00
Para compreendermos porque a TR (Taxa Referencial) foi criada e persiste até os dias de hoje, precisamos voltar algumas décadas no tempo. Era início dos anos 1990 e nosso presidente da república Fernando Collor.
Exatamente em 1990 a inflação havia ficado acima dos 1600% (fonte) – ou seja, se um produto começou o ano custando R$100,00, ao seu final estava acima de R$1.700,00. Uma loucura, se pensarmos que hoje estamos reclamando, e com razão, de uma inflação de 9% ao ano!
Com esse cenário caótico, no início de 1991 foi instituído o Plano Collor II, que dentre várias medidas, tentou desindexar a economia para combater a inflação. Tentando explicar de maneira bem simplificada essa tal desindexação, o que acontecia é que muitas variáveis econômicas eram corrigidas pela inflação. Isso causava um efeito cíclico perverso.
Por exemplo: os preços subiam, logo, os salários deveriam ser corrigidos na mesma proporção, aumentando o dinheiro em circulação na economia no próximo mês, o que causava novos aumentos de preços, exigindo novo aumento de salário.
Para combater esse ciclo, a tal desindexação significou tentar tirar a inflação da jogada e fazer com que variáveis como investimentos e financiamentos acompanhassem a TR, e não a frenética subida de preços. A intenção era tirar o vício de corrigir tudo pela inflação e combatê-la.
A TR, portanto, passou a ser a Taxa Referência dos juros na economia brasileira, sendo divulgada diariamente. Na verdade, a TR virou um índice de correção monetária, o que veremos ao final desse artigo, possui algumas falhas conceituais.
Após toda essa história, e mesmo com o fracasso do Plano Collor II, a TR perdura até hoje porque muitas variáveis importantes da economia como Caderneta de Poupança, saldo do FGTS e financiamentos imobiliários são corrigidas por ela.
FÓRMULAS DE CÁLCULO
Para calcular a TR diariamente, é preciso primeiramente conhecer o valor de um índice denominado TBF (Taxa Básica Financeira). Todos os dias o Banco Central faz uma pesquisa entre as 30 maiores instituições financeiras do país, pesquisando suas taxas de juros dos CDBs prefixados e chegando num valor médio ponderado.
A partir do valor de TBF divulgado, em base mensal (por exemplo: TBF = 1,0754% ao mês), é possível calcular o valor da TR mensal a ser utilizado para corrigir, por exemplo, o saldo das aplicações em Caderneta de Poupança que fazem aniversário naquele dia.
Para proceder com o cálculo primeiramente é preciso encontrar o valor de R, que é um redutor e depende de três parâmetros, conforme fórmula abaixo:
a: é um valor fixo igual a 1,005
b: é possível de ser encontrado conhecendo-se o valor da TBF
TBF: já explicada como sendo uma média ponderada de CDBs prefixados
* quando TBF abaixo de 11% o Banco Central tem a incumbência de divulgar novos valores de b (ver aqui)
Conhecendo o valor de R, basta substituir esse valor na seguinte fórmula para encontrar a TR:
Cabe uma observação importante: a TR nunca terá valor negativo. Em casos em que a TBF for baixa (devido à uma queda na taxa de juros de mercado), a TR será igual a zero.
Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta
Compartilhar