o que é reabilitaçao da memória em Processo Penal?

A reabilitação criminal é uma ação, desconhecida pelo senso comum, que visa assegurar ao condenado que já cumpriu pena o sigilo dos dados referentes à sua condenação. Resguardando assim, seus direitos à igualdade e à intimidade. Tal instituto visa que a reinserção na sociedade seja de forma digna, ausente de preconceitos e constrangimentos, possibilitando que a vida em sociedade reinicie com possibilidades reais, dentre outras, de emprego e de integração. Para que isto ocorra, devem ser resguardados em sigilo, dados sobre a condenação do indivíduo.

A reabilitação da memória faz parte da revisão criminal no Processo Penal e está prevista na parte final do artigo 623 do Código de Processo Penal que dispõe: Art. 623.  A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, "no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão" (grifo nosso). Diante disso, após a morte do condenado é possível  a família do réu postular a revisão criminal para demonstrar que a aquela pessoa que já morreu era inocente reabilitando assim sua memória perante a sociedade. 

A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é assente nesse sentido:

- 1.HABEAS CORPUS. ESTE REMÉDIO JUDICIAL TEM POR ESCOPO FAZER CESSAR OU EVITAR CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 2.TENDO FALECIDO O PACIENTE, FICA EXTINTA A PUNIBILIDADE (CÓDIGO PENAL, ART-108, I). 3.PARA CORRIGIR POSSIVEL INJUSTIÇA NA CONDENAÇÃO, CABE REVISÃO CRIMINAL, SE, NO INTERESSE DA FAMILIA, SE PRETENDE A REABILITAÇÃO DA MEMÓRIA DO CONDENADO. 4.HABEAS CORPUS PREJUDICADO.

(HC 61680, Relator(a):  Min. ALFREDO BUZAID, Primeira Turma, julgado em 12/06/1984, DJ 29-06-1984 PP-00742 EMENT VOL-01342-02 PP-00322 RTJ VOL-00111-02 PP-00612)

A MORTE DA PESSOA CONDENADA NÃO EXTINGUE O DIREITO A REVISÃO, E, PORTANTO, NÃO PREJUDICA O PROCESSO EM QUE TAL DIREITO HAJA SIDO POSTULADO, PORQUE, COMO EXPRESSA O ART. 626 DO CPP, A REVISÃO PODE ENSEJAR ABSOLVIÇÃO DO RÉU, E ESTA IMPORTA NA REABILITAÇÃO DA SUA MEMORIA. DILIGENCIA.

(RE 72750, Relator(a):  Min. ANTONIO NEDER, Segunda Turma, julgado em 08/05/1972, DJ 16-06-1972 PP-03902 EMENT VOL-00878-01 PP-00383)