Renan e Túlio eram dois irmãos muito arruaceiros. Certo dia, cansados das constantes reprimendas de seu vizinho Pedro,resolvem jogar um tijolo contra a vidraça do mesmo como forma de retaliação. Contudo, não imaginaram que Maíra,grávida de quatro meses, poderia estar sentada perto da janela, vindo a atingi-la na cabeça e no ventre. Desmaiada, Maíra é imediatamente levada para o hospital onde é atestado o coma e a perda da criança. Alguns dias depois, ainda na unidade de terapia intensiva, a própria Maíra vem a falecer por conta de choque anafilático como reação aos medicamentos ministrados por médico que não checou o histórico médico da moça. Poderão Renan e Túlio ser responsabilizados penlamente pelas mortes de Maíra e do feto?
Natália, os irmãos incorreram em aberratio criminis, modalidade de erro tipo acidental previsto no art. 74 do CP, já que por acidente acabaram por atingir Maíra (pessoa) ao invés da vidraça (coisa), causando assim um resultado diverso do pretendido. Neste sentido, os dois responderão pelo resultado que efetivamente produziram, mas à título de culpa, ou seja, homicídio culposo. No entanto, não serão responsabilizados pelo aborto, já que não existe a modalidade culposa deste crime.
No que tange à causa superveniente relativamente independente (art. 13, 1º), ela realmente exclui a imputação, mas somente quando por si só causa o resultado. Ocorre que, de acordo com a doutrina, o erro médico encontra-se na mesma linha de desdobramento causal (normal) da causa concorrente, tratando-se de evento previsível (não por si só), e por isso não há que se falar em exclusão da imputação neste caso.
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