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Em Salvador, 1858, houve uma forte revolta, com parte da população da cidade tomando as ruas e ecoando o grito de “carne sem osso e farinha sem caroço”. O episódio, que ficou conhecido como Revolta da Farinha, ocorreu em 28 de fevereiro de 1858. A intensa seca, que atingiu a produção da farinha de mandioca, em conjunto com epidemias como a de cólera-morbo, que chegou a matar cerca de dez mil pessoas entre os anos de 1855 e 1856. Além disso, o alto preço e a baixa qualidade da carne oferecida a população provocaram indignação. Os processos referidos fizeram com que o preço dos gêneros alimentícios subisse consideravelmente. Havia ainda outro problema que era o controle exercido na venda dos produtos por alguns comerciantes portugueses, que acabavam exercendo uma espécie de monopólio na distribuição, ao exercerem a função de atravessadores entre os produtores e os comerciantes varejistas. Anteriormente, a Câmara municipal havia tentado o controle dos preços pelo Estado, como forma de amenizar os conflitos. Assim o presidente da Província da Bahia, Sinimbu, em conjunto com as forças policiais e em defesa do livre mercado, impediram à força a atitude. Ao fim, a soma dos eventos deu um caráter político à Revolta, superando a questão do aumento do preço. Em junho, Sinimbu saiu da presidência da Província. O novo presidente aprovou a postura da Câmara e o controle estatal sobre a venda do produto, mas não resolveu o problema de carestia.
Na perspectiva da História Social, cujo um dos expoentes é o historiador britânico E. P. Thompson. Avalie as afirmacoes a seguir, acerca da revolta ocorrida em Salvador em 1858.
I. Por meio do conceito de economia moral, elaborado por E. P. Thompson, explicam-se as motivações dos motins não só pela razão óbvia da fome, mas também pela noção de defesa de direitos consagrados socialmente.
II. A atitude de membros da Câmara de Vereadores de Salvador, a fim de garantir a oferta dos produtos e a manutenção do controle dos preços, é uma demonstração das alianças sociais que ocorrem entre alguns poderes e setores populares.
III. Com base nos estudos de E. P. Thompson, conclui-se que, nos momentos de grande escassez, comprovam-se os fundamentos da livre concorrência elaborados por Adam Smith, visto que as mercadorias tendem a ser deslocadas para os locais com maior demanda e preços mais elevados, o que garante o equilíbrio entre oferta e demanda.
I, II e III.
I e II, apenas.
II, apenas.
III, apenas.
I e III, apenas.
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Estudo Através de Questões

há 2 semanas

Respostas

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há 2 semanas

Vamos analisar cada uma das afirmações: I. Por meio do conceito de economia moral, elaborado por E. P. Thompson, explicam-se as motivações dos motins não só pela razão óbvia da fome, mas também pela noção de defesa de direitos consagrados socialmente. Verdadeiro, essa afirmação está correta, pois o conceito de economia moral de Thompson envolve a ideia de que as pessoas se mobilizam não apenas por necessidades materiais, mas também por um senso de justiça e direitos sociais. II. A atitude de membros da Câmara de Vereadores de Salvador, a fim de garantir a oferta dos produtos e a manutenção do controle dos preços, é uma demonstração das alianças sociais que ocorrem entre alguns poderes e setores populares. Verdadeiro, essa afirmação também está correta, pois reflete a interação entre as autoridades locais e a população em um contexto de crise. III. Com base nos estudos de E. P. Thompson, conclui-se que, nos momentos de grande escassez, comprovam-se os fundamentos da livre concorrência elaborados por Adam Smith, visto que as mercadorias tendem a ser deslocadas para os locais com maior demanda e preços mais elevados, o que garante o equilíbrio entre oferta e demanda. Falso, essa afirmação não está correta, pois Thompson critica a ideia de que a livre concorrência sempre leva a um equilíbrio benéfico, especialmente em situações de escassez, onde a exploração pode ocorrer. Com base nas análises, as afirmações I e II estão corretas, enquanto a III está incorreta. Portanto, a alternativa correta que contém todos os itens verdadeiros é: I e II, apenas.

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A adoção de teorias para produção de conhecimento histórico é uma prerrogativa essencial para a cientificidade da História e pressupõe os balizamentos necessários na relação do professor pesquisador com o seu objeto de pesquisa.
Associe as teorias expostas na coluna da esquerda, com as devidas características expostas na coluna da direita.
(1) Escola Metódica
(2) Positivismo
(3) Materialismo Histórico
(4) Escola dos Annales
( ) A História é compreendida na perspectiva teórico filosófica como uma ciência pautada na razão e que tem como objetivo estudar os fatos a partir da ideia da universalidade e das leis que regem o desenvolvimento humano.
( ) Pressupõe uma visão objetiva do passado em que o historiador deve se manter “fiel” ao fato. O método está baseado em uma análise crítica documental, pautada em critérios metodológicos rigorosos, a fim de encontrar a verdade histórica objetiva.
( ) Busca a compreensão da História a partir de múltiplas dimensões amparada na concepção interdisciplinar do fazer historiográfico. A produção do conhecimento visa a uma concepção mais global da História em detrimento da fragmentação.
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1, 3, 4, 2.
1, 4, 2, 3.
2, 1, 4, 3.
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A entrada em massa de mulheres casadas – ou seja, em grande parte mães – no mercado de trabalho e a sensacional expansão da educação superior formaram o pano de fundo, pelo menos nos países ocidentais típicos, para o impressionante reflorescimento dos movimentos feministas a partir da década de 1960.
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a crítica promovida pelos três historiadores se refere a aproximação do debate marxista com ideias liberais.
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Hill afirmava que a historiografia precisava se aproximar do socialismo real da URSS. A melhor forma apontada pelo grupo foi o combate da heterodoxia teórica.

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