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traçada pela Lei n. 7.209/84, que modificou a Parte Geral do Código Penal, a Lei n. 7.492/86, ao instituir a pena pecuniária para alguns crimes con...

traçada pela Lei n. 7.209/84, que modificou a Parte Geral do Código Penal, a Lei n. 7.492/86, ao instituir a pena pecuniária para alguns crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, limitou-se a fazer menção a multa, sem a ultrapassada fixação de valores, deixando a fixação do montante a critério do juiz dentro das balizas do art. 49 do Código Penal. Ocorre que a parte final do art. 33 da Lei n. 7.492/86 autoriza o juiz a estender o limite previsto pelo art. 49 do Código Penal até o décuplo, se verificada a situação nele cogitada. O equívoco do legislador ficou evidente, já que o art. 49 do Código Penal não cogita de nenhuma situação. De certo que pretendeu o legislador referir-se à situação cogitada pelo art. 60, § 1º, do Código Penal, em que o juiz pode aumentar o valor da pena de multa, embora aplicada no máximo, até o triplo, se considerar ser ela ineficaz em virtude da situação econômica do réu. Assim, o mais correto é entender que, nos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, o juiz poderá aumentar o valor da pena de multa, embora aplicada no máximo, até o décuplo, se considerar ser ela ineficaz em virtude da situação econômica do réu. 45 Tortura Lei n. 9.455/97 Noções gerais A prática de tortura vem expressamente referida no art. 5º, XLIII, da Constituição Federal, sendo crime inafiançável e insuscetível de graça e anistia. A Lei n. 9.455, de 7 de abril de 1997, define os crimes de tortura e estabelece outras tantas disposições acerca das formas qualificadas, das causas de aumento de pena, das sanções e demais consequências referentes à fiança, regime de pena etc. Houve, no trato do assunto, segundo assinala Paulo Juricic, restrição da tortura apenas às situações nas quais o poder da autoridade do agente se exercita de forma ilícita, “com o propósito de constranger alguém a confissões e castigos a pessoas que estejam sob seu poder, guarda ou vigilância” (Crime de tortura, São Paulo: Juarez de Oliveira, 1999, p. 71). Dessa forma, conclui o referido autor, “não se configura o crime em referência quando o agente provoca, por violência ou grave ameaça, sofrimento físico ou mental, se inexistentes as circunstâncias elementares dos tipos previstos na lei especial” (Crime de tortura, São Paulo: Juarez de Oliveira, 1999, p. 71). Análise do tipo penal O crime de tortura vem previsto no art. 1º dessa lei, consistindo num crime material, que se consuma com o sofrimento físico ou mental provocado na vítima. Por sofrimento físico entende-se a dor física. Por sofrimento mental, a angústia ou a dor psíquica. A objetividade jurídica desse crime é a tutela das garantias constitucionais do cidadão, em relação aos abusos cometidos por funcionários públicos e por particulares. Sujeito ativo do crime de tortura pode ser qualquer pessoa. Não se trata de crime próprio, já que o legislador não restringiu sua prática apenas a funcionários públicos, prevendo o tipo penal a prática de tortura também por particulares. Já com relação ao sujeito passivo, em algumas modalidades de tortura pode ser qualquer pessoa, exigindo a lei, entretanto, em outras oportunidades, alguma qualidade especial da vítima (p. ex., pessoa presa ou sujeita a medida de segurança; alguém sob sua guarda, poder ou autoridade etc.). O elemento subjetivo é o dolo. O que distingue a tortura de outros crimes semelhantes é justamente o dolo, a vontade livre e consciente de torturar. Em alguns casos, a lei exige uma finalidade específica da conduta criminosa. Crimes em espécie Art. 1º Constitui crime de tortura: I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; c) em razão de discriminação racial ou religiosa; II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos. § 1 º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. No art. 1º, as condutas estão caracterizadas pelos verbos “constranger”, “submeter” e “omitir”. No inciso I, o agente deve ser movido por um de três propósitos: a) o de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) o de provocar ação ou omissão de natureza criminosa; c) o de discriminação racial ou religiosa. Inexistente qualquer desses propósitos acima, não haverá crime de tortura, mas eventualmente outra figura típica. Quando, na hipótese do art. 1º, I, a, a provocação do sofrimento visar a obtenção de informação, declaração ou confissão, não haverá a necessidade de que estas sejam destinadas a procedimento judicial ou extrajudicial. Trata-se da chamada tortura-prova. Já na hipótese do art. 1º, I, b, se a dor física ou mental infligida à vítima visar a provocação de um comportamento criminoso, a tortura estará consumada, mesmo sem haver a ocorrência do crime pretendido pelo agente. Trata-se da chamada tortura-crime-meio. A imprecisa hipótese do art. 1º, I, c, por seu turno, leva ao entendimento de que, para a configuração do crime de tortura, seria necessário o sofrimento físico ou mental provocado na vítima, mediante violência ou grave ameaça, em razão da discriminação racial ou religiosa. Trata-se da chamada tortura discriminatória ou racial. O inciso II do art. 1º também tipifica o crime de tortura como a prática de submissão da vítima, sob sua guarda, poder ou autoridade, a intenso sofrimento físico ou mental, por meio do emprego de violência ou grave ameaça. Nesse caso, a tortura deve funcionar como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. É a chamada tortura-pena ou tortura-castigo. Sobre o assunto, decidiu o Superior Tribunal de Justiça: “CRIME DE TORTURA – ARTIGO 1º, INCISO II, DA LEI N. 9.455/97 – QUALIFICAÇÃO PELO EVENTO MORTE – DESCLASSIFICAÇÃO PARA CRIME DE MAUS-TRATOS QUALIFICADOS PELA MORTE (ARTIGO 136, § 2º, DO CÓDIGO PENAL) PROMOVIDA PELO TRIBUNAL – REVISÃO DA DECISÃO – SÚMULA N. 07/STJ – IMPOSSIBILIDADE – RECURSO MINISTERIAL NÃO CONHECIDO. I. A figura do inc. II do art. 1º, da Lei n. 9.455/97 implica na existência de vontade livre e consciente do detentor da guarda, do poder ou da autoridade sobre a vítima de causar sofrimento de ordem física ou moral, como forma de castigo ou prevenção. II. O tipo do art. 136 do Código Penal, por sua vez, se aperfeiçoa com a simples exposição a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, em razão de excesso nos meios de correção ou disciplina. III. Enquanto na hipótese de maus-tratos, a finalidade da

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Legislacao Penal Especial - Ricardo Antonio Andreucci
904 pág.

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