Para maior embasamento, leia o caso a seguir: http://www.conjur.com.br/2016-jul-10/brasileira-prestes-extraditada-condenada-morte
Olha só, pode existir perda da nacionalidade brasileira, por aquisição voluntária de outra nacionalidade. Contudo, o art. 12 da CF, por exceção, em seu Parágrafo 4º, inciso II, letra “a”, admite e reconhece a nacionalidade originária pela lei estrangeira. Nesta hipótese está o cidadão brasileiro, que teve reconhecida outra nacionalidade por Estado estrangeiro, em razão do “ius sanguinis”, cujo exemplo mais flagrante é o da Itália, que reconhece expressamente ao descendente de seu nacional o direito à cidadania italiana.
Neste caso evidentemente não se trata de naturalização voluntária, e sim mero reconhecimento de nacionalidade originária italiana, por processo administrativo e concessão da autoridade daquele país. Aqui não se há falar em perda da nacionalidade brasileira, e sim em aquisição de outra, a italiana, passando o cidadão nestas condições a ostentar dupla cidadania.
O mesmo ocorre quando da concessão da cidadania italiana ao cônjuge brasileiro de cidadão italiano(a) pelo ius sanguinis (conforme as leis italianas 91/92 e 94/09). É a denominada "naturalização pelo casamento" ou "nacionalidade derivada", pela qual o cônjuge (homem ou mulher) nestas condições adquire automaticamente a cidadania italiana, se se casou até 27/4/83, ou, com casamento após esta data, por processo administrativo junto à autoridade italiana (comprovando residir legalmente na Itália por 6 meses ou fora por 3 anos).
E, a exemplo do que ocorre com o brasileiro descendente direto de nacional italiano, com dupla cidadania, a segunda nacionalidade obtida pelo cônjuge brasileiro se enquadra na exceção expressamente prevista pelo art. 12, § 4º, II, "a" – C.F., no sentido do "reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira". Ou seja: a aquisição da nacionalidade estrangeira pelo cônjuge em tais condições não lhe acarreta a perda da nacionalidade brasileira.
Por relevante, há que se registrar que a perda da nacionalidade brasileira, no exato sentido do mesmo citado dispositivo constitucional, apenas ocorre se o brasileiro “tiver cancelada a sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional” ou se manifestar expressamente e por escrito a sua vontade explícita de renunciar à nacionalidade brasileira!
Assim, em caso de cônjuge brasileiro (de pessoa já com dupla cidadania) requerer e adquirir a cidadania italiana, não se há falar em perda da nacionalidade brasileira, e sim em aquisição de outra nacionalidade, passando também a ostentar dupla cidadania.
Espero ter ajudado!
Em regra sim, mas há exceções:
a) reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
Em relação à primeira exceção, PAULO & ALEXANDRINO (2015, p. 274) dizem o seguinte:
"É o caso da Itália, que reconhece aos descendentes de seus nacionais a cidadania italiana. Os brasi leiros descendentes de italianos que adquirirem aquela nacionalidade não perderão a nacionalidade brasileira, uma vez que se tratà de meio reconhecimento de nacionalidade originária italiana, em virtude de vínculo sanguíneo (terão eles dupla nacionalidade)".
Em relação à segunda exceção, é mais fácil ainda imaginar, pois há uma imposição legal para que o brasileiro adquira outra nacionalidade. Não é vontade deste, é imposição do Estado estrangeiro.
Referência: PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 14 ed. Rio de Janeiro: Editora Método, 2015.
Espero ter contribuído, bons estudos, Marcelo.
Via de regra, sim.
O artigo 12 da Constituição, em seu parágrafo 4º, determina que será decretada a perda da nacionalidade do brasileiro que adquirir outra nacionalidade.
Há exceções, no entanto, que se dão quando houver o reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira, e quando a norma estrangeira impuser ao brasileiro residente em estado estrangeiro, a naturalização como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
No caso colacionado no enunciado, o STF considerou que ao se naturalizar americana, Cláudia Sobral teria aberto mão da naturalidade brasileira, vez que não se enquadrava nas exceções previstas no artigo 12º.
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