Buscar

TEORIA DE CLIFFORD GECRTZ EM ANTROPOLOGIA .

💡 2 Respostas

User badge image

anderson lima

Uma das metáforas preferidas, para Geertz, para definir o que faz aAntropologia Interpretativa é a da leitura das sociedades como textos ou como análogas a textos. ... Segundo Geertz, o risco do etnocentrismo é de aprisionar o ser humano em sua interpretação pessoal.

0
Dislike0
User badge image

LR

Escola/paradigma

Antropologia Interpretativa

Período

Século XX - anos 60

Características 

Cultura como hierarquia de significados

Busca da “descrição densa”.

Interpretação x Leis. 

Inspiração Hermenêutica.

Temas e Conceitos

Interpretação antropológica: Leitura da leitura que os “nativos” fazem de sua própria cultura.

Alguns
Representantes
e obras de referência

Clifford Geertz:

“A interpretação das culturas” - 1973.

“Saber local” - 1983.

 

Clifford Geertz é presença marcante da antropologia interpretativa da década de 60. Inspira-se na hermenêutica em sua busca por uma descrição de tipo densa, cuja a chave é sempre a oposição entre as interpretações e as leis gerias. A centralidade das obras do autor compreende que a cultura apresenta-se enquanto hierarquia e significados.

Ao fazer a conexão com outros autores, é possível expor o seguinte debate:

A constituição da cultura de um determinado grupo, ou seja, de uma identidade social se dá “sob a direção dos padrões culturais, sistemas de significados criados historicamente em termos dos quais damos forma, ordem, objetivo e direção às nossas vidas” (Geertz, 1989: 37).  Assim, a identidade social é concebida como o conhecimento que ele tem de que pertence a determinados grupos sociais, juntamente com o significado emocional e de valor que ele atribui a esta pertença só podem ser definidos através dos efeitos das categorizações sociais que dividem o meio social do indivíduo no seu próprio grupo e em outros” (Tajfel, 1983: 294); “deriva do seu conhecimento da sua pertença a um grupo (ou grupos) social, juntamente com o significado emocional e de valor associado àquela pertença” (Tajfel, 1983: 290). Compreender então que as culturas humanas possuem um caráter polissêmico e dinâmico é assumir que a cultura é, por um lado os significados que o indivíduo formula não apenas para si, como de si em uma relação de reconhecimento ou de estranhamento com o grupo social ao qual se está imerso. A compreensão do conjunto múltiplo de significados que coexistem dialeticamente da sociedade, é a compreensão da própria cultura, e por isso, a cultura deve ser considerada polissêmica. E também é dinâmica pois o processo de significação está sempre em movimento, o individuo é influenciado pelo todo, internaliza e responde a esse todo segundo sua própria singularidade e experiência, essa relação cíclica entre do indivíduo com o todo e do todo com o próprio todo é onde localizamos o dinamismo cultural da sociedade, a cultura é perene as mudanças do grupo, do meio e do tempo, e por isso é inevitavelmente dinâmica.

Para Wagner todo ser humano é um antropólogo, um inventor de cultura. Todo homem possui uma herança cultural, e possui porque todo homem nasce e cresce imerso um determinado patrão de vida materialmente e socialmente consolidado através dos séculos. Em outras palavras, todo homem possui para um conjunto de convenções compartilhadas através de uma processo de invenção coletiva da cultura. E esse conjunto de convenções são as ferramentas socias que garantem a reprodutividade da própria vida, na medida em que o torna apto a se comunidade e a compreender as experiências que se apresentam inevitavelmente ao longo da vida. São dois os aspectos elementares aqui: 1) A invenção é o princípio da cultura, e há humanidade sem cultura; 2) É cíclica a seguinte relação: a comunicação é o conjunto de associações e convenções compartilhadas, a o conjunto de associações e convenções compartilhadas é o que permite a comunicação. Expressão e comunicação são interdependentes: nenhuma é possível sem a outra. (WAGNER, 2010:76). Toda experiência e todo compreensão sobre ela, é uma de invenção, ou seja, a relação dialética entre a materialidade concreta da vida e o pensamento gerado por ela, o que elementarmente é o princípio da cultura. Mas a invenção só é possível mediante a existência de um conjunto de associações e convenções compartilhadas, pois é esse conjunto é o que é a própria comunicação e também o que gera a comunicação. A invenção só se concluir quando ela é comunicada, mas não apenas comunicada, mas é expressada, significada. Se a comunicação só “é possível mediante o compartilhamento de associações derivadas de certos contextos convencionais por aqueles que desejam se comunicar.” (WAGNER, 2010: 80), e expressão é mediada de antemão pelo contexto e pelas convenções já dadas, já naturalizadas do indivíduo e no coletivo, por exemplo “A moralidade é uma espécie de significado , um significado com direção, propósito e motivação, e não um substrato sistêmico” (WAGNER, 2010:82). Toda expressão carrega em si um significado. A invenção da cultura é uma relação dialético da experiência e do pensamento, e para tal é necessário a preexistência um conjunto de informações, mas esse processo só se conclui mediante o esforço comunicativo, e o esforço comunicativo é também expressivo, ou seja o ato de expressar algo carrega em si um significado fruto dos sentimentos individuais ou coletiva gerados da experiência vivida, o só se expressa algo através do esforço comunicativo. Ou seja, assim como o antropólogo ou homem algum no mundo, não é tabula rasa, a invenção também não parte do nada, nunca há uma primeira invenção, há um ciclo continuo de invenção e reinvenção da cultura gerado pelo espontaneísmo e pela criatividade tipicamente humana.

Wagner, em A invenção da Cultura (2010), explica o aspecto cíclico da invenção da cultura da seguinte forma: “Os vários contextos de uma cultura obtêm suas características significativas uns dos outros, por meio da participação de elementos simbólicos em mais de um contexto. Eles são inventados uns a partir dos outros, e a ideia de que alguns dos contextos reconhecidos em  uma cultura são "básicos" ou "primários", ou representam o "inato",  ou de que suas propriedades são de algum modo essencialmente objetivas ou reais, é uma ilusão cultural.” (WAGNER, 2010: 83). Essa ilusão é a chave no processo, “uma ilusão necessária, que faz parte do viver em uma cultura e do inventá-la” (WAGNER, 2010, p. 83), é , desenhando-se o mundo à maneira como se crê, que a cultura é experiênciada e inventada continuamente, não somente perpetuando seus contextos nesse processo de “invenção uns a partir dos outros e uns por meio dos outros” (WAGNER, 2010, p.94), como também os estendendo pois não apenas se mantém o que se aprende, como também se adapta o que foi ensinada as novas realidades que possuam concretamente surgir:“Isso significa que não podemos apelar para a força de algo chamado ‘tradição’, ‘educação’ ou orientação espiritual para dar conta da continuidade cultural – ou, na verdade, da mudança cultural. As associações simbólicas que as pessoas compartilham, sua ‘moralidade’, ‘cultura’, ‘gramática’ ou ‘costumes’, duas ‘tradições’, são tão dependentes de continua reinvenção quanto as idiossincrasias, retalhes e cacoetes que elas percebem em si mesmas ou no mundo que as cerca. A invenção perpetua não apenas as coisas que ‘aprendemos’, como a língua ou boas maneiras, mas também as regularidades de nossa percepção, como cor e sim, e mesmo o tempo e o espaço.” (WAGNER, 2010, p.94).

O coletivo e o convencional dialogam com o individual e idiossincrático, desta forma fazem sentido, “contextos coletivos só podem ser retirados e reconhecidos como tais ao serem continuamente filtrados através das malhas do individual e do particular, e as características individuais e particulares do mundo só podem ser retiradas e reconhecidas com tais ao serem filtradas através das malhas do convencional.” (WAGNER, 2010, p.95) É a convenção que define sob quais circunstâncias o ator irá movimentar. Em um só momento, a invenção se dá com o intuito de ratificar a orientação convencional, conforme o texto: “A necessidade da invenção é dada pela convenção cultural e a necessidade da convenção cultural é dada pela invenção.” (WAGNER, 2010, p. 96). Estas têm entre si, portanto, uma relação dialética, o que configura uma relação de interdependência: “Inventamos para sustentar e restaurar nossa orientação convencional; aderimos a essa orientação para efetivar o poder e os ganhos que a invenção nos traz.” (WAGNER, 2010, p.96).

Referência bibliográfica:

WAGNER, Roy. A invenção da cultura. São Paulo: Cosac Naify, 2010.

MIRANDA, Sheila Ferreira. A questão do reconhecimento: Axel Honneth e a atualização do modelo conceitual hegeliano a partir da Psicologia Social de Goerge Herbert Mead. In SPINK, Mary Jane P. (org.). Psicologia social e pessoalidade. São Paulo: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais/ABRAPSO, 2011.

Geertz, C. (1989). A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC Editora.

Tajfel, H. (1982). Grupos humanos e categorias sociais I. Lisboa: Livros Horizonte.

Tajfel, H. (1983). Grupos humanos e categorias sociais II. Lisboa: Livros Horizonte.

0
Dislike0

✏️ Responder

SetasNegritoItálicoSublinhadoTachadoCitaçãoCódigoLista numeradaLista com marcadoresSubscritoSobrescritoDiminuir recuoAumentar recuoCor da fonteCor de fundoAlinhamentoLimparInserir linkImagemFórmula

Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta

User badge image

Outros materiais