Buscar

Nos relatórios de intervenção em obras de Fernando Gallego, podem-se encontrar mais algumas indicações sobre critérios e materiais de intervenção e...

Nos relatórios de intervenção em obras de Fernando Gallego, podem-se encontrar mais algumas indicações sobre critérios e materiais de intervenção empregues entre 1962 e 2005. O primeiro intitula-se Restauración de quince tablas, atribuídas a Fernando Gallego, y de una escultura del siglo XIII de un “Cristo cruxificado”, procedentes de la Iglesia Parroquial de Arcenillas. Num documento de correspondência não assinado e não datado, aborda-se o estado de conservação das pinturas, bem como a necessidade de realizar o levantamento dos repintes: «As tábuas na sua totalidade necessitam de um tratamento urgente de conservação que nos garanta a sua existência no futuro, assim como um restauro que nos permita descobrir o original, eliminando os repintes que o ocultam e que são também uma causa grave de alteração». Também nesta intervenção se verifica que os materiais são similares aos empregues nas pinturas de Pedro Berruguete. Utilizam «gesso com cola de coelho» para o preenchimento de lacunas e «pigmentos al barniz» diluído em terebintina para os «retoques». No ano de 1974 deu-se início à Restauración del “Retablo de la Crucifixión”, de Fernando Gallego, de la Catedral de Zamora. O relatório da restauradora Teresa Dominguez-Adame Romero indica que o tratamento terá sido concluído em 1976, e que «se levantaram os estuques antigos, que se estucaram novamente (gesso mate e cola de coelho). As faltas cobriram-se, primeiramente com aguarela e finalmente procedeu-se à reintegração com “pigmentos al barniz”. Por acordo com a Comissão, cobriu-se a lacuna com tinta neutra. (…) O envernizamento final realizou-se com Verniz Lefranc». Entre as restantes obras intervencionadas de Fernando Gallego importa anotar o tratamento da pintura San Andrés com un donante, proveniente da Catedral de Salamanca. No relatório N.º 2489 de 24 de Junho de 2005, assinado pela restauradora Maria Dolores Fúster Sabater, tem-se acesso à descrição detalhada do estado de conservação, dos procedimentos e materiais de intervenção. A pintura apresentava sucessivas camadas de repinte de distintas épocas, realizadas para disfarçar o destacamento provocado por uma goteira. A pintura foi enviada para o Instituto nos finais de 1994. Segundo Fúster, «O último restauro que se apreciava sobre a pintura cobria quase toda a superficie da obra e tinha muito má qualidade artística». Muitos materiais estavam debaixo dos repintes: pedaços de tela, de estopa, estuque, pintura e papéis, e em grande parte «estavam-se desprendendo do suporte de madeira e apresentavam zonas levantadas muito perigosas». E «uma fixação assim realizada não apresentaria as necessárias garantias de firmeza para a pintura, pelo que era imprescindivel eliminar todas as camadas adicionadas possiveis para poder consolidar a pintura convenientemente». No que diz respeito aos critérios de intervenção seguidos, Maria Fúster, diz ter-se «pretendido recuperar todos os elementos originais e a maneira em que estão trabalhados, eliminando todos aqueles materiais adicionados em restauros precedentes, sempre que a eliminação não trazia um risco para a estrutura da obra. Quisemos recuperar a pintura original, respeitando as suas alterações naturais, mas eliminando os repintes e vernizes que ocultavam a sua elevada qualidade. Na zona central, completamente perdida, conservámos o resto de três restauros antigos, de melhor qualidade que a última superior, para poder recuperar com eles parte da composição e poder integrar esta zona». O preenchimento das lacunas centrais foi feito com «(…) estopa, encolada com coletta, de forma parecida a como estava colocada a estopa original da preparação. (…) Não se pretendeu cobrir os pequenos “escalones” existentes entre vários painéis dos suportes, pois há nas extremidades pintura original que estava coberta. (…) Os estuques aplicaram-se em várias mãos (…) Concluída a aplicação de massas de preenchimento, procedeu-se ao desenho nas grandes lacunas, para «facilitar a reintegração. Este desenho passou-se sobre o estuque, com papel de cópia de tom amarelo, já que mancha menos que o de cor negra». As técnicas de reintegração utilizadas neste tratamento resumem-se a duas: « (…) nas faltas, de pequeno tamanho das figuras e nos fundos, realizou-se uma reintegração imitativa, enquanto que as maiores e comprometidas, se reconstruiram com um».

Essa pergunta também está no material:

Ana Bailão _ Tese Doutoramento
521 pág.

Trabalho de Conclusão de Curso - TCC Universidade Estácio de SáUniversidade Estácio de Sá

Respostas

User badge image

Ed Verified user icon

Você precisa criar uma nova pergunta.

0
Dislike0

Responda

SetasNegritoItálicoSublinhadoTachadoCitaçãoCódigoLista numeradaLista com marcadoresSubscritoSobrescritoDiminuir recuoAumentar recuoCor da fonteCor de fundoAlinhamentoLimparInserir linkImagemFórmula

Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta

User badge image

Mais conteúdos dessa disciplina