Quais as teorias coletivas do estado para Hegel?

Hegel, ao revisar a questão da monarquia constitucional, expõe em a ideia de Estado absoluto. O fundamento dessa teoria “consiste num direito abstrato movido por um Estado mistificado colocado acima da sociedade” (DUTRA, 2013: 34). Primeiramente é preciso esclarecer que “Para Hegel, tudo que era racional era real e tudo que era real era racional (HEGEL, 1974). E para ele, o único método adequado para o estudo de uma realidade em contínuo devir era o da lógica dialética, esta constituída por três elementos: tese, antítese e síntese.” (DUTRA, 2013:35).

Ao contrário de Marx que compreende o Estado segundo a ótica do materialismo, Hegel o compreende de acordo com uma perspectiva idealista, onde o Estado fundamenta-se nos termos de uma liberdade plena.“ O Estado é o que existe; é a vida real e ética, pois ele é a unidade do querer universal, essencial, e do querer subjetivo – e isso é a moralidade objetiva. O indivíduo que vive nessa unidade possui uma vida ética, tem um valor que existe nessa substancialidade.” (HEGEL, 1995: 39).

Sobre a teoria coletiva de Estado segundo Hegel, devemos considerar a ideia a vontade do indivíduo deve estar sempre submetida ao coletivo, e segundo essa mesma lógica, o indivíduo apenas é livre quando faz parte de uma coletividade. “Desse modo, percebe-se a tentativa de Hegel de defender o Estado como o único referencial ontológico capaz de garantir toda a estrutura de sua filosofia política. Para aqueles que não conhecem a filosofia política de Hegel, a construção do sistema filosófico da obra Princípios da Filosofia do Direito tem como ápice o Estado; ápice este que se constitui como instância necessária capaz de conciliar os interesses ora individuais, ora coletivos. Neste aspecto, enquanto que na moralidade, segundo momento da obra, o princípio de liberdade era interiorizado a partir do reconhecimento do outro como “sujeito”, (indivíduo isolado), já na eticidade o indivíduo se libera de si para realizar-se plenamente na comunidade.” (ARAUJO, 2007: 2).

É possível ainda fazer as seguintes considerações:

- Liberdade do indivíduo e o Estado enquanto possibilidade de liberdade – “O Estado, como realidade em ato da vontade, substancial, realidade esta que adquire na consciência particular de si universalizada é o racional em si e para si: esta unidade substancial é um fim próprio absoluto, imóvel, nele a liberdade obtém o seu valor supremo, e assim este último fim possui um direito soberano perante aos indivíduos que, em serem membros do Estado têm o seu mais elevado dever.” (HEGEL, 1990: 225)

- A respeito da Razão e do fato histórico: “(...) a razão é imanente à existência histórica e nela se realiza. A união do universal – do ser em si e para si – com o individual e o subjetivo é a verdade única, é a natureza especulativa que é tratada de forma genérica na lógica. Mas no próprio decorrer da história universal, concebida ainda em pregresso, o último objetivo da história não é ainda o conteúdo da necessidade e do interesse; e embora não tenha consciência desse fato, o universal está nos fins particulares e realiza-se por intermédio deles.” (HEGEL, 1995:30); “A história universal não é o palco da felicidade. Os períodos felizes são as páginas em branco, são os períodos dos acordos, das oposições ausentes” (HEGEL, 1995: 30).

Referências bibliográficas:

DUTRA, Eliúde de Oliveira. Crítica de Marx à teoria hegeliana de Estado. In Filogenese (UNESP), vol.6, n.2, 2013.

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Filosofia da História. Brasília, ed: Unb, 1995.

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Princípios da Filosofia do Direito. Lisboa, ed: Guimarães, 1990.

ARAUJO-NETO, José Aldo Camurça de. A concepção hegeliana de Estado para o contexto atual da América Latina. In Ameríndia, vol.3, n.1, 2007.

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