Segundo Maquiavel, para garantir a posição de governo é sempre mais interessante ser temido ao invés de ser amado, e justificada essa colocação da seguinte forma: “O amor é mantido por um vínculo de obrigações, que os homens, sendo malvados, rompem quando melhor lhes servir.
Segundo Maquiavel, para garantir a posição de governo é sempre mais interessante ser temido ao invés de ser amado, e justificada essa colocação da seguinte forma: “O amor é mantido por um vínculo de obrigações, que os homens, sendo malvados, rompem quando melhor lhes servir. Mas o temor é mantido pelo medo de ser punido, o que nunca termina.” (MAQUIAVEL, 1996: 85). O contexto dessa firmação de Maquiavel é a seguinte:
“Continuando pelas qualidades mencionadas, digo que todo príncipe deve desejar ser considerado clemente e não cruel. Porém deve estar atento para não usar mal esta piedade. César Bórgia era considerado cruel. Apesar disso, aquela sua crueldade havia restaurado a Romanha, unindo-a, pacificando-a e tornando-a fiel. Considerando-se bem, ver-se-á que Bórgia foi muito mais clemente do que o povo florentino que, para evitar a fama de cruel, permitiu que Pistóia fosse destruída. Portanto, um príncipe deve não se preocupar com a fama de cruel, para manter seus súditos unidos e fiéis. Porque, com pouquíssimas exceções, ele será mais clemente do que aqueles que, por piedade excessiva, permitirem que as desordem prossigam, de onde nascem assassinatos ou rapinas. Estas prejudicam um povo inteiro e aquelas execuções comandadas pelo príncipe ofendem apenas um indivíduo. Entre todos os príncipes, ao príncipe novo é impossível evitar a fama de cruel, por serem os Estados novos cheios de perigos.” (MAQUIAVEL, 1996: 83-84).
“Por outro lado, o príncipe deve ser prudente, ao acreditar e ao agir, não deve amedrontar-se a si mesmo e proceder com equilíbrio, prudência e humanidade; que a excessiva confiança não o torne incauto e a excessiva desconfiança não o torne intolerável.” (MAQUIAVEL, 1996: 84).
“Nasce daí uma questão: É melhor ser amado do que temido, ou o contrário. Responde-se que se quer ser tanto um quanto o outro. Mas como é difícil reuni-los, é muito mais seguro ser temido do que ser amado, no caso de ser preciso renunciar a um dos dois. Geralmente, pode-se dizer que os homens são ingratos, volúveis, mentirosos, traiçoeiros, covardes, ávidos por dinheiro. Se lhes fazes o bem, todos estão contigo. Oferecem-te o sangue, as coisas, a vida, os filhos, como disse antes, quando a necessidade está longe de ti. Mas quando a necessidade chega perto, eles se rebelam. E o príncipe que havia se baseado completamente nas palavras deles, se não tiver outras defesas, arruína-se. Pois as amizades que se conquistam com dinheiro e não com grandeza e nobreza de alma não são certas, não podem ser usadas. Os homens têm menos pudor em ofender alguém que se faça amar do que alguém que se faça temer. O amor é mantido por um vínculo de obrigações, que os homens, sendo malvados, rompem quando melhor lhes servir. Mas o temos é mantido pelo medo de ser punido, o que nunca termina.” (MAQUIAVEL, 1996: 85).
Referência bibliográfica:
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
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