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Sobre a existência de ciclos políticos sobre instrumentos de políticas orçamentárias devido à facilidade de manipulação em comparação às variáveis ...

Sobre a existência de ciclos políticos sobre instrumentos de políticas orçamentárias devido à facilidade de manipulação em comparação às variáveis macroeconômicas. O governo oportunista tende a demonstrar sua competência ao adotar uma política fiscal expansionista nos períodos anteriores à eleição, que é interpretada de forma positiva pelos eleitores racionais em função da defasagem temporal informacional. Após a eleição, os governantes adotam uma política de austeridade, completando o ciclo político orçamentário (Political Budget Cycles). Drazen (2001) realizou um estudo sobre as pesquisas relacionadas à Teoria dos Ciclos Políticos nos últimos 25 anos, contados a partir do estudo de Nordhaus (1975). Segundo o autor, há um amplo consenso na literatura que as condições econômicas afetam os resultados das eleições nos Estados Unidos, porém, existe uma divergência significativa se a manipulação oportunista pode ser observada em dados macroeconômicos. Segundo o autor, os modelos baseados na manipulação de variáveis fiscais (Political Budget Cycles) são mais consistentes para avaliar os efeitos eleitorais sobre os resultados econômicos. Diversos estudos recentes identificaram a presença de manipulação eleitoral em variáveis fiscais (ALT; LASSEN, 2006; BRENDER; DRAZEN, 2005; GONZALEZ; HINDRIKS; PORTEIRO, 2013; HAAN, 2013; HANUSCH, 2012; ROSE, 2006; SAPORITI; STREB, 2008; SHI; SVENSSON, 2006; STREB; TORRENS, 2013; VERGNE, 2009). Porém, a presença e magnitude dos ciclos dependem de vários fatores condicionantes, tais como: anos de democracia, nível de desenvolvimento econômico e social, qualidade institucional, nível de transparência, regras fiscais, questões político partidárias, entre outras. Haan e Klomp (2013) afirmam que, em função da heterogeneidade das amostras estudadas, as pesquisas que não controlam os fatores condicionantes dos ciclos políticos podem apresentar resultados distorcidos. Brender e Drazen (2003) atribuem a existência de ciclos políticos aos países menos desenvolvidos e às novas democracias, como o Brasil. Isso se deve ao baixo nível de transparência verificado nesses países e a pouca experiência com as eleições. Segundo Brender e Dranzen (2005), um governo só pode ser recompensado nas urnas se conseguir esconder a manipulação e fizer a sociedade acreditar que as boas condições econômicas refletem o sucesso de sua política ou da sua capacidade. Nesse sentido, os eleitores dos países desenvolvidos compreendem os incentivos e as ferramentas de manipulações eleitorais, ou seja, sabem que anos eleitorais são particularmente suspeitos para manipulação e, portanto, conseguem interpretar as informações com a cautela necessária. Nesse sentido, a manipulação fiscal pode funcionar quando os eleitores não têm as informações necessárias para as inferências ou a capacidade de processá-las corretamente. Essa situação reflete a falta de experiência com um sistema eleitoral, a ausência de dados e a incapacidade dos meios de comunicação de encontrar, analisar e divulgar dados relevantes. Essa realidade é mais comum em novas democracias (BRENDER; DRAZEN, 2005). Ressalta-se que a ocorrência de manipulações fiscais não está restrita ao aumento dos gastos totais ou à realização de déficits em períodos eleitorais. Diversas pesquisas (BRENDER; DRAZEN, 2013; DRAZEN; ESLAVA, 2010; KATSIMI; SARANTIDES, 2012; SCHNEIDER, 2010; SJAHRIR; KIS-KATOS; SCHULZE, 2013; VERGNE, 2009) apontam que os ciclos políticos também acontecem na composição da despesa pública. Drazen e Eslava (2005) explicam que a alteração na composição do gasto público objetiva favorecer itens que são altamente visíveis para o eleitorado na expectativa de melhorar seu nível de reputação e aumentar as chances de reeleição. A literatura aponta que a alteração na composição da despesa pública consiste em uma alternativa à realização de déficits no período eleitoral. Katsimi e Sarantides (2012) e Vergne (2009) identificaram um deslocamento do gasto público em direção às despesas correntes, em detrimento das despesas de capital. Porém, Drazen e Eslava (2010) encontraram que os investimentos em infraestrutura, incluindo construção de rodovias e usinas de energia, são expandidos significativamente no período anterior às eleições nos municípios colombianos, uma vez que são atrativos para os eleitores. No âmbito nacional, as pesquisas sobre ciclos políticos são recentes. Destaca-se as pesquisas realizadas por Sakurai (2005, 2009), Sakurai e Menezes Filho (2011) e Carvalho e Oliveira (2009). Sakurai (2005) identificou impulsos positivos na despesa orçamentária em anos eleitorais nos municípios paulistas. Já Sakurai (2009), avaliou a existência de ciclos eleitorais nas funções orçamentárias dos municípios brasileiros entre 1990 e 2005. O autor identificou indícios de distorção em períodos eleitorais nas funções de saúde, saneamento, assistência, previdência, habitação, urbanismo e transportes. Sakurai e Menezes Filho (2011) identificaram aumentos nos gastos totais e correntes e uma redução nos gastos com investimentos nos anos eleitorais nos municípios brasileiros. Carvalho e Oliveira (2009) estudaram as prefeituras do Estado do Rio de Janeiro no período de 1998 a 2006 com o objetivo de identificar comportamentos cíclicos nos gastos públicos e suas relações com o período eleitoral. As evidências apontaram que o calendário eleitoral exerce influência estatisticamente significativa sobre o comportamento dos prefeitos. Impulsos positivos foram identificados nas funções de transporte e legislativa. Além disso, os autores identificaram que os gestores tendem a realizar superávits financeiros em anos anteriores para descarregar esse excesso no ano eleitoral. Peltzman (1992) realizou um estudo pioneiro ao avaliar a relação de manipulação fiscal e resultados eleitorais nos governos estaduais e federal nos Estados Unidos. As evidências apontaram que os eleitores penalizam o crescimento das despesas estaduais e federal em períodos eleitorais. Brender (2003), através de um estudo realizado em Israel no período de 1989 a 1998, mostra como a resposta eleitoral para o déficit mudou drasticamente ao longo do período estudado. O autor descobriu que quando as eleições para prefeitos foram introduzidas em Israel, os eleitores foram inicialmente indiferentes aos déficits da gestão. Porém, nas eleições de 1998, após a implementação de normas de autoria e evidenciação e à expansão dos meios de comunicação, os eleitores passaram a punir os déficits públicos realizados em períodos eleitorais pelos gestores. Brender e Drazen (2008), após a avaliação de 74 países entre 1960 e 2003, encontraram evidências de que os eleitores não recompensam os gestores que realizam desajustes fiscais em anos eleitorais. Percebe-se que as pesquisas (BRENDER, 2003; BRENDER; DRAZEN, 2008; PELTZMAN, 1992) apontam para uma postura de conservadorismo fiscal por parte dos eleitores, ou seja, as evidências apontam que os eleitores tendem a punir os gestores que realizam déficits em períodos eleitorais. Essa postura de conservadorismo fiscal não foi encontrada nas pesquisas nacionais (ARVATE; MENDES; ROCHA, 2010; KLEIN, 2010; NAKAGUMA; BENDER, 2010; SAKURAI; MENEZES FILHO, 2008), uma vez que as evidências apontaram que, de modo geral, os gestores que expandiram o nível de gastos públicos em períodos eleitorais aumentaram sua probabilidade de reeleição. Ress

Essa pergunta também está no material:

2015_QUEIROZ et al _Composição do gasto público e resultados eleitorais
19 pág.

Matemática Financeira Universidade Federal do Espírito SantoUniversidade Federal do Espírito Santo

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