1ª Diferença: Os direitos reais têm como conteúdo relações jurídicas estabelecidas entre pessoas e coisas. Nos direitos pessoais de cunho patrimonial, o conteúdo é a existência de relações jurídicas estabelecidas entre duas ou mais pessoas, sendo o conteúdo imediato a prestação. Nos direitos reais, há apenas um sujeito ativo determinado, sendo sujeito passivo toda a coletividade (ideia de sujeito passivo universal, desenvolvido, entre outros, por Orlando Gomes). Nos direitos pessoais, há, em regra, um sujeito ativo, que tem um direito (credor); e um sujeito passivo, que tem um dever obrigacional (devedor).
2.ª Diferença: Refere-se ao primeiro princípio regulamentador. Os direitos reais sofrem a incidência fundamental do princípio da publicidade, diante da importância da tradição e do registro; os direitos pessoais patrimoniais são influenciados pelo princípio da autonomia privada, de onde surgem os contratos e as obrigações. Todavia, conforme aduzido, cresce a importância da autonomia privada para o Direito das Coisas, particularmente pela tendência de contratualização do Direito Privado.
3. ª Diferença: Os direitos reais têm eficácia erga omnes, contra todos (princípio do absolutismo). Por outra via, costuma-se afirmar que os direitos pessoais patrimoniais, caso dos contratos, têm efeitos inter partes, o que é consagração princípio da relatividade dos efeitos contratuais.
4.ª Diferença: Enquanto nos direitos reais, o rol é taxativo (art. 1 .225 do CC), de acordo com o entendimento ainda majoritário de aplicação do princípio da tipicidade; nos direitos pessoais patrimoniais, o rol é exemplificativo, o que pode ser retirado do art. 425 do CC, pela licitude de criação de contratos atípicos. Todavia, conforme ressaltado, parte da doutrina contemporânea entende que o rol dos direitos reais é exemplificativo e não mais taxativo.
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.
5.ª Diferença: Os direitos reais geram o direito de sequela, respondendo a coisa, onde quer que ela esteja. Os direitos pessoais geram a responsabilidade patrimonial dos bens do devedor pelo inadimplemento da obrigação (art. 391 do CC).
Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.
6.ª Diferença: Os direitos reais têm caráter permanente; enquanto que os direitos pessoais de cunho patrimonial tem caráter transitório.
DIREITOS REAIS | DIREITOS OBRIGACIONAIS |
Absoluto: tem eficácia erga omnes | Relativo: tem eficácia inter partes; |
Atributivo: é atribuído domínio sobre a coisa aos titulares | Cooperativo: existe em um conjunto de sujeitos |
Imediato: titular pode agir diretamente sobre a coisa, sem autorização de terceiros; | Mediato: o titular deve agir em face do devedor da prestação e não sobre a coisa diretamente; |
Permanente: tendem à perpetuidade ou grande permanência temporal | Transitório: se extingue com o adimplemento total da obrigação, o que dá ao devedor a reconquista de sua liberdade, temporariamente submetida ao vínculo |
Direito de sequela: possuído pelo titular para apreender o que lhe pertence e tirá-lo do poder de quem o detém; |
Patrimônio do devedor é a garantia: não tem o direito de agir sobre a coisa em si, mas em face do devedor (de seu patrimônio, claro) |
Rol taxativo / Numerus clausus: rol totalmente expresso em lei | Rol exemplificativo / Numerus apertus: apenas algumas possibilidades previstas em lei |
Tem como objeto a própria coisa | O objeto é a prestação, e não uma coisa em si. |
FONTE: CURSO DE DIREITO CIVIL: NELSON ROSENVALD E CRISTIANO CHAVES DE FARIAS (2018) |
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