Buscar

Ato que dê início ou realize o parcelamento. Trata-se de crime de perigo abstrato, presumido. É crime formal, que se consuma com a prática das cond...

Ato que dê início ou realize o parcelamento. Trata-se de crime de perigo abstrato, presumido. É crime formal, que se consuma com a prática das condutas típicas, independentemente do efetivo dano ao interesse da Administração Pública ou do particular. Tentativa: nas condutas dar início e efetuar não se admite tentativa. Ação penal: é pública incondicionada, com iniciativa do Ministério Público. Não cabe a transação, prevista na Lei n. 9.099/95, mas pode ser admitida a suspensão condicional do processo. Prescrição: Com relação à prescrição dos delitos previstos no art. 50 da Lei Federal n. 6.766/79, há dois posicionamentos a respeito do tema. O primeiro entende tratar-se a hipótese de crime permanente, cuja consumação se prolonga no tempo, pelo desdobramento, em fases, de toda a operação, e cujos efeitos somente se estancam com a recomposição da ordem jurídica. A segunda corrente aduz ser caso de crime instantâneo de efeitos permanentes, sendo que o prazo prescricional tem início na data em que se consumou o delito, e não quando da cessação dos seus desdobramentos. Posição do Superior Tribunal de Justiça: já decidiu o STJ sobre a prescrição do crime de parcelamento irregular do solo para fins urbanos: “PENAL. RECURSO ESPECIAL. CRIME CONTRA O PARCELAMENTO DO SOLO URBANO (LEI N. 6.766/79), CRIME INSTANTÂNEO COM EFEITOS PERMANENTES. PRESCRIÇÃO RETROATIVA. O delito previsto no art. 50 da Lei n. 6.766/79 é instantâneo de efeitos permanentes. O prazo prescricional, portanto, tem início na data em que se consumou e não da cessação dos seus desdobramentos. Recurso provido” (STJ – REsp 56.6076/DF – j. 4-12-2003, Rel. Min. Felix Fischer – 5ª T.). II – dar início, de qualquer modo, ou efetuar loteamento ou desmembramento do solo para fins urbanos sem observância das determinações constantes do ato administrativo de licença; Inobservância das determinações constantes do ato administrativo de licença: nesse caso, o parcelador dá início ou efetua o parcelamento de posse da autorização competente, ou seja, da licença concedida pelo Poder Público, descumprindo, entretanto, as determinações que ela contém. Aprovação do projeto: a conduta em análise deve ocorrer antes da aprovação do projeto. III – fazer, ou veicular em proposta, contrato, prospecto ou comunicação ao público ou a interessados, afirmação falsa sobre a legalidade de loteamento ou desmembramento do solo para fins urbanos, ou ocultar fraudulentamente fato a ele relativo. Pena: Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa de 5 (cinco) a 50 (cinquenta) vezes o maior salário mínimo vigente no País. Objetividade jurídica: protege-se o regular desempenho do poder de polícia urbanística da Administração Pública. A tutela recai também sobre a veracidade das afirmacoes relativas à legalidade do loteamento feitas ao público em geral. Sujeito ativo: qualquer pessoa que executa a ação nuclear do tipo, fazendo ou veiculando afirmação falsa sobre a legalidade do parcelamento ou ocultando fraudulentamente fato a ele relativo. Pode ser o empresário parcelador ou qualquer outra pessoa, inclusive mandatários do loteador, diretores ou gerentes de sociedades, corretores de imóveis etc. Sujeito passivo: o Estado, titular do direito público violado pelo crime. Secundariamente, o particular eventualmente lesado. Objeto material: é constituído pelo loteamento ou desmembramento (vide item 1 supra). Conduta: vem caracterizada pelos verbos fazer (efetuar, efetivar) e veicular (difundir, propagar, transmitir), referindo-se a afirmação falsa sobre a legalidade de loteamento ou parcelamento do solo para fins urbanos, e pelo verbo ocultar (omitir, esconder), referindo-se a informação sobre o parcelamento do solo. Elemento subjetivo: é o dolo. Não há crime de parcelamento do solo culposo. Consumação: ocorre com a realização ou veiculação de afirmação falsa sobre a legalidade do parcelamento, ou, ainda, com a ocultação de informações a ele relativas. Trata-se de crime de perigo abstrato, presumido. É crime formal, que se consuma com a prática das condutas típicas, independentemente do efetivo dano ao interesse da Administração Pública ou do particular. Tentativa: nas condutas fazer afirmação falsa e ocultar informação não se admite tentativa. Na conduta veicular afirmação falsa admite-se a tentativa, já que fracionável o iter criminis. Ação penal: é pública incondicionada, com iniciativa do Ministério Público. Não cabe a transação, prevista na Lei n. 9.099/95, mas pode ser admitida a suspensão condicional do processo. Nesse último caso, poderá ser inserida como condição do benefício, a reparação do dano através da regularização do parcelamento clandestino. Parágrafo único. O crime definido neste artigo é qualificado, se cometido: I – por meio de venda, promessa de venda, reserva de lote ou quaisquer outros instrumentos que manifestem a intenção de vender lote em loteamento ou desmembramento não registrado no Registro de Imóveis competente; Manifestação inequívoca do parcelador: essa qualificadora ocorre quando o parcelador, por qualquer meio, manifesta sua intenção inequívoca de vender lote irregular. Parcelamento não registrado: essa qualificadora tem lugar nos casos em que o parcelamento foi aprovado mas ainda não teve seu registro concedido. II – com inexistência de título legítimo de propriedade do imóvel loteado ou desmembrado, ressalvado o disposto no art. 18, §§ 4º e 5º, desta Lei, ou com omissão fraudulenta de fato a ele relativo, se o fato não constituir crime mais grave. (Redação dada pela Lei n. 9.785, 29-1-1999.) Pena: Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de 10 (dez) a 100 (cem) vezes o maior salário mínimo vigente no País. Inexistência de título de propriedade da gleba: é fato que qualifica o crime de parcelamento irregular. Título legítimo: é o título de propriedade do imóvel, ou seja, a escritura devidamente registrada. Excluem-se, portanto, as escrituras de posse, os contratos de compromisso de compra e venda, os formais de partilha ou cartas de sentença não registrados etc. Exceção: o dispositivo ressalva a hipótese prevista no art. 18, § § 4º e 5º, que foi incluída pela Lei n. 9.785/99 (Art. 18 – Aprovado o projeto de loteamento ou de desmembramento, o loteador deverá submetê-lo ao Registro Imobiliário dentro de 180 (cento e oitenta) dias, sob pena de caducidade da aprovação, acompanhado dos seguintes documentos: I – título de propriedade do imóvel ou certidão da matrícula, ressalvado o disposto nos §§ 4º e 5º. (...) § 4º O título de propriedade será dispensado quando se tratar de parcelamento popular, destinado as classes de menor renda, em imóvel declaração de utilidade pública, com processo de desapropriação judicial em curso e imissão provisória na posse, desde que promovido pela União, Estados, Distrito Federal, Municípios ou suas entidades delegadas, autorizadas por lei a implantar projetos de habitação. § 5º No caso de que trata o § 4º, o pedido de registro do parcelamento, além dos documentos mencionados nos incisos V e VI deste artigo, será instruído com cópias autênticas da decisão que tenha concedido a imissão provisória na posse, do decreto de desapropriação, do comprovante de sua publicação na imprensa oficial e, quando formulado por entidades delegadas, da lei de criação e de seus atos constitutivos). Omissão fraudulenta: nesse caso, o parcelador tem o título legítimo de propriedade da gleba, o qual, entretanto, apresenta irregularidade, que é ocultada fraudulentamente. Ex.: ocultação fraudulenta de ônus ou gravame que pesa sobre o imóvel. Art. 51. Quem, de qualquer modo, concorra para a prática dos crimes previstos no artigo anterior desta Lei incide nas penas a estes cominadas, considerados em especial os atos praticados na qualidade de mandatário de loteador, diretor ou gerente de sociedade. Parágrafo único. (Vetado.) Concurso de pessoas: nos crimes de parcelamento irregular do solo para fins urbanos é admitida a coautoria

Essa pergunta também está no material:

Legislacao Penal Especial - Ricardo Antonio Andreucci
904 pág.

História Colegio AnchietaColegio Anchieta

Respostas

User badge image

Ed Verified user icon

O ato que dá início ou realiza o parcelamento de forma irregular do solo para fins urbanos é considerado crime de perigo abstrato, presumido. Trata-se de um crime formal, que se consuma com a prática das condutas típicas, independentemente do efetivo dano ao interesse da Administração Pública ou do particular. A tentativa não é admitida nas condutas de dar início e efetuar o parcelamento. A ação penal é pública incondicionada, com iniciativa do Ministério Público. Não cabe transação, mas pode ser admitida a suspensão condicional do processo.

0
Dislike0

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Responda

SetasNegritoItálicoSublinhadoTachadoCitaçãoCódigoLista numeradaLista com marcadoresSubscritoSobrescritoDiminuir recuoAumentar recuoCor da fonteCor de fundoAlinhamentoLimparInserir linkImagemFórmula

Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta

User badge image

Mais conteúdos dessa disciplina