A hermenêutica pode ser considerada a arte de interpretar as leis, estabelecendo princípios e conceitos, que buscam formar uma teoria adaptada ao ato de interpretar.
Já a interpretação é de alcance mais prático, pois, pode-se dizer, que se presta exclusivamente a entender o real sentido e significado das expressões contidas nos textos da lei, e, para que isso seja possível, é necessária a utilização dos preceitos da hermenêutica. A atividade de interpretação de uma norma se utiliza de métodos hermeneuticos.
A interpretação é o "ato", enquanto a hermeneutica é o "método".
Existem diversos métodos hermeneuticos. Em julgados, o Supremo já se utilizou de métodos de hermeneutica clássica, sistematizados por Savigny, para interpretar determinadas normas em situações concretas, tais quais:
A Suprema Corte também já se utilizou de métodos hermeuticos modernos:
Já a integração é diferente da interpretação. A interpretação busca o significado da norma dentro do próprio sistema, por meio de métodos hermeneuticos. A integração busca fora do sistema, diante da impossibilidade deste regular determinado fato.
A integração é utilizada quando uma totalidade jurídica apresenta uma incompletude insatisfatória, havendo lacunas. Tais lacunas devem ser ocupadas mediante métodos de integração.
Em outras palavras, temos uma lacuna, num sistema de normas qualquer, se há fatos que não podem ser regulado pelo sistema.
A problemática das lacunas tem dois aspectos: o primeiro se refere a sua configuração sistemática. É o problema da completude do ordenamento. O segundo refere-se à questão de, admitida a incompletude, sabermos como devem ser preenchidas as lacunas.
As incompletudes são resolvidas mediante técnicas de integração.
“Art. 4º LINDB. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito”.
Também podem ser resolvidas por equidade, e pela jurisprudência.
Analogia, em específico, consiste em julgar casos semelhantes de maneira semelhante. Segundo Francisco Ferreira, "consiste em aplicar à hipótese não prevista especialmente em lei dispositivo relativo a caso semelhante. Nesse caso, o magistrado estende um preceito legal a casos não diretamente compreendidos na descrição legal, porém, semelhantes".
"A analogia pode ser legal (legis), quando o juiz pega uma única lei que regula o caso parecido e aplica-a por analogia; ou jurídica (iuris), quando o juiz pega um conjunto de normas e aplica por analogia diante da lacuna, não utilizando apenas uma única lei como paradigma."
O costume é a norma criada e imposta pelo uso social; é uma forma espontânea e popular de criação do Direito.
Conceituam-se como costumes as regras sociais resultantes de uma prática reiterada de forma generalizada e prolongada, o que resulta numa certa convicção de obrigatoriedade, de acordo com cada sociedade e cultura específica.
Segundo Ana Targueta, os Princípios Gerais do Direito são enunciados normativos, de valor muitas vezes universal, que orientam a compreensão do ordenamento jurídico no tocante à elaboração, aplicação, integração, alteração (derrogação) ou supressão (ab-rogação) das normas. Assim, o legislador não encontrando solução na analogia e nos costumes, por exemplo, para preenchimento das lacunas presentes nas leis, poderá buscá-lo nos princípios gerais do Direito, sendo estes constituídos de regras que se encontram na consciência dos povos e podem ser universalmente aceitas, mesmo não escritas.
A equidade, segundo Ferraz Jr., é "o sentimento do justo concreto, em harmonia com as circunstâncias e adequado ao caso. O juízo por equidade, na falta de norma positiva, é o recurso a uma espécie de intuição, no concreto, das exigências da justiça enquanto igualdade proporcional”.
Segundo Miguel Reale, pela palavra “jurisprudência”, devemos entender a forma de revelação do direito que se processa através do exercício da jurisdição, em virtude de uma sucessão harmônica de decisões dos tribunais.
Importa ressaltar que o direito jurisprudencial não se forma através de uma, duas ou três sentenças. É necessário que haja uma série de julgados que guardem, entre si, uma linha essencial de continuidade e coerência.
Para que se possa falar em jurisprudência de um Tribunal, é necessário certo número de decisões que coincidam quanto à substância das questões objeto de seu pronunciamento.
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Introdução ao Estudo do Direito e Hermenêutica Jurídica
Introdução ao Estudo do Direito / Introdução ao Estudo do Direito e Ética Profissional / Instituição de Direito Público e Privado
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