Concorda-se com o autor, pois verifica-se que a polivalência no trabalho é um assunto amplamente discutido por diversas áreas do conhecimento, e, nada melhor do que o campo da aprendizagem para o desenvolvimento de múltiplas competências. Atualmente no Brasil, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovada em 20 de dezembro de 2017, prevê o desenvolvimento de competências e habilidades comuns aos estudantes, para garantir a aprendizagem escolar. Na particularidade do Ensino Médio, o documento prevê a alteração dos currículos a partir do ano de 2022, que contarão com uma carga horária conjunta e itinerários formativos, que poderão ser escolhidos pelos estudantes após terem cursado uma carga horária obrigatória. Esses itinerários preveem: a) investigação científica; b) processos criativos; c) mediação e intervenção sociocultural; d) empreendedorismo (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2017). Atenta-se para o fato de que mudanças nos processos educativos são necessárias, tendo em vista o modelo engessado e já ultrapassado, mediado por avaliações e notas padronizadas, que por vezes não abarcam as particularidades de aprendizagem dos estudantes. Por outro lado, o Novo Ensino Médio pode acirrar a competitividade entre os sujeitos, principalmente se os itinerários formativos direcionarem suas escolhas para a inserção no mercado de trabalho, produzindo apenas mão de obra mais qualificada em detrimento do capital. Tais fatos retroalimentam essa racionalidade neoliberal, tendo em vista que os sujeitos se encontram “cada um por si”, sem proteção ou uma renda mínima básica que garanta seu sustento. Assim, não se reconhecem como coletivo, e a comunidade se transforma em uma arena de competições; se demuda em um espaço de apresentação de inovações e adaptações, buscando sempre a excelência, sem falhas no processo (DARDOT; LAVAL, 2016). Os sujeitos que ingressam na EJA, já carregam experiências e histórias de vida cheias de significados. Muitas vezes também não se reconhecem no espaço escolar ao não terem a validação de seu conhecimento empírico. Discutir estratégias que promovam espaços democráticos e coletivos dentro das escolas é fundamental na tentativa de amenizar os efeitos dessa racionalidade neoliberal instaurada nos tempos de hoje.