É válido preceito de Constituição de estado membro que submete ao plenário de Assembleia Legislativa, a título de recurso, o pedido de criação de CPI?

O federalismo brasileiro é organizado a partir do princípio da simetria, previsto  no art. 25, caput, da CF. Com isso, todos as normas gerais da Constituição Federal servem de espelho e devem ser adotadas como parâmetro quando da sua regulação pelas contituições estaduais.

Neste caso, o instituto da CPI é um meio de investigação com poderes especiais atribuidos aos parlamentos e que pode ser solicitado pela minoria, desde que cumpra o disposto pela CF no ser art. 58, § 1º, que não exige a aprovação de sua instalação pelo plenário, pois, do contrário, não haveria como a minoria impor a sua vontade política de investigar algo que contrarie a maioria.

Neste caso, o STF já decidiu neste sentido.

Não localizamos nenhuma decisão do Supremo Tribunal Federal nesse sentido. Porém, a criação de CPI é um direito público subjetivo das minorias, conforme já decidido pelo STF nos MS 24.831/2005 e 24.845/2005. Ou seja, cumpridos os requisitos (art. 58, §3º, CF e Lei 1.579/52) para sua criação, a CPI tem que ser instaurada, ainda que contra a vontade da maioria ou do Presidente da Casa Legislativa.

Diante disso, é possível concluir que se o recurso ao plenário for obrigatório – espécie de reexame necessário ou etapa do procedimento de criação da CPI – a norma provavelmente será inconstitucional, já que, como vimos, a criação de CPI é um direito público subjetivo das minorias. No entanto, não nos parece inconstitucional eventual previsão de recurso para questionar o cumprimento ou não dos requisitos para criação de CPI.

CF - Art. 58 - § 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.