Normas constitucionais não auto-executáveis são aquelas que não podem ser imediatamente aplicadas, a partir da entrada em vigor da Constituição, porque necessitam de regra jurídica infraconstitucional posterior, que estabeleça a forma e as condições de aplicabilidade da norma.
a) Normas constitucionais de eficácia limitada - dependem de lei posterior seja para a melhor definição da matéria que tratam, seja para detalhar a sua aplicabilidade. A própria Const. nos remete à legislação reguladora. Vide art. 7º, incs. XIX (licença paternidade), XX (proteção do mercado de trabalho da mulher) e XXI (aviso prévio), art. 192, § 3º (taxa de juros reais), art. 5º, inc. XXXII (defesa do consumidor); “caput” do art. 5o – direito à vida ou à propriedade – como operacionalizar estes direitos ? Como garanti-los ? – complementação: CP, art. 121, 155, 157, 524 do CC – disciplina a propriedade).
b) Normas programáticas - indicam planos ou programas de atuação governamental. Exigem não somente lei ordinária de complementação ou regulamentação como também medidas administrativas para que possam tornar-se efetivas. Ex.: normas que reconhece um direito à habitação, a política de desenvolvimento urbano (art. 182), o direito de todos à educação (art. 205) e à cultura (art. 215), à saúde (art. 196), ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225), salário mínimo capaz de atender as necessidades básicas (art. 7o, inc. IV)
As denominações: norma constitucional auto-executável ou não auto-executável têm origem na doutrina clássica norte-americana.
As normas constitucionais denominadas auto-executáveis ou auto-aplicáveis, seriam aquelas com aplicabilidade imediata e integral. Como bem exprime Rui Barbosa, introduzindo tal concepção entre nós : “ Executáveis por si mesmas, ou auto-executáveis, se nos permitem uma expressão, que traduza num só vocábulo o inglês self executing, são, portanto, as determinações para executar as quais, não se haja mister de constituir ou designar uma autoridade, nem criar ou indicar um processo especial, e aquelas onde o direito instituído se ache armado por si mesmo, pela sua própria natureza, dos seus meios de execução e preservação. Mas nem todas as disposições constitucionais são auto-aplicáveis. As mais delas, pelo contrário, não o são.”
As normas constitucionais não auto-executáveis ou não auto-aplicáveis, seriam aquelas com natureza recomendativa, onde não podiam ser aplicadas imediatamente, senão depois de regulamentadas pelo legislador infraconstitucional. Também em Pontes de Miranda encontramos relatos da dicotomia clássica : “ Quando uma regra se basta, por si mesma, para sua incidência, diz-se bastante em si, self executing, self acting, self enforcing. Quando, porém, precisam as regras jurídicas de regulamentação, porque, sem a criação de novas regras jurídicas, que as completem ou suplementem, não poderiam incidir e, pois, ser aplicadas, dizem-se não-bastante em si.“
Com o aprimoramento dos estudos sobre o tema, foram se constatando as deficiências da doutrina clássica, que antes seguia esquemas dualistas de classificação, e por conseguinte, passou-se a aderir a esquemas classificatórios de tripartição normativa, elaborados pelos adeptos da doutrina contemporânea.
De conformidade com a classificação atribuída pelo professor José Afonso da Silva, as normas constitucionais são classificadas sob o critério de eficácia e aplicabilidade, da seguinte forma :
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