser objeto do usufruto, desde que não excluídos da execução, como acontece com as coisas impenhoráveis. Até os semoventes podem ser alcançados pelo usufruto, móveis que são, no direito positivo. Não se olvide que um cavalo de corridas ou uma vaca leiteira podem propiciar os recursos necessários à execução, sem que se despoje o executado da respectiva propriedade. As ações, quotas e outras unidades do capital ou do patrimônio de uma pessoa jurídica, porque são móveis, também ficam sujeitas ao usufruto. Tanto assim que o usufrutuário pode administrar esses móveis, no sentido de zelar pela conservação deles, pelo recebimento dos seus acréscimos e exercer, nos limites da lei regente e conforme as disposições dela, os respectivos direitos. Administrando o título, o exequente pode inclusive exercer o direito de voto que ele confere, sem contudo administrar a pessoa jurídica porque o usufruto não incide sobre a pessoa moral, mas sobre o título que a representa. Não se sabe o que pretendeu o legislador ao eliminar do art. 716 a referência a empresa. Entretanto há que se atentar à vontade da lei. Só dela. A vontade do legislador, para repetir a pitoresca afirmação do saudoso Aliomar Baleeiro, é problema de psiquiatria, não do intérprete. “Art. 717. Decretado o usufruto, perde o executado o gozo do móvel ou imóvel, até que o exequente seja pago do principal, juros, custas e honorários advocatícios.” (Lei n. 11.382, art. 2º) A lei reformadora substituiu pelos substantivos executado e exequente as palavras devedor e credor do texto reformado. Tal como procedeu ao dar nova redação ao art. 716, troca o nome empresa por móvel. Foram apenas formais as alterações sofridas por este artigo. As notas ao art. 716 contribuirão para fixar a exegese desse dispositivo. Não se comenta o artigo no seu conteúdo, mantido pela reforma, porque, se se permite a repetição, o propósito destas notas é o exame das inovações feitas pelas leis da reforma. A parte não tocada dos dispositivos já mereceu os pertinentes comentários da doutrina e aplicação da jurisprudência. “Art. 718. O usufruto tem eficácia, assim em relação ao executado como a terceiros, a partir da publicação da decisão que o conceda.” (Lei n. 11.382, art. 2º) Também neste artigo substituiu-se devedor por executado, escrevendo-se “a partir da publicação da decisão que o decreta”. Há certa imprecisão técnica da lei porque a eficácia do usufruto (rectius, da decisão que o decreta) começa no momento em que o executado, ou mesmo o terceiro, toma ciência da decisão.

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