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O critério de aplicação da lei tributária em que prevalece a lei mais nova editada sobre um determinado tema denomina-se critério:

💡 2 Respostas

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Brunno Miranda

 

Pela Constituição, a lei tributária, quando institui ou aumenta um tributo, não pode iluminar o passado. Os fatos passados não podem ser atingidos pela nova lei. É um princípio de segurança jurídica, porque, se não houvesse e o Estado aumentasse tributo com efeito retroativo, teríamos que pagar diferenças tributárias. Ao aumentar o ICMS, a mercadoria que vendi no ano passado não estaria protegida por este “fato consumado”. A Constituição determinou que a lei que institui ou majora tributo não pode retroagir. E também por causa inciso XXXVI do art. 5º:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

[...]

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

Como temos um Sistema Tributário Nacional, a Constituição preferiu pinçar isso e delinear a regra no título da tributação. É um princípio universal de proteção ao contribuinte. A lei nova não retroagirá.

Mas não é só isso. É que, na verdade, nosso Código Tributário Nacional permite sim que a lei retroaja. Só que, neste caso, temos que interpretar o como, o quando e sob que condições a lei nova pode retroagir no aspecto tributário. Nisso temos que ver o art. 106 do nosso CTN:

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;

II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:

a) quando deixe de defini-lo como infração;

b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;

c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.

O Código Tributário Nacional saca a norma de sua manga e diz que em determinadas condições a lei pode sim retroagir. O problema é que isso leva a imaginar que a Constituição não vale nada, ou o Código é inconstitucional. Duas hipóteses: quando a lei nova for mais benéfica, ou quando for meramente interpretativa. Aprendemos isso no Direito Penal, em que existe a retroatividade de lei melhor ao réu. No Direito Tributário acontece algo parecido, guardadas devidas proporções.

O que é uma lei interpretativa? Deveria ser um conceito bem assentado à vista da Teoria Geral do Direito, lá do início do curso. Segundo doutrinadores, a interpretação das normas pode ser feita em nível doutrinário, pelos estudiosos, pareceristas, para dizer qual seria o alcance da norma em seu ponto de vista. Em Direito Tributário temos grandes pareceristas, como Ives Gandra Martins e Hugo de Brito Machado. Quando lemos a doutrina, compramos um livro para saber o que diz uma pessoa que, em tese, estudou mais que nós. Interpretação jurisprudencial: o método efetivo, porque visa a um fim prático. A doutrina e o parecer não vinculam; mas a jurisprudência sim, faz algo julgado, e é a interpretação mais usual. O que o STF acha pode não ser o que o doutrinador acha.

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ricardo moreno

Da especialidade
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