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22- Aponte quais, das proposições sobre o modelo de estado liberal a seguir, estão corretas:

a-as correntes de opinião associadas a interesses  econômicos, presentes na sociedade, são trazidas e discutidas no Parlamento,  garantindo equilíbrio entre elas;

b- a representação do “bem estar comum”, presente no liberalismo político, não corresponde às consequências sociais do liberalismo econômico;

c- a teoria  liberal assume, como expressão da liberdade política, o predomínio da propriedade e cultura sobre o trabalho;

d- a representação dos distintos segmentos sociais no Parlamento não fica garantida com a uniformidade de critérios para elegibilidade;

e- O pensamento liberal, na história política brasileira, aparece diversificado em partidos de tendências divergentes, e personalismos autoritários.

💡 2 Respostas

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João Carlos

LETRA C

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LR

Resposta: Estão CORRETAS as alternativas (b) a representação do “bem estar comum”, presente no liberalismo político, não corresponde às consequências sociais do liberalismo econômico, (d) a representação dos distintos segmentos sociais no Parlamento não fica garantida com a uniformidade de critérios para elegibilidade e (e) O pensamento liberal, na história política brasileira, aparece diversificado em partidos de tendências divergentes, e personalismos autoritários.

Justificativa:

(e) O pensamento liberal, na história política brasileira, aparece diversificado em partidos de tendências divergentes, e personalismos autoritários: CORRETA porque dizem-se liberais diversos partidos políticos, não sendo possível também afirmar que há entre eles uma unidade ideológica, nem que há coerência entre a ação política deles e os ideais do liberalismo por eles defendidos. O gráfico a seguir mostra uma tendência do posicionamento ideológico dos partidos brasileiros a partir de suas votações na Câmara entre 2015 e 2017. (gráfico retirado de reportagem da BBC publicada em 11 de setembro de 2011). No Brasil os movimentos de ruptura institucional, ou seja, tanto a Ditadura Varguista de 1964, quanto o Golpe Militar de 1964, são momentos em que o autoritarismo e a Autocracia foram preponderantes no pais, também foram nestes momentos em que o Liberalismo mais teve espaço para se expandir.

 

 

(d) a representação dos distintos segmentos sociais no Parlamento não fica garantida com a uniformidade de critérios para elegibilidade: CORRETA. O debate da elegibilidade e da representação pode ser norteado através do debate a respeito o voto Majoritário e o voto Proporcional. Em 1965, o Código Eleitoral passa a prever a Representação Proporcional, que funciona da seguinte forma, as cadeiras (vagas do cargo concorrido) são distribuídas segundo uma proporção entre o número de cadeiras disponíveis e a quantidade de votos que cada partido obteve. Dessa forma, se um partido X recebeu a maioria dos votos, ele irá ocupar a maioria das cadeiras disponíveis, dessa forma todos os partidos que concorreram as eleições irão ter no mínimo um de seus representantes eleitos, mesmo que este representante não tenha recebido uma quantidade significativa de votos. O critério proporcional é importante para que a Democracia seja de fato representativa, pois permite que as minorias, mesmo sendo minorias, possam ter seus representantes no governo. O voto majoritário não leva em consideração os partidos, apenas a número de votos dos candidatos. Sendo assim, se houverem 100 cadeiras disponíveis, elas serão ocupadas pelos 100 candidatos com maior número de votos, mesmo que estes candidatos pertençam majoritariamente a um único partido, e que isso excluía diversos outros partidos do local institucional de decisão pública, o que pode gerar um problema de representatividade. O voto Majoritário é apenas inegociável quando há apenas uma vaga para o Cargo, ou seja, nos casos das eleições para Presidente, Governado e Prefeito. É necessário mencionar aqui que há formulas para traçar critérios dessa natureza, o voto distrital, por exemplo, um Presidente é eleito pela maioria dos votos de cada distrito, ou seja, Estão concorrendo o candidato Inácio e o candidato Miguel para o cargo de Presidente de um país composto por 10 estados. No estado 1, 60% das pessoas votaram no candidato Inácio e 40% das pessoas votaram no candidato Miguel. Inácio também recebe a maioria dos votos nos estados 2, 3, 4, 5, 6, e 7. Já Miguel recebe a maioria do votos nos estados 8, 9 e 10. O voto distrital, em certa medita é também majoritário, a maioria do estado define que o distrito 1, era voltar no candidato Inácio. Como os estados 2, 3, 4, 5, 6 e 7, decidiram a mesma coisa, ao todo foram 7 os distritos em que Inácio recebe a maioria dos votos. Miguel que recebeu a maioria dos votos nos estados 8, 9 e 10, soma apenas a vitória em 3 estados. Assim, o resultado das eleições não representa necessariamente a maioria dos votos de toda a população, e sim a maioria dos votos de cada estado, após eles estipularem suas respectivas maiorias. Se todos os estados possuíssem o mesmo número de habitantes, a soma dos votos distritais representaria a soma da maioria dos votos da população. Entretanto, cada estado possui um contingente populacional diferente. Se no estado 1 somam-se 10 mil habitantes, e no estado 9 somam-se 5 mil habitantes, e o voto distrital da o mesmo peso eleitoral para ambos os estados, no sentido de que um estado vale um voto, no caso dos estados, um voto no estado 9 valem 2 votos no estado 1. Assim, o problema do voto distrital é o da sub-representação, pois o candidado eleito não compõe necessariamente a maioria dos votos da população, e sim apenas a maioria dos votos dos estados. Tanto o voto proporcional, quanto o voto majoritário são foram constantes na história do Brasil. Com relação aos critérios dos eleitores, ambos, majoritário e proporcional, respondem igualmente ao que determina a lei a respeito de quem pode ou não votar. No Brasil, hoje, os votos proporcionais elegem os cargos de deputado federal, deputado estadual, deputado distrital e vereados, e os votos majoritários elegem os cargos de Presidente da República, governador do estado e do Distrito Federal, senador e prefeito.

(b) a representação do “bem estar comum”, presente no liberalismo político, não corresponde às consequências sociais do liberalismo econômico: CORRETA. O modelo liberal clássico exigia uma completa separação entre Estado e Sociedade Civil, e nessa lógica isso significa dizer que a separação é, em verdade, entre Estado e Mercado. Entretanto, a realidade sempre se impõe a teria. De um lado a Democracia vem acompanhada por promessas, ou seja, pela abertura da possibilidade de maior participação as decisões públicas das camadas até então excluídas do cenário político. Mulheres, LGBTS, negros, passam a se organizar e exigir direitos. Concomitante a este cenário de demandas, a crise do capitalismo representada pela 2° Guerra Mundial, gera um agravamento generalizado da desigualdade entre as classes sociais, o que significa dizer que passa a acorrer uma situação generalizada de pobreza, o que intensifica a vontade da população dos substratos menores demandaram maior participação política e providencias do Estado em relação a situação em que se encontram. Esta mesma crise do mundo capitalista abre espaço para a ascensão do mundo Comunista, o que representava um grande risco para a hegemonia capitalista norte-americana. Neste cenário é impossível que o liberalismo clássico se enraíze, entretanto, uma outra forma de liberalismo se torna protagonista. O Welfare State, em português, o Estado de Bem-estar Social, é um mecanismo de política pública desenvolvido em resposta a esta situação. Apesar de muito propagandeado, o Welfare State nunca buscou a resolução da desigualdade econômica, pelo contrário, atuou como controle de social, pois uma população em plena miséria, era uma população pronta para gerar uma grande revolta popular, mas uma população relativamente alimentada, mesmo que ainda faminta, é uma população passível de controle social. Assim o Welfare State contorna os problemas gerados pelas promessas da democracia e pela miséria gerada pela dispendiosa e recente guerra. Um outro mecanismo utilizado foi o American Way of Life, se por um lado o Welfare State garantia o mínimo da sobrevida humana, o American Way of Life, uma espécie de campanha publicitaria massiva, tinha como objetivo manter nas mentes de quem ao imperialismo norte-americano se submetia, as ideias hegemônicas do mundo capitalista, e dessa forma, combatendo diretamente ao que eles denominaram ser a propaganda Comunista.

O debate feito então sobre o Welfare State e sobre o American Way of Life, poderia ser utilizado como prova de que a afirmação está correta pois tais ações buscam gerar uma certa coesão dos distintos segmentos da formação social, assumindo para isso a quebra com a lógica clássica do modelo liberal que prega a não intervenção estatal, assumindo que o Estado deve das respostas as demandas sociais, e garantir em níveis variados que intervenções sejam feitas. E diz-se em níveis variados para que seja possível atuar no menor nível possível, pois esse nível não é medido segundo o nível de pauperização da sociedade e sim segundo o nível de revolta da população, com a finalidade não da garantia de uma vida digna, e sim do controle social, pois há no cenário mundial um forte inimigo do imperialismo capitalista norte-americano. Esse inimigo que no passado foi encarnado pela URSS, hoje é encarnado pela China Comunista. E aqui está a relativização da alternativa, não está incorreta, mas quando afirma que há um fator de coesão dos distintos segmentos da formação social equivoca-se, pois se houvesse tal coesão, o Estado do mundo capitalista seria um Estado classicamente Liberal e jamais um Estado que se visse obrigado a intervir na Sociedade Civil, como o faz através das ações citadas aqui, que apesar de nascerem nos EUA, nascem com a capacidade e a necessidade de se generalizarem em todo o globo, como arma imperialista na conquista e manutenção de territórios pela hegemonia capitalista.

Informações adicionais a respeito dos debates iniciados pelas justificativas das alternativas:

àSobre o esvaziamento do Estado Nacional a dominação Imperialista: Por ‘esvaziamento do Estado nacional’, deve-se compreender o esvaziamento do Estado Soberano, ou do que compreendemos o significado tradicional de Soberania. Ao esvaziar-se os Estados de sua própria soberania, preenche-os de outro conteúdo o do Imperialismo promovido pelas grandes potências mundiais capitalistas. Entretanto não é possível afirmar que em todo globo esse fenômeno pode ser identificado. O Imperialismo capitalista, ou melhor, o Imperialismo norte-americano, há tempos atua de forma quase hegemônica no mundo, entretanto, apenas quase hegemônica. Vem crescendo a passos largos a força de uma outra grande potência econômica, a China Comunista. Sendo assim, não é possível afirmar os Estados em todo mundo estão passando pelo mesmo processo de esvaziamento do Estado Nacional. Perder a própria condição soberana, não significa atualmente voltar aos tempos de colônia, mas significa assumir uma posição de submissão aos interesses imperialistas. Na América Latina, um país que vem sendo crescentemente atacado por lutar pelo não esvaziamento do Estado Nacional, é a Venezuela. O imperialismo capitalista norte-americano possui dois interesses na região. O primeiro é o econômico, já que a Venezuela tem um vasto patrimônio de petróleo ainda não explorado, e o segundo é o da reafirmação da ideologia burguesa perante o resto do mundo, e tal reafirmação é fundamental para que o imperialismo capitalista norte-americano se mantenha hegemônico. O envolvimento do Brasil não poderia ser de forma alguma algo inesperado, pois sua submissão ao imperialismo norte-americano, já soma muitas décadas. Para citar apenas o período mais recente, o esvaziamento no Estado Soberano brasileiro, nos moldes da dinâmica atual começou logo após nossa redemocratização. Quando se opta pela obediência a Cartilha Neoliberal formulada pelo Consenso de Washington. A implementação do projeto político neoliberal exigia que em troca de investimentos internacionais, o Estado deveria ser encolhido ao máximo, e isso significa abrir mão da soberania nacional, em prol da soberania imperialista. Grosso modo, prometem aos periféricos o sonho de se tornarem países de primeiro mundo, ditando ações de cunho como privatização de estatais e desregulamentação de leis econômicas e de direitos sociais (DAGNINO, OLIVEIRA e PANFICHI, 2016: 20), e entregando correntes que os atam eternamente ao passado, mantendo-os sob a tutela do imperialismo norte-americano e fazendo-os agir não nos termos do desenvolvimento econômico ou industrial como se queria fazer querer nos discursos da época, e sim nos termos da antiga e tradicional política colonial, e com efeito, controlando o risco da disseminação do comunismo no interior dessas nações e da própria ideia de hegemonia nacional.

àSobre o FMI e a Comunidade Europeia: Concretamente não foram as mudanças na econômicas capitalista que deram origem ao FMI e a Comunidade Europeia, e sim foi o termino na 2° Guerra Mundial. O FMI surge diante da necessidade de reconstrução os países devastados pelo conflito, de forma a gerar a estes países um fundo de financiamento. Já a Comunidade Europeia surge diante da necessidade de estabelecer entre os países Europeus uma relação de mutua confiança, e tal relação foi firmada através de um acordo que tornava suas fronteiras mais fluidas economicamente e politicamente. Entretanto, a alternativa não está completamente incorreta, pois apensar dos pretextos assinalados, e que concretamente são reais, em realidade tais ações surgem em resposta a uma ameaça de maior vulto. A 2° Guerra Mundial termina mas a paz mundial não se instaura, pois no período fim da guerra a URSS está ocupando no senário mundial o papel de segundo maior potência econômica, e isso significa dizer que o Comunista estava pleno processo de acelerada ascensão, despontando como um ator quase tão grande quando o Imperialismo Capitalista liderado pelos EUA. A Europa, que vinha sendo um terreno fértil para os governos populares precisava ser ideologicamente neutralizada e economicamente dominada. Assim o endividamento dos países europeus com o FMI, as translucidas fronteiras firmadas pela Comunidade Europeia que tornava não apenas o tráfico de pessoas e mercadorias, como o trafico do pensamento capitalista eram ações fundamentais para que os EUA conseguissem neutralizar a força da URSS perante o globo. Sendo assim, concretamente a alternativa esta incorreta, entretanto, a análise geopolítica da situação não a classificaria como completamente incorreta.

Referências Bibliográficas:

DAGNINO, Evelina; OLIVEIRA, Alberto J., PANFICHI, Aldo (orgs.). A disputa pela construção democrática na América Latina. São Paulo: Paz e Terra; Campinas, SP: Unicamp. 2016.

BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. 5. ed. Brasília: Edunb, 1993.

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