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Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: I – não houver indícios razo...

Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: I – não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; II – a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; III – o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada. Pena: como expressamente disposto no inciso III deste artigo, o fato investigado não deve constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. Portanto, as contravenções penais e os crimes apenados com detenção não comportam a medida, neste sentido, STJ – RHC 19.789/RS – Rel. Min. Gilson Dipp – j. 7-12-2006. Requisitos: para que a interceptação telefônica seja considerada um meio de prova lícito, ela deve, necessariamente, cumprir com alguns parâmetros estipulados nesta lei, sendo eles: ordem judicial; nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer (não incidência dos incisos I, II e III deste artigo); e para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. A propósito: “HABEAS CORPUS. DIREITO PROCESSUAL PENAL. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. ÚNICO MEIO DE PROVA VIÁVEL. PRÉVIA INVESTIGAÇÃO. DESNECESSIDADE. INDÍCIOS DE PARTICIPAÇÃO NO CRIME SURGIDOS DURANTE O PERÍODO DE MONITORAMENTO. PRESCINDIBILIDADE DE DEGRAVAÇÃO DE TODAS AS CONVERSAS. INOCORRÊNCIA DE ILEGALIDADE. ORDEM DENEGADA. 1. Na espécie, a interceptação telefônica era o único meio viável à investigação dos crimes levados ao conhecimento da Polícia Federal, mormente se se levar em conta que as negociações das vantagens indevidas solicitadas pelo investigado se davam eminentemente por telefone. 2. É lícita a interceptação telefônica, determinada em decisão judicial fundamentada, quando necessária, como único meio de prova, à apuração de fato delituoso. Precedentes. 3. O monitoramento do terminal telefônico da paciente se deu no contexto de gravações telefônicas autorizadas judicialmente, em que houve menção de pagamento de determinada porcentagem a ela, o que consiste em indício de sua participação na empreitada criminosa. 4. O Estado não deve quedar-se inerte ao ter conhecimento da prática de outros delitos no curso de interceptação telefônica legalmente autorizada. 5. É desnecessária a juntada do conteúdo integral das degravações das escutas telefônicas realizadas nos autos do inquérito no qual são investigados os ora pacientes, pois basta que se tenham degravados os excertos necessários ao embasamento da denúncia oferecida, não configurando, essa restrição, ofensa ao princípio do devido processo legal. Precedentes. 6. Writ denegado” (STF – HC 105.527/DF – Rel. Min. Ellen Gracie – 2ª T. – DJe, 13-5-2011). Prova emprestada: dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas, autorizadas judicialmente, para produção de prova em investigação criminal ou em instrução processual penal podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, seja contra as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa prova. Neste sentido, STF – Inq-QO-2.424/RJ – Rel. Min. Cezar Peluso. Art. 3º A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: I – da autoridade policial, na investigação criminal; II – do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal. Legitimados para propor a interceptação telefônica: o juiz, de ofício, pode determinar a realização da interceptação telefônica, contudo, ela pode ser requerida, respectivamente, pela autoridade policial, na investigação criminal, e pelo representante do Ministério Público (a quem cabe o ônus da prova), na investigação criminal ou processual penal. Juiz da vara das execuções criminais: é competente para autorizar interceptação telefônica. Neste sentido: STF – RHC 92.354/SP – Rel. Min. Ricardo Lewandowski – j. 20-11-2007. Comissão Parlamentar de Inquérito: desde que por ato motivado e fundamentado, esta comissão é competente para decretar a interceptação telefônica. Neste sentido, STF – MS 23.652/DF – Rel. Min. Celso de Mello – j. 16- 2-2001. Polícia Militar: a autoridade policial, na investigação criminal, pode requerer a interceptação telefônica, contudo, a Polícia Militar somente pode requerer nos casos de investigações militares. Crimes de ação penal privada: neste caso, o ofendido ou seu representante legal poderão requerer a realização da interceptação telefônica. Contudo, a queixa, representação ou simples requerimento para a instauração de inquérito policial são suficientes para se legitimar o Ministério Público nos crimes de ação penal privada. Interceptação telefônica autorizada por juízo diverso do competente para a ação principal: não é ilícita, quando deferida como medida cautelar, realizada no curso da investigação criminal. Neste sentido, STJ – RHC 20.026/SP – Rel. Min. Felix Fischer – j. 7-12-2006. Art. 4º O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a demonstração de que a sua realização é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem empregados. § 1º Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a termo. § 2º O juiz, no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas, decidirá sobre o pedido. Medida de exceção: pelo fato de se tratar da violação de um direito constitucional, a interceptação telefônica somente deve ser realizada nas hipóteses acima declinadas, e não será permitida quando outros meios de prova se mostrarem idôneos para o esclarecimento do fato. A medida busca provar que certa pessoa praticou uma infração penal e que não há outros meios para realizar tal comprovação. Art. 5º A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. Prazo: já é consolidado o entendimento nos tribunais superiores segundo o qual as interceptações telefônicas podem ser prorrogadas desde que persistindo os pressupostos que conduziram à sua decretação e devidamente fundamentados pelo juízo competente quanto à necessidade para o prosseguimento das investigações, neste sentido, STF – RHC 88.371/SP – Rel. Min. Gilmar Mendes – j. 14-11-2006; RHC 85.575/SP – Rel. Min. Joaquim Barbosa – j. 28-3-2006; HC 83.515/RS – Rel. Min. Nelson Jobim – j. 16-9-2004; STJ – HC 60.809/RJ – Rel. Min. Gilson Dipp – j. 17-5-2007. Também: STF – HC 92.020/DF – Rel. Min. Joaquim Barbosa – DJe, 8-11- 2010. No mesmo sentido: “O tempo das escutas telefônicas autorizadas e o número de terminais alcançados subordinam-se à necessidade da atividade investigatória e ao princípio da razoabilidade, não havendo limitações legais predeterminadas. Precedentes” (STF – HC 106.244/RJ – Rel. Min. Cármen Lúcia – 1ª T. – DJe, 19- 8-2011). Redação deficiente do dispositivo: a redação deficiente do dispositivo dá ensejo a severas discussões a respeito da prorrogação da interceptação telefônica. Há entendimentos no sentido de que a prorrogação é cabível quantas vezes forem necessárias, “uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova”. Em sentido contrário, há entendimentos de que a medida é “renovável por igual tempo uma vez”, desde que comprovada a indispensabilidade da medida. Assim, verifica-se que, tivesse o legislador empregado vírgula, dando correto sentido ao artigo, a discussão seria despicienda. Uma prime

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Legislacao Penal Especial - Ricardo Antonio Andreucci
904 pág.

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