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Exercitando - Direito Constitucional - Ordem Econômica e Financeira

Quais as formas de intervenção do Estado no domínio econômico? Quais as finalidades desta atuação e seus limites?

💡 2 Respostas

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Letícia Mignoni

Formas de legitimação de atuação do estado no domínio econômico

Ana Carolina Pinto Caram Guimarães

 
  
     
 

Resumo: A atuação do Estado no domínio econômico assume papel fundamental para a construção de um Estado Democrático de Direito, sobretudo a partir da estruturação de valores sociais que findam por determinar a necessidade de intervenção do Estado. Entretanto, a própria sociedade, em alguns momentos, ainda atrelada aos ditames liberais, entende como abusiva tal intervenção. Certa ou errada a intervenção estatal, fato o é que ela existe e ocorre, na maior parte das vezes, de forma legítima. Resta então identificar quais são as formas, os fatores que legitimam  e os limites da atuação do estado no domínio econômico. Em se tratando de ato do Estado não poderia deixar de estar substanciado pela lei, mas também é certo que tal legitimação se configura pela sobreposição de princípios, sejam eles legais ou não, como o princípio da subsidiariedade.  

A INTERVENÇÃO ESTATAL E O DIREITO

Com a nova concepção estrutural, ideológica e legal, o Estado passa a exercer uma política de atuação interventiva no Domínio econômico. Esse Estado de Direito  Social e Democrático vem apresentar uma legislação consolidada com um novo papel agregador de modo a garantir o exercício do direito de participação popular bem como uma integração social de interesses individuais e sociais, nesse sentido José Alfredo Baracho:

“As mutações estruturais e qualitativas da sociedade contemporânea conduzem a questionamentos sobre o conceito de “pluralismo”.O pluralismo não é apenas uma maneira nova de afirmar a liberdade de opinião ou de crença. É um sistema que vincula a liberdade na estrutura social não objetiva desvincular o individuo da sociedade. O pluralismo conduz ao reconhecimento da necessidade de um processo de equilíbrio entre as múltiplas tensões na ordem social. O Estado pode chamar a si a tarefa de promover a decisão, assumindo, inclusive, a legitimidade do conflito. O poder do Estado não deve estar assentado em base unitária e homogênea, mas no equilíbrio plural das forças que compõem a sociedade, muitas vezes, elas próprias rivais e cúmplices.”[1]

E vem complementar Eros Roberto Grau:

“Como todo o Direito está jungido ao social e o econômico não é senão uma parcela dele, a afirmação de que o Direito passa a cumprir um novo papel de integração em todos os setores do econômico, encaminha a conseqüente conclusão de que é um novo papel de integração social que o Direito vem a desempenhar. Esta conclusão, todavia, parece paradoxal, eis que, por um lado, o Direito sempre cumpriu papel de integração social – no sentido de harmonizar, compondo, interesses individuais e sociais -  e, por outro, todo individual é potência do social.”[2]

Porém é de se entender que a sociedade contemporânea arraigada pelos princípios capitalistas, sobretudo pelos ideários de Liberdade, reluta em aceitar de maneira absoluta a legitimidade da intervenção estatal no domínio econômico. Em contrapartida a própria sociedade, fracionada em grupos, muitas vezes desorganizados, finda por clamar indiretamente, por uma intervenção do estado que tenha por finalidade manter o equilíbrio das relações.

Assim, surgem os fatores legitimadores da atuação estatal, alguns deles já positivados e, talvez por isso, mais facilmente aceitos, outros principiológicos e que, apesar de abstratos, exercem papel fundamental ao resguardar ao Estado o poder-dever de intervir. Mas antes de analisarmos os legitimadores dessa atuação Estatal no domínio econômico, imperioso entendermos de que formas o Estado vem a intervir.

2.1. Formas de atuação do Estado no Domínio Econômico

A partir de um conceito lato de “domínio econômico” percebe-se que a intervenção do Estado assume várias facetas, atuando de modo direto ou indireto, podendo figurar como agente participativo ou agente regulador. Eros Roberto Grau vem preceituar precisamente sobre de que forma ocorre esta intervenção:

“Afirmada a adequação do uso do vocábulo intervenção, para referir atuação estatal no campo da atividade econômica em sentido estrito(“domínio econômico”), reafirmo a classificação de que tenho me valido, que distingue três modalidades de intervenção: intervenção por absorção ou participação (a), intervenção por direção (b) e intervenção por indução (c).

No primeiro caso, o Estado intervém no domínio econômico, isto é, no campo da atividade econômica em sentido estrito. Desenvolve ação, então, como agente (sujeito) econômico.

Intervirá, então, por absorção ou participação.

Quando faz por absorção, o Estado assume integralmente o controle dos meios de produção e/ou troca tem determinado setor da atividade econômica em sentido estrito; atua em regime de monopólio.

Quando o faz por participação, o Estado assume o controle de parcela dos meios de produção e/ou troca em determinado setor da atividade econômica em sentido estrito; atua em regime de competição com empresas privadas que permanecem a exercitar suas atividades nesse mesmo setor.

No segundo e no terceiro casos, o Estado intervirá sobre o domínio econômico, isto, sobre o campo da atividade econômica em sentido estrito. Desenvolve ação, então, como regulador dessa atividade.

Intervirá, no caso, por direção ou por indução.

Quando o faz por direção, o Estado exerce pressão sobre a economia, estabelecendo mecanismos e normas de comportamento compulsório para os sujeitos da atividade econômica em sentido estrito.

Quando o faz, por indução, o Estado manipula os instrumentos de intervenção em consonância e na conformidade das leis que regem o funcionamento dos mercados.”[3]

De forma simples entendemos que o Estado assume dois papéis interventivos, o de agente atuante, investidor, desenvolvendo ação, sendo sujeito de relações e outro de Estado polícia, intervindo de forma supra relacional, criando normas, fiscalizando e punindo abusos, sendo promovedor do equilíbrio.

 

http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12975&revista_caderno=27

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Gabriela Gattulli

Conforme os artigos 170 e diantes da Constituição Federal: 

“Art. 170 A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

I - soberania nacional;

II - propriedade privada;

III - função social da propriedade;

IV - livre concorrência;

V - defesa do consumidor;

VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;

VII - redução das desigualdades regionais e sociais;

VIII - busca do pleno emprego;

IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.”

Ainda, o artigo 173 da CF versa explicitamente sobre a atuação do Estado, ao mesmo tempo legitimando e limitando tal poder de intervenção, sendo que a intervenção direta só é cabível quando da necessidade da busca pela segurança nacional ou quando houver interesse coletivo.

“Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.”

O artigo 174 da CF discorre sobre a intervenção indireta do Estado no Domínio Econômico:

“Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.”

A segurança nacional que vem expressa no artigo 173 da CF refere-se às atividades que envolvem risco à defesa nacional, à soberania e a integridade do Estado. Eros Grau, da mesma forma, expõe em sua obra:

“Segurança nacional é, no contexto da Constituição de 1988, conceito inteiramente distinto daquele consignado na Emenda Constitucional n/69. Cuida-se, agora, de segurança atinente à defesa nacional, que, não obstante, não há de conduzir, impositivamente, sempre, à exploração direta, pelo Estado, da atividade econômica em sentido estrito...”

Ainda, há legislação infraconstitucional que regula o tema, sendo estas as leis que regulamentam a atuação de particulares do domínio econômico, como forma de intervenção estatal, através da delegação dos poderes do Poder Público às Agências Reguladoras responsáveis por tal.

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