Cara Geise, creio que é uma contradição em termos, e de fato, o desinteresse dos atores políticos pela cidadania. A cidadania, de acordo com Dalmo Dallari, foi sendo conquistada aos poucos ao longo da História, e ainda há muito o que se conquistar. Há um trecho de um livro dele que nos dá uma essência da História da Cidadania e do que ainda há por conquistar. Veja no link: http://www.eurooscar.com/Direitos-Humanos/direitos-humanos17.htm
Por outro lado, na teoria hobbesiana do Estado, este foi concebido para nos dar proteção. O filósofo diz, nesse sentido, na Introdução do Leviatã (1651):
"Pela arte é criado aquele grande Leviatã a que se chama Estado, ou Cidade (em latim Civitas), que não é senão um homem artificial, embora de maior estatura e força do que o homem natural, para cuja proteção e defesa foi projetado. E no qual a soberania é uma alma artificial, pois dá vida e movimento ao corpo inteiro; os magistrados e outros funcionários judiciais ou executivos, juntas artificiais; a recompensa e o castigo (pelos quais, ligados ao trono da soberania, todas as juntas e membros são levados a cumprir seu dever) são os nervos, que fazem o mesmo no corpo natural; a riqueza e prosperidade de todos os membros individuais são a força; Salus Populi (a segurança do povo) é seu objetivo...". Como se vê, em nossa terra os objetivos do Estado não estariam sendo alcançados.
E o que me parece mais intrigante em Hobbes é que ele afirma que "o fim da obediência é a proteção, e seja onde for que um homem a veja, quer em sua própria espada quer na de um outro, a natureza manda que a ela obedeça e se esforce por conservá-la". Essa tese fez com que ele fosse interpretado como quem apoiava a ditadura de Cromwell etc.
Já Karl Marx, fazendo um contraponto, afirmou n´O Capital que "o Estado é a violência organizada e concentrada da sociedade" e que ele próprio, como instrumento da classe dominante, impede a nossa emancipação etc. (Veja o termo Marxismo no Dicionário de Política de Bobbio, disponível online, ali ele cita a fonte da citação que fiz)
Bem, se tiver mais interesse no assunto, vamos nos falando. Sempre ao seu dispor.
Isaar Soares de Carvalho
S. Bernardo do Campo -SP
Dr. em Filosofia Política pela UNICAMP
Do mesmo modo, a coisa pública e justamente a coisa do povo, ou seja, instituições que tem como objetivo gerar benefícios e suprir necessidades da população como um todo.
A cidadania, por sua vez, diz respeito ao conjunto de direitos e deveres que uma pessoa possui dentro de um estado enquanto alguém pertencente a este estado.
Portanto, a verdadeira concepção de política está intimamente relacionada ao interesse da coisa pública pela cidadania, já que é a coisa pública responsável por suprir os interesses dos cidadãos e garantir seus direitos.
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