Buscar

Como inconvenientes temos a proliferação de centros de decisão autónomos, de patrimónios separados, de fenómenos financeiros que escapam ao control...

Como inconvenientes temos a proliferação de centros de decisão autónomos, de patrimónios separados, de fenómenos financeiros que escapam ao controlo do Estado, etc. – é o perigo da desagregação, da pulverização do poder e, portanto, do descontrolo. Quanto ao seu regime jurídico, a devolução de poderes é sempre feita por lei. Os poderes transferidos são exercidos em nome próprio pela pessoa colectiva pública criada para o efeito, mas são exercidos no interesse da pessoa colectiva que os transferiu, e sob a orientação dos respectivos órgãos. As pessoas colectivas públicas que recebem a devolução de poderes são, assim, entes auxiliares ou instrumentais, ao serviço da pessoa colectiva de fins múltiplos que a criou. Apesar de disporem de autonomia administrativa ou até financeira, não dispõem de auto-administração – não são eles que traçam as linhas geris de orientação da sua própria actividade. Estes organismos independentes criados pela devolução de poderes estão sujeitos a tutela administrativa (controlando a legalidade e o mérito) e a superintendência (orientando a sua actuação). A superintendência é o poder conferido ao Estado, ou a outra pessoa colectiva de fins múltiplos, de definir os objectivos e guiar a actuação das pessoas colectivas públicas de fins singulares, colocadas por lei na sua dependência. É um poder mais amplo, mais intenso, mais forte que a tutela administrativa, pois esta tem apenas por fim controlar a actuação das entidades a ela sujeitas, ao passo que a superintendência se destina a orientar a acção das entidades a ela submetidas. A superintendência também não se presume, os poderes em que ela se consubstancia são, em cada caso, aqueles que a lei conferir, e mais nenhuns. A distinção entre estes dois termos tem, hoje, a sua base jurídica no art. 199º da CRP. A superintendência distingue-se, igualmente, do poder de direcção, típico da hierarquia, sendo menos forte que este. Este consiste na faculdade de dar ordens ou instruções enquanto que a superintendência consiste na faculdade de emitir directivas (orientações genéricas, que definem objectivos a cumprir, mas que lhes deixam liberdade de decisão quanto aos meios a utilizar e ás formas a adoptar para os atingir) ou recomendações (conselhos emitidos sem força de qualquer sanção ara hipótese de não cumprimento). Temos três realidades distintas: a administração directa do Estado, o governo está em relação a ela na posição de superior hierárquico, dispondo de poder de direcção; a administração indirecta do Estado, ao Governo cabe sobre ela a responsabilidade da superintendência, possuindo o poder de orientação; e a administração autónoma, em que pertence ao Governo desempenhar uma função de tutela administrativa, tendo um conjunto de poderes de controlo. Os Princípios Constitucionais sobre Organização Administrativa A matéria vem regulada no art. 267º/1 e 2 da RP. Dessas duas disposições resultam cinco princípios constitucionais sobre a organização administrativa: a. Princípio da desburocratização; Significa que a Administração Pública deve ser organizada e deve funcionar em termos de eficiência e de facilitação da vida aos particulares b. Princípio da aproximação dos serviços às populações; Significa que a Administração Púbica deve ser estruturada de tal forma que os seus serviços se localizem o mais possível junto das populações que visam servir. A aproximação que a CRP visa não deve ser apenas geográfica, mas também psicológica e humana. c. Princípio da participação dos interessados na gestão da Administração Pública; Os cidadãos não devem intervir na vida da Administração apenas através da eleição dos respectivos órgãos, ficando, depois, alheios a todo o funcionamento do aparelho e só podendo pronunciar-se de novo quando voltar a haver eleições, antes devem ser chamados a intervir no próprio funcionamento quotidiano da Administração Pública e, nomeadamente, devem poder participar na tomada das decisões administrativas. Ou seja, deve haver esquemas estruturais e funcionais (art. 7º e 8º CPA) de participação dos cidadãos no funcionamento da Administração. d. Princípio da descentralização; e. Princípio da desconcentração Importa, entretanto, chamar a atenção para o facto de os dois últimos princípios terem. Nos termos da própria CRP (art. 267º/1), determinados limites. Não são princípios absolutos. Ninguém poderá invocar estes dois princípios constitucionais contra quaisquer diplomas legais que adoptem soluções que visem garantir, por um lado, a eficácia e a unidade da acção administrativa e, por outro, organizar ou disciplinar os poderes de direcção, superintendência e tutela do Governo. Fim do I Volume

Essa pergunta também está no material:

Introdução ao Direito Administrativo
49 pág.

Fisiologia Humana I Escola MultiplaEscola Multipla

Ainda não temos respostas

Ainda não temos respostas aqui, seja o primeiro!

Tire dúvidas e ajude outros estudantes

Responda

SetasNegritoItálicoSublinhadoTachadoCitaçãoCódigoLista numeradaLista com marcadoresSubscritoSobrescritoDiminuir recuoAumentar recuoCor da fonteCor de fundoAlinhamentoLimparInserir linkImagemFórmula

Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta

User badge image

Mais conteúdos dessa disciplina