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Óglifos eram intimamente ligados a textos místicos. Assim, por muito tempo, acreditou-se que aqueles sinais fantásticos só eram compreendidos pelos...

Óglifos eram intimamente ligados a textos místicos. Assim, por muito tempo, acreditou-se que aqueles sinais fantásticos só eram compreendidos pelos iniciados religiosos; que continham apenas mensagens misteriosas dirigidas a uma classe privilegiada; e que falavam apenas de doutrinas ocultas e ideias filosóficas. Com esse pensamento predominante não é de se espantar que aquela escrita não se revelasse aos estudiosos. Até que uma corrente contrária à ideia da superstição e do mistério começou a surgir. Com todas as dificuldades no trabalho de decifrar sua verdadeira natureza e o predomínio de ideias místicas, um detalhe havia passado despercebido aos pesquisadores: para entender aquela língua antiga faltava o conhecimento prévio de como era falada. Não foram notados nem mesmo alguns fatores que ajudariam mais tarde na decifração, como o fato de que, nos primórdios do século XVII, os manuscritos coptas trazidos do Egito por viajantes haviam sido concebidos originalmente na língua egípcia e escritos com caracteres legíveis. Assim, para chegar até a língua copta foi um pulo. Mas o que é essa língua? Muitos pesquisadores acreditam que o copta seja a última forma de escrita utilizada no Egito Antigo, com a qual foram transcritos alguns textos do Novo Testamento e que foi também utilizada pelos cristãos ortodoxos na cidade de Alexandria. Essa língua, de fato, é uma descendente direta da antiga linguagem encontrada nas escritas hieroglíficas, principalmente dos tipos hierático e demótico. Sua escrita apresenta uma forma modificada do alfabeto grego e tornou-se uma língua falada no período entre 200 e 1100 d.C. Assim o alfabeto copta, adotado pelos egípcios convertidos ao cristianismo, era constituído pelo alfabeto grego com o acréscimo de alguns outros símbolos, entre eles alguns ligados aos hieróglifos. O mesmo padre Kircher, que errara na suposição do conteúdo de certos textos, publicou em 1643 outro livro, chamado Lingua Aegyptiaca Restituta, que reunia traduções de manuscritos árabes recolhidos no oriente. Essa obra trazia uma gramática da língua copta e um vocabulário copta-árabe, ambos importantes para a difusão daquele idioma. E foi justamente a utilização dessa língua para a interpretação de textos bíblicos que chamou a atenção daqueles que queriam chegar aos segredos ocultos dos hieróglifos. Estudos mais direcionados conseguiram mostrar que, por meios filológicos, era possível encontrar algumas noções de palavras egípcias que eram citadas em escritos gregos clássicos. Hipóteses sobre a verdadeira natureza daquela escrita apareceram aos montes. Porém, como era de se esperar, muitos tentaram dar uma explicação por meio da suposta revelação de detalhes que pouco ou nada tinham a ver com seu verdadeiro conteúdo. Um exemplo disso foi Paul-Ernest Jablonsky, um filologista alemão que tentou explicar o sistema religioso do Antigo Egito ao reunir e classificar diversas passagens dispersas de autores gregos e latinos que falavam sobre as divindades egípcias. Ele optou por esse pensamento porque queria interpretar os nomes dessas mesmas divindades sob um enfoque de palavras coptas. Os especialistas consideram sua teoria bem fundamentada, mas não consideravam o fato de que os tais escritores gregos e latinos apresentaram apenas noções parciais e incompletas do sistema religioso egípcio, o que levava a uma interpretação errônea, já que esses mesmos escritores, ao transcreverem os nomes das divindades, fizeram alterações substanciais nas palavras. A corrida pela descoberta da chave que levava à leitura dos hieróglifos continuou por algum tempo ainda. Essa competição levou a outras tentativas, todas ocorridas na segunda metade do século XVIII, mas que não foram bem-sucedidas e que só tornaram o feito de Champollion algo ainda mais notável. Como acontece muito em pesquisas acadêmicas, não se chegava a um consenso sobre o objeto de estudo e não foram obtidos resultados satisfatórios. Logo o estudo dos hieróglifos e suas tentativas de decifração caíram em descrédito e por algum tempo ninguém mais dava atenção ao assunto. Aqueles símbolos, diziam uns, eram relativos a fatos astronômicos, enquanto outros afirmavam que retratavam trabalhos nos campos e que cada divindade egípcia representava uma das épocas agrícolas. Havia ainda aqueles que se interessavam em estabelecer uma relação entre egípcios e chineses, de modo que os hieróglifos seriam a verdadeira e obscura origem da escrita pictográfica chinesa. Até mesmo a afirmação de que os hieróglifos não eram sinais fonéticos, e sim apenas sinais decorativos estéticos, surgiram nos campos de pesquisa. Uma pista significativa passou despercebida por todos quando um dinamarquês, conhecido apenas como Zoëga, publicou em 1797 um livro sobre os obeliscos de Roma (De Origine et Usu Obeliscorum). Naquela obra foram reunidos alguns dados importantes para se obter a leitura dos símbolos. Lá era apresentado um estudo que sugeriu, de forma bem vaga, que a verdadeira natureza daqueles símbolos misteriosos estava no preceito de que seriam elementos fonéticos dentro do sistema de escrita egípcia. Claro que mesmo aquele livro não era perfeito. Errou no fato de que reduziu o conjunto de hieróglifos a apenas alguns caracteres que precediam as expressões correspondentes. A função desse tratado, entretanto, teve um peso significativo na revelação dos hieróglifos, já que este obscuro autor foi o primeiro pesquisador que intuiu, de maneira correta, que a mesma escrita utilizada nos monumentos também era conhecida e praticada pela parte letrada da população egípcia e que, portanto, era usada em vários tipos de textos, fossem sagrados ou profanos. O livro de Zoëga foi publicado pouco antes da famosa expedição de Napoleão Bonaparte, em 1799. A coleta de inúmeras reproduções de textos egípcios ajudaram a manter o interesse pela decifração daquela escrita, principalmente quando a obra Description de l’Egypte, o registro oficial da expedição, foi finalmente lançada. Aquela foi outra obra que ajudou de maneira significativa o árduo trabalho de decifração dos hieróglifos. Como a expedição de Napoleão Bonaparte foi um marco importante na história da decifração dos hieróglifos?

Essa pergunta também está no material:

Desvendando o Egito - Sérgio Pereira Couto
123 pág.

Análise Matemática Universidade Regional do CaririUniversidade Regional do Cariri

💡 1 Resposta

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Os hieróglifos foram decifrados principalmente devido ao trabalho do egiptólogo francês Jean-François Champollion. Ele conseguiu decifrar os hieróglifos egípcios em 1822, após estudar a Pedra de Roseta, que continha inscrições em três scripts diferentes: hieróglifos egípcios, demótico e grego. Champollion comparou os textos em grego com os hieróglifos e conseguiu identificar os sons das letras egípcias, o que foi fundamental para a decifração dos hieróglifos. Portanto, a expedição de Napoleão Bonaparte contribuiu indiretamente para o interesse e a pesquisa que levaram à decifração dos hieróglifos.

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