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Ademais, o legislador falou em o fato narrado evidentemente não constitui crime, no inciso III, como se na exclusão da ilicitude ou da culpabilidad...

Ademais, o legislador falou em o fato narrado evidentemente não constitui crime, no inciso III, como se na exclusão da ilicitude ou da culpabilidade permanecesse existindo o delito. Considerando que o crime é composto por (a) fato típico, (b) ilicitude e por (c) culpabilidade, a ausência de qualquer dos três faz com que o delito deixe de existir. Aparentemente, a intenção do legislador foi a criação de um inciso para cada um destes elementos constitutivos: (a) fato típico: inciso III; (b) ilicitude: inciso I; (c) culpabilidade: inciso II. No fato típico (inciso III), algumas teses podem ser pedidas em sua prova: a ausência de dolo e culpa; a falta de nexo de causalidade (atenção às causas supervenientes, do art. 13, § 1º, do CP); o erro de tipo essencial (CP, art. 20, caput); a coação física irresistível; o princípio da insignificância (causa de atipicidade material) etc. Na ilicitude (inciso I), as principais excludentes estão nos arts. 23 a 25 do CP – a legítima defesa, o estado de necessidade, o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular de direito. No entanto, há outras espalhadas pela legislação, a exemplo do art. 128 do CP, em relação ao aborto. Na culpabilidade (inciso II), deve ser sustentada a inexigibilidade de conduta diversa (por exemplo, por coação moral irresistível, do art. 22 do CP) ou a ausência de potencial consciência da ilicitude (como ocorre no erro de proibição essencial, do art. 21 do CP). O inciso II determina que a exclusão da culpabilidade é causa de absolvição sumária, salvo inimputabilidade. A ressalva se dá pelo seguinte: na inimputabilidade em razão de doença (CP, art. 26), ao final da instrução, após realizado exame pericial, se ficar constatado que o réu, na época dos fatos, não tinha noção do que fazia (por exemplo, em virtude de esquizofrenia paranoide), o juiz o absolverá, mas aplicará medida de segurança – a chamada absolvição imprópria. Como em RA ainda não há perícia, não tem como sustentar a inimputabilidade por doença na peça – aliás, até pode sustentá-la, para pedir a realização de perícia, mas não para absolver o réu sumariamente. Caso, todavia, a inimputabilidade se dê pela idade (CP, art. 27), o examinando deverá sustentar a nulidade no recebimento da inicial, pois a conduta configura ato infracional, e não crime. Ademais, o momento processual da RA não é o adequado para sustentar vício no recebimento da inicial, com fundamento no art. 395 do CPP, afinal, já houve o recebimento da denúncia ou queixa. No entanto, há jurisprudência do STJ dizendo que é possível, sim, em RA, sustentar a rejeição da inicial. O entendimento da Corte Superior faz sentido: se tiver ocorrido alguma nulidade no recebimento, não poderá ser dito que houve a preclusão, visto que o art. 395 do CPP traz erros insanáveis. Por isso, em sua prova, se tiver alguma tese de rejeição, com fundamento no art. 395 do CPP, não deixe de sustentá-la. Outro ponto que merece destaque já foi polêmico em provas passadas. O art. 396-A, § 1º, do CPP determina que as exceções devem ser processadas em apartado. Portanto, se houver uma exceção de incompetência (CPP, art. 95, II), devem ser oferecidas duas peças: a RA e a exceção, que deverá ser processada em apartado. Todavia, em Exame de Ordem, a banca nunca exigirá a elaboração de duas peças, pois a exceção não será objeto de avaliação no gabarito. Por fim, uma situação curiosa em RA: a do inciso IV, que fala em absolvição sumária em razão de extinção da punibilidade. Em qualquer outra peça (memoriais, apelação etc.), as causas de extinção da punibilidade devem ser declaradas, dando fim à ação penal, mas não ensejam a absolvição do acusado. Por isso, se ocorrer a prescrição, por exemplo, não é correto dizer que o réu foi absolvido – a absolvição dá a entender que a inocência foi efetivamente comprovada, o que não ocorre em uma prescrição ou em caso de morte do agente. Entretanto, por força do que dispõe o art. 397, IV, do CPP, em RA, a extinção da punibilidade é causa de absolvição sumária, e não de mera declaração. Prazo: dez dias. Endereçamento: em regra, a banca diz qual juízo mandou citar o acusado. Se isso não acontecer em sua prova, faça o endereçamento genérico, à Vara Criminal. Cuidado com a competência da Justiça Federal e a do Tribunal do Júri. Estrutura básica da peça: Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da ... Vara Criminal da Comarca ..., Observe se o enunciado não disse em qual juízo o processo está tramitando e qual é a comarca. Nome ..., já qualificado nos autos, vem, por seu advogado, oferecer Resposta à Acusação, com fundamento no art. 396-A do Código de Processo Penal, pelas razões a seguir expostas: as oportunidades em que a FGV trouxe RA para a segunda fase, havia pluralidade de teses, pontuadas individualmente. Quanto melhor organizadas as teses, menor a chance de o examinador errar na correção. III. DO PEDIDO Diante do exposto, requer a absolvição sumária do acusado, com fundamento no art. 397, I, II, III e IV, do Código de Processo Penal. Subsidiariamente, requer a intimação e a oitiva das testemunhas ao final arroladas. Em RA, a absolvição é sumária. Também se fala em absolvição sumária na hipótese do art. 415 do CPP, no rito do júri. Nas demais hipóteses, quando a absolvição estiver fundamentada no art. 386 do CPP, diga apenas absolvição, sem ser sumária. Perdemos as contas de quantas pessoas tiveram quesitos anulados por adicionar ou retirar a palavra sumária do pedido. Comarca ..., data .... Advogado ..., OAB .... MANUAL DE PRÁTICA PENAL 2ª fase do Exame de Ordem 1ª EDIÇÃO 29I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL Rol de testemunhas: (a) Nome ..., endereço ...; (b) Nome ..., endereço .... Cuidado com o prazo. A FGV sempre pede a peça no último dia de prazo. Além disso, lembre-se de arrolar as testemunhas, caso o problema as mencione. 2.2. Memoriais Em regra, ao final da audiência, as alegações finais devem ser oferecidas oralmente. O advogado e a outra parte (MP ou querelante) sustentam ao juiz ou ao secretário de audiência, com a própria voz, o que desejam pedir. Acontece que, em certas situações, é inviável o oferecimento das alegações orais. Imagine um processo com dez réus. Como todos os advogados têm de oferecer as alegações finais, a audiência demoraria muito para ser concluída. Para esse tipo de situação, o juiz permite que as alegações finais sejam oferecidas por escrito – ou por memoriais. Como identificar: terá ocorrido a audiência de instrução, mas a sentença não foi proferida. Se estiver na posição de advogado de defesa, terá havido manifestação do Ministério Público (mas o enunciado não dirá que o MP ofereceu memoriais), sendo a sua vez de apresentar as alegações finais. Base legal: em regra, o art. 403, § 3º, do CPP. Todavia, se, ao final da audiência, o juiz tiver ordenado a realização de alguma diligência (ex.: algum exame imprescindível), o fundamento será o art. 404, parágrafo único, do CPP. Objetivo: na condição de advogado de defesa, o foco é a absolvição do acusado, com fundamento no art. 386 do CPP. Também é o momento para sustentar nulidades e causas de extinção da punibilidade. Por fim, considerando que o juiz não absolverá o cliente, deve ser pedido tudo o que for de interesse em relação à pena a ser aplicada – a maior dificuldade em memoriais, pois são muitos pontos que devem ser analisados. Teses de defesa: em falta de justa causa, o examinando deve buscar a absolvição do acusado. O art. 386 do CPP dá uma boa pista do que deve ser pedido: falta de provas, excludentes da tipicidade, da ilicitude etc. Alguns exemplos de teses: crime impossível (CP, art. 17), atipicidade material por insignificância, legítima defesa, erro de proibição inevitável etc.

Essa pergunta também está no material:

Manual de prática penal - peças processuais
141 pág.

Direito Penal II Centro Universitário de Barra MansaCentro Universitário de Barra Mansa

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