ICA: VOGAL COM VOGAL (A = A e I) L; CONSOANTE COM CONSOANTE (R = D e P) 9. DESAFORAMENTO (CPP, art. 427) PREVISÃO LEGAL O art. 427 do CPP dispõe sobre o desaforamento. Observe: Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante representação do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas. § 1º O pedido de desaforamento será distribuído imediatamente e terá preferência de julgamento na Câmara ou Turma competente. § 2º Sendo relevantes os motivos alegados, o relator poderá determinar, fundamentadamente, a suspensão do julgamento pelo júri. § 3º Será ouvido o juiz presidente, quando a medida não tiver sido por ele solicitada. § 4º Na pendência de recurso contra a decisão de pronúncia (ou seja: só se permite após o trânsito em julgado da pronúncia) ou quando efetivado o julgamento, não se admitirá o pedido de desaforamento, salvo, nesta última hipótese, quanto a fato ocorrido durante ou após a realização de julgamento anulado. CONCEITO Consiste no deslocamento da competência de uma comarca para outra, a fim de que nesta seja realizado o julgamento pelo Plenário Tribunal do Júri. Vejamos o conceito trazido por Renato Brasileiro: “consiste no deslocamento da competência territorial de uma comarca para outra, a fim de que nesta seja realizado o julgamento pelo Tribunal do Júri. Aplica-se exclusivamente ao julgamento em plenário. No caso do sumário da culpa (1ª fase do júri), havendo dúvidas quanto à (im)parcialidade do magistrado, a parte prejudicada deve se valer das exceções de suspeição, impedimento ou incompatibilidade.” Frise-se: É uma decisão jurisdicional, restrita aos crimes dolosos contra a vida, apenas em relação ao julgamento pelo Plenário do Júri. Cuidado com o CPPM, que prevê o desaforamento em relação ao julgamento de todo e qualquer delito (art. 109). COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DO PEDIDO DE DESAFORAMENTO Não é uma medida de competência da corregedoria ou pelo CNJ. O desaforamento não é uma decisão administrativa Trata-se de uma decisão jurisdicional, que deve ser dada por uma Câmara do TJ ou Turma do TRF. DESAFORAMENTO X PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL O desaforamento não viola o princípio do juiz natural, tendo em vista que as regras já são preestabelecidas, além disso o julgamento será feito pelo Júri, apenas em local diverso. DESAFORAMENTO x INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA DESAFORAMENTO IDC Mudança de competência territorial. Por exemplo, julgamento deveria ter sido feito em Londrina e foi desaforado para Maringá. Mudança de competência de justiça. Por exemplo, sai da Justiça Estadual e vai para a Justiça Federal TJ ou TRF STJ Pressupostos: - interesse de ordem pública - falta de segurança pessoal do acusado - dúvida sobre a imparcialidade do júri - quando o julgamento não for realizado no prazo de 06 meses, contados do trânsito em julgado da decisão de pronúncia, e desde que comprovado excesso de serviço Pressupostos: - crime cometido com grave violação aos direitos humanos - risco de descumprimento de tratados internacionais sobre direitos humanos firmados pelo Brasil evidenciado pela desídia do Estado membro em proceder à persecução penal LEGITIMIDADE a) MP b) Assistente da acusação (antes da reforma não podia pedir) c) Querelante d) Acusado e) Juiz-Presidente, por meio de representação ao Tribunal, quando não o fizer, deverá ser ouvido. Salienta-se que no caso de excesso de serviço o juiz não poderá representar pelo desaforamento. Por fim, destaca-se que é obrigatória a oitiva da parte contrária. Nesse sentido: STF Súmula 712 “É nula a decisão que determina o desaforamento sem a audiência da defesa”. MOMENTO O desaforamento somente pode ser determinado após o trânsito em julgado da decisão de pronúncia e antes do julgamento no plenário. Entretanto, excepcionalmente, se admite o desaforamento após o julgamento dos jurados, desde que somadas duas condições: • Se houver nulidade da decisão; • Se o fato que motivar o desaforamento tiver ocorrido durante ou após a realização do julgamento. Caracterizado o excesso de serviço, não se autorizará o desaforamento. Entretanto, poderá o acusado requerer ao tribunal a imediata realização do julgamento (§2º), entende-se que o MP, o querelante e o assistente também possuem legitimidade. § 2º Não havendo excesso de serviço ou existência de processos aguardando julgamento em quantidade que ultrapasse a possibilidade de apreciação pelo Tribunal do Júri, nas reuniões periódicas previstas para o exercício, o acusado poderá requerer ao Tribunal que determine a imediata realização do julgamento. É a chamada “aceleração do julgamento”. CRIMES CONEXOS E COAUTORES Operando-se o desaforamento, tanto os crimes conexos quanto os coautores serão julgados na nova comarca. DESLOCAMENTO DA COMPETÊNCIA O julgamento deverá ser deslocado para outra comarca da mesma região, em que não existam os motivos que deram origem ao desaforamento, preferindo-se as mais próximas (RCL 2.855 – caso não seja a mais próxima, deve ser justificado). Geralmente, o julgamento é deslocado para a cidade-polo da região. Pergunta-se: O julgamento pode ser deslocado para outro estado da Federação? No âmbito da competência da Justiça Estadual não é possível o desaforamento para comarca pertencente a outro estado da federação; no entanto, no âmbito da Justiça Federal nada impede que o desaforamento se dê para outro estado da Federação, mas desde que dentro dos limites territoriais de competência do respectivo TRF. TRAMITAÇÃO DO PEDIDO E EFEITO SUSPENSIVO O pedido de desaforamento será distribuído imediatamente e terá preferência de julgamento na Câmara ou Turma competente (art. 427, §1º). Art. 427 § 1º O pedido de desaforamento será distribuído imediatamente e terá preferência de julgamento na Câmara ou Turma competente. Antes da Lei 11.689, não havia previsão expressa de efeito suspensivo ao pedido de desaforamento, não obstante a doutrina se manifestasse nesse sentido. Com a Reforma, o relator do pedido de desaforamento pode, liminar e monocraticamente, suspender o julgamento até a decisão do colegiado (art. 427, §2º). Art. 427 § 2º Sendo relevantes os motivos alegados, o relator poderá determinar, fundamentadamente, a suspensão do julgamento pelo júri. RECURSO CABÍVEL Não há previsão legal de recurso cabível contra decisão que acolhe ou rejeita o desaforamento. Porém, tanto a doutrina quanto a jurisprudência admitem a utilização do HC. REITERAÇÃO DO PEDIDO A decisão que indefere o desaforamento se baseia na cláusula rebus sic stantibus, ou seja, ocorrendo alteração dos pressupostos fáticos da situação, nada impede que novo pedido de desaforamento seja formulado e deferido. Esse entendimento tem expressa previsão no art. 110 do CPPM. REAFORAMENTO Consiste na possibilidade de retorno do processo à Comarca de origem, em virtude do desaparecimento das causas que autorizaram o desaforamento. NÃO É um procedimento legalmente admitido no Brasil. Uma vez deslocado o julgamento, não mais retornará à Comarca de origem. Entretanto, nada impede que novo desaforamento seja realizado, se presente na nova comarca algum dos motivos autorizadores. 10. PREPARAÇÃO DO PROCESSO PARA JULGAMENTO EM PLENÁRIO INÍCIO Lembrando que não existe mais o libelo acusatório e a contrar